Decolonialidade e o giro ético-político: relação entre cultura popular e branquitude na música da Belle Époque de Fortaleza

Autores/as

  • Ana Luiza Rios Martins

DOI:

https://doi.org/10.14393/pyg7ey23

Palabras clave:

cultura popular, música cearense, branquitude

Resumen

Neste artigo me concentro em debater questões mais conceituais como cultura popular e branquitude na frequentemente chamada Belle Époque cearense, fim do século XIX e início do século XX. Os meus argumentos são fruto do desdobramento das minhas pesquisas de mestrado e de doutorado sobre a relação entre cultura popular e música cearense. Os documentos analisados são músicas registradas em partituras e discos de 78 rpm, do acervo de Miguel Ângelo de Azevedo, um dos maiores colecionadores de discos de cera do país, além de correspondências, livros de música e periódicos. Reflito sobre esses problemas com base nos estudos decoloniais, um campo amplo, e em autores herdeiros de distintas tradições teóricas, mas que apresentam em comum perspectivas epistemológicas dissidentes sobre os impactos historicamente causados pelo capitalismo em sua associação com o colonialismo.

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Biografía del autor/a

  • Ana Luiza Rios Martins

    Doutora em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professora de graduação em História da Universidade Aberta do Brasil-Universidade Estadual do Ceará (UAB-Uece). Autora do livro Entre o piano e o violão: a modinha e os dilemas da cultura popular (1888-1920). São Paulo: Alameda, 2016. 

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Publicado

2024-12-31

Número

Sección

Artículos

Cómo citar

Decolonialidade e o giro ético-político: relação entre cultura popular e branquitude na música da Belle Époque de Fortaleza. (2024). ArtCultura, 26(49), 121-142. https://doi.org/10.14393/pyg7ey23