ANÁLISE ESPACIAL DOS CASOS DE DOENÇA FALCIFORME NA REGIÃO DE SAÚDE METROPOLITANA 1 NO RIO DE JANEIRO, BRASIL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/Hygeia2071878

Palavras-chave:

Doença Falciforme, Sistema de Informações Geográficas, Saúde Pública

Resumo

A Doença Falciforme (DF) é um problema de saúde pública global de alta morbimortalidade. No Brasil, a DF ocorre nos estados onde a população negra é majoritária, como é o caso do Rio de Janeiro (RJ). No entanto, a ocorrência dos casos de DF no RJ segundo raça-cor, municípios, bem como, essa relação com a rede assistencial à saúde é desconhecida. O uso de dados geoinformacionais possibilita realizar análises espaciais que ajudam a compreender a complexidade de problemas de saúde com a finalidade de apoiar a tomada de decisão. Este estudo identificou a ocorrência de casos de DF na região de saúde metropolitana 1 (RM1) por base populacional segundo autodeclaração de raça-cor, município de residência e distribuição das unidades assistenciais de saúde, mapeando-os por meio de análise geoespacial. Os casos com DF foram obtidos da base cadastral da secretaria de estado de saúde do do Rio de Janeiro, e as estimativas consideraram a base populacional e a autodeclaração de raça-cor por 100.000 habitantes segundo o IBGE 2010 e as diferentes tipificações para as unidades assistenciais de saúde segundo DATASUS. Os mapas e gráficos mostraram distribuição heterogênea dos casos de DF no estado do Rio de Janeiro, diretamente proporcional à presença de população negra, residente em favelas. Há uma rede assistencial com diferentes níveis de atenção à saúde nos territórios. A análise espacial da ocorrência dos casos de DF mostrou sua utilidade como ferramenta para compreensão da distribuição dos casos de DF na RM1 e subsidia a tomada de decisão.

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Biografia do Autor

Clara Costa Paolino, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Géografa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Carla Bernadete Madureira Cruz, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Engenheira Cartógrafa (UERJ), Mestre em Sistemas e Computação (IME-RJ), Doutora em Geografia (UFRJ). Especialista em Sensoriamento Remoto, Geoprocessamento e Cartografia, com linhas de pesquisa voltadas ao desenvolvimento de métodos para classificação digital de diferentes ecossistemas. Profa. Titular do Departamento de Geografia da UFRJ e coordenadora do Laboratório ESPAÇO de Sensoriamento Remoto e Estudos Ambientais. Pesquisadora Nível 2 do CNPq e Cientista do Nosso Estado pela FAPERJ. Coordenadora dos Projetos PROBIO Mata Atlântica (2006) e Olho no Verde da SEA-RJ (2015-2018), que focaram no mapeamento e no monitoramento da cobertura natural em escalas média e alta.

Paula Maria Moura de Almeida, Universidade Federal Fluminense

Professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal Fluminense - UFF e do Programa de Pós Graduação em Geografia da mesma universidade. Oceanógrafa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2007), mestre em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2010) e doutora em Ciências Ambientais. Atualmente é pesquisadora associada do Núcleo de Estudos em Manguezais (NEMA/UERJ) e do Laboratório de Sensoriamento Remoto ESPAÇO (UFRJ).

Felipe Gonçalves Amaral, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutor em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestre em Geografia pela UFRJ na área de Planejamento e Gestão Ambiental, Bacharel em Ciências Matemáticas e da Terra - Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento e Ciências da Terra e Patrimônio Natural e colaborador em projetos de pesquisa no Laboratório Espaço de Sensoriamento Remoto e Estudos Ambientais.

Nandara Simas Frauches, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Géografa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

Márcia Pereira Alves dos Santos, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Graduada em Odontologia (FO-UERJ). Especialista em Dentística Restauradora (FO-UERJ), em Saúde da Família (UNASUS/UERJ/UFMA), em Gestão em Saúde (CEP-UERJ). Habilitada em laserterapia (FO-USP). Mestre e Doutora em Odontologia/Odontopