ANÁLISE DOS GASTOS PRIVADOS COM MEDICAMENTOS DURANTE A PANDEMIA POR COVID-19 EM UM MUNICÍPIO DO ESPÍRITO SANTO, BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.14393/Hygeia2072328Palavras-chave:
Acesso a medicamentos, Gastos em saúde, Epidemiologia, Inquéritos Epidemiológicos, Política PúblicaResumo
Os medicamentos desempenham um papel crucial na promoção da saúde, tanto na prevenção quanto no tratamento de doenças. No contexto brasileiro, a avaliação do acesso a esses medicamentos abrange desde a disponibilidade no Sistema Único de Saúde até os desembolsos diretos e o seu impacto na renda familiar. Com o objetivo de analisar as despesas com medicamentos durante a pandemia por Covid-19, fizemos um inquérito de saúde com os residentes do município de Alegre, Espírito Santo. Foram entrevistados 697 indivíduos. Cerca de 70,3% dos entrevistados relataram ter gastos diretos do próprio bolso (gastos privados) com medicamentos no último mês. Verificou-se que o valor médio mensal gasto com medicamentos foi de R$ 150,59, correspondendo à 12,4% do salário-mínimo à época. Fatores como aumento da idade, maior renda, usar múltiplos medicamentos, ter passado por consultas odontológicas, ter utilizado serviços médicos privados ou filantrópicos, estar acamado e não se automedicar estavam relacionados a maiores gastos privados com medicamentos. A análise do acesso e dos gastos com medicamentos é fundamental para garantir a equidade no cuidado de saúde, o que permite identificar barreiras financeiras que possam impedir o acesso a tratamentos essenciais, impactando diretamente na adesão e eficácia terapêutica.
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