VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, GÊNERO E SAÚDE: CONTEXTO GEOGRÁFICO DE MULHERES QUE VIVEM COM HIV/AIDS EM PRESIDENTE PRUDENTE – SP, BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.14393/Hygeia78317Palavras-chave:
Geografia da Saúde, Geografias Feministas, Mulheres, ViolênciaResumo
O objetivo central deste manuscrito foi compreender como a violência doméstica, presente no contexto geográfico (Espaço-tempo, Conteúdo, Agência), impactou a vida de mulheres vivendo com HIV/AIDS em Presidente Prudente, São Paulo, Brasil. Destarte, nos debruçamos sobre os cursos de vida de 6 mulheres, especificamente, as trajetórias após o diagnóstico do HIV/AIDS. Para isso, tomamos como base as discussões teórico-metodológicas dedicadas a pesquisa qualitativa implementando articulação entre a História de Vida e Observação Participante para a construção das informações, como também a interação entre a Análise do Discurso (AD) e a Teoria Fundamentada (TF) com finalidades de análise. As narrativas das mulheres trazem à tona os múltiplos entrelaçamentos que se reverberam em escalas, tempos e espaços fluídos e conectados com a dimensão da vida, sobretudo quando pautado a presença de violências de diferentes ordens. Destarte, ficou evidenciado que a violência doméstica, enquanto ponto de inflexão, gerou impactos contundentes sobre a saúde e a vida dessas mulheres. Logo, entendemos que a realidade em tela carece de leituras geográficas comprometidas com a implementação de ações que proporcionem a transformação social em relação a garantia de direitos, bem como ao combate às violências e vulnerabilidades destacadas.
Downloads
Referências
ALVES, N. C.; PEDROSO, M. F.; GUIMARÃES, R. B. Corpos que falam: interpretações geográficas entre saúde, gênero e espaço. Caderno Prudentino de Geografia, v. 41, n. 3, p. 9-24, 2019.
BAYLINA, M. Metodologia cualitativa y estudios de Geografia y género. Documents d’ Anàlisi Geogràfica, v. 30, p. 123-138, 1997.
BRANDÃO, A. M. Entre a vida vivida e a vida contada: A história de vida como material primário de investigação sociológica. Configurações, Braga - Portugal, n. 3, p. 83-106, 2007.
BRASIL. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/ondh/painel-de-dados/2025. Acesso em: 05 set. 2025.
BUTLER, J. Cuerpos que inportan: sobre los limites materiales y discursos del “sexo”. 1° ed. Buenos Aires – Argentina, Paidós, 2002, 352 p.
BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Trad. AGUIAR, R. 8° ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015, 287 p.
CANTERO, D. S. M. Teoría fundamentada y Atlas.ti: recursos metodológicos para la investigación educativa. Revista Electrónica de Investigación Educativa, v.16, n. 1, p. 104-122, 2014.
CECCON, R. F. Vidas nuas: mulheres com HIV/AIDS em situação de violência de gênero. [Tese de Doutoramento, Universidade Federal do Rio Grande do Sul]. Repositório Institucional UFRGS, 2016.
CONNELL, R. W.; MESSERSCHMIDT, J. W. Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Estudos Feministas, v. 21, n. 1, p. 241-282, 2013. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2013000100014
DAHLBERG, L. L;. KRUG, E. G. Violência: um problema global de saúde pública. Ciência & Saúde Coletiva, n. 11, p. 1163-1178, 2006. https://doi.org/10.1590/S1413-81232006000500007
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Trad. MACHADO, R. Rio de Janeiro: Graal, 1979, 295 p.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Trad. RAMALHETE, R. Petrópolis-RJ: Vozes, 1991, 277 p.
GARCÍA-RAMON, M. D. Género, espacio y entorno: ihacia una renovacion conceptual de la geografia? Una introduccion. Rev. Documents D' Anàlisi Geogràfica, v. 14, p. 7-13, 1989.
GONTAREK, D. D. Honra, paixão e sangue: a constituição relacional do espaço doméstico e masculinidades violentas envolvidas em violência doméstica na cidade de Ponta Grossa, Paraná. [Dissertação de Mestrado em Gestão do Território Universidade Estadual de Ponta Grossa], Repositório Institucional UEPG 2020.
GONTAREK, D. D.; SILVA, J. M. Violência doméstica e masculinidades: uma análise geográfica. Revista Latino-Americana de Geografia e Gênero, v. 11, n. 2, p. 188-207, 2020. https://doi.org/10.5212//Rlagg.v.11.i2.0009
GUIMARÃES, R. B.; PEDROSO, M. F.; SILVA, K. V. C.; ALVES, N. C. Contexto geográfico e corpo: outras possibilidades de des(construção) das normas de saúde e gênero. In: SILVA, J. M.; ORNAT, M. J.; CHIMIN JUNIOR, A. B. (Orgs.), Corpos e Geografia: expressões de espaços encarnados. Ponta Grossa: Todapalavra, 2023, p. 434-455.
KARSTEN, L.; MEERTENS, D. La Geografia del género: sobre visibilidad, identidad y relaciones de poder. Documents D’ Ànalisi Geogràfica, n. 20, p. 181-193, 1992.
