Le Cocq e Cara de Cavalo: iconofilia, iconoclastia e disputas de memória

Autores/as

  • Mariana Dias Antonio

DOI:

https://doi.org/10.14393/artc-v27-n50-2025-80246

Palabras clave:

Milton Le Cocq, Cara de Cavalo, nichos de memória

Resumen

As histórias de vida e morte do detetive Milton Le Cocq D’Oliveira e do bandido Manoel Moreira, vulgo Cara de Cavalo, são algumas das narrativas mais conhecidas da crônica policial carioca do século XX. A condição cambiável de protagonista-antagonista desses personagens em diferentes discursos, que se formulam e reformulam desde a década de 1960, resultou na proliferação de narrativas e memórias diferencialmente enquadradas que circulam e se replicam a partir de variados meios e públicos. Neste trabalho, apresentamos certas histórias sobre Le Cocq e Manoel Moreira. Com base nelas, demonstramos como diferentes enquadramentos de memórias sobre suas trajetórias entram em disputa e colisão, criando uma espécie de fluxo ou circulação de gestos iconofílicos e iconoclásticos opostos e recíprocos, conforme estruturas narrativas que posicionam os personagens em polos antagônicos. Isso também serve à diferenciação de grupos sociais e ao estabelecimento de nichos de memória e artefatos culturais.

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Biografía del autor/a

  • Mariana Dias Antonio

    Doutora em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professora de História do Brasil República no curso de especialização em História Contemporânea e Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Autora do livro Disparos na cena do crime: o Esquadrão da Morte sob as lentes do Última Hora carioca (1968-1969). São Paulo: Intermeios, 2019. 

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Publicado

2025-06-30

Número

Sección

Artículos

Cómo citar

Le Cocq e Cara de Cavalo: iconofilia, iconoclastia e disputas de memória. (2025). ArtCultura, 27(50), 279-300. https://doi.org/10.14393/artc-v27-n50-2025-80246