Decolonialidade e o giro ético-político: relação entre cultura popular e branquitude na música da Belle Époque de Fortaleza
DOI:
https://doi.org/10.14393/pyg7ey23Palabras clave:
cultura popular, música cearense, branquitudeResumen
Neste artigo me concentro em debater questões mais conceituais como cultura popular e branquitude na frequentemente chamada Belle Époque cearense, fim do século XIX e início do século XX. Os meus argumentos são fruto do desdobramento das minhas pesquisas de mestrado e de doutorado sobre a relação entre cultura popular e música cearense. Os documentos analisados são músicas registradas em partituras e discos de 78 rpm, do acervo de Miguel Ângelo de Azevedo, um dos maiores colecionadores de discos de cera do país, além de correspondências, livros de música e periódicos. Reflito sobre esses problemas com base nos estudos decoloniais, um campo amplo, e em autores herdeiros de distintas tradições teóricas, mas que apresentam em comum perspectivas epistemológicas dissidentes sobre os impactos historicamente causados pelo capitalismo em sua associação com o colonialismo.
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