KRONBAUER, J. F. D.; MENEGHEL, S. N. Perfil da violência de gênero perpetrada por companheiro. Rev. Saúde Pública, v. 39, n. 5, p. 695-701, 2005. https://doi.org/10.1590/S0034-89102005000500001
LAN, Diana. Violencia de género, circuitos espaciales y micromachismos. In: SILVA, Joseli Maria; ORNAT, Marcio José; CHIMIN JUNIOR, Alides Baptista (Org.). Diálogos ibero-latino-americanos sobre Geografias feministas e das sexualidades. Ponta Grossa: Todapalavra, 2017. p.177-189.
LEWIS, R. B. ATLAS/ti and NUD-IST: a comparative review of two leading qualitative data analysis packages. Cultural Anthropology Methods, Thousand Oaks – Califórnia, v. 10, n. 3, p. 41-47, 1998.
MAINGUENEAU, D. Novas tendências em análise do discurso. Universidade Estadual de Campinas, 1997.
MAINGUENEAU, Dominique. Análise de discurso: a questão dos fundamentos. Cad. Est. Ling., v. 19, p. 65-74, 1990.
MAY, T. Observação participante: perspectivas e prática. In: MAY, T. Pesquisa social: questões, métodos e processos. Porto Alegre: Artmed, 2004, p. 173-203.
McDOWELL, L. Beyond patriarchy: a class-based explanation of women’s subordination. Antipode, v. 18, n. 3, p. 311-321, 1986. https://doi.org/10.1111/j.1467-8330.1986.tb00370.x
McDOWELL, Linda. Men, management and multiple masculinities in organisations. Geoforum, v. 32, n. 2, p. 181 198, 2001. https://doi.org/10.1016/S0016-7185(00)00024-5
MIGUEL, L. F.; BIROLI, F. Feminismo e política: uma introdução. São Paulo: Boitempo, 2014.
MINAYO, M. C. S. Violência e saúde. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2006.
PEDROSO, M. F. Corporeidades e metodologia de pesquisa geográfica: reflexões feministas. Revista Latino Americana de Geografia e Gênero, v. 15, n. 1, p. 152 166, 2024a. https://doi.org/10.5212/Rlagg.v.15.i1.0009
PEDROSO, M. F. Flores e dores, vozes e vidas: contexto geográfico de mulheres e suas experiências interseccionais em Presidente Prudente, SP. [Tese de Doutoramento em Geografia, Universidade Estadual Paulista]. Repositório Institucional UNESP, 2022.
PEDROSO, M. F. Uma Geografia do que acontece: intersecções da vida de mulheres à luz do contexto geográfico. Finisterra, v. 59, n. 125, p. 1-13, 2024b. https://doi.org/10.18055/Finis31298
PEDROSO, M. F.; GUIMARÃES, R.; B; CAU, M. B. Contexto geográfico e HIV/SIDA: múltiplos olhares de saúde sobre as mulheres moçambicanas. Revista Saúde & Sociedade, v. 33, n. 3, p. 1-14, 2024. https://doi.org/10.1590/S0104-12902024230297pt
PEDROSO, M. F.; SIMON, C. R.; GUIMARÃES, R. B. A ruptura do silêncio na luta contra a violência: a geografia que acontece na vida das mulheres no Brasil e na Argentina. In: COSTA, E. M., & LOURO, A. (Orgs.). Desigualdades em saúde, desigualdades no território: desafios para os países de língua portuguesa em contexto de pós pandemia. Lisboa: Centro de Estudos Geográficos, 2022.
QUEIROZ, M. I. P. Relatos Orais: do indizível ao dizível. In O. M. SIMON (Org.), Experimentos com histórias de vida: Itália-Brasil. São Paulo: Vértice, 1988, p. 14-43.
ROCHA, L. F. A eficácia social e a responsabilização criminal do agressor em tempos de Lei ‘Maria da Penha’. In: MATTIOLI, O. C.; ARAÚJO, M. F.; RESENDE, V. R. Violência e relações de gênero: o desafio das práticas institucionais. Curitiba: Editora CRV, 2013, p. 11-21.
ROSE, G. Feminism & Geography. The limits of Geographical Knowledge. Cambridge: Polity Press, 1993.
SAFFIOTI, H. I. B. O poder do macho. São Paulo: Moderna, 1987, 120 p.
SILVA, J. M.; ORNAT, M.; CHIMIN JUNIOR, A. B. Apresentação - Espaço, Gênero e Masculinidades Plurais. In: SILVA, J. M.; ORNAT, M. J.; CHIMIN JUNIOR, A. B. (Org.). Espaço, Gênero e Masculinidades Plurais. 1ed.Ponta Grossa: Editora TodaPalavra, 2011, v. 1, p. 15-20.
SIMON, C. R. Rompendo o silêncio e o anonimato: feminicídio como fenômeno geográfico. [Tese de Doutoramento em Geografia, Universidade Estadual Paulista]. Repositório Institucional UNESP, 2023.
STRAUSS, A.; CORBIN J. Pesquisa qualitativa: técnicas e procedimentos para o desenvolvimento de teoria fundamentada. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
TUZZO, S. A; BRAGA, C. F. O processo de triangulação da pesquisa qualitativa: o meta-fenômeno como gênese. Rev. Pesquisa Qualitativa, v. 4, n.5, p. 140-158, 2016.
YOUNG, I. M. Throwing like a girl: a phenomenology of feminine body comportment motility and spatiality. Human Studies, n. 3, p. 137-156, 1980. https://doi.org/10.1007/BF02331805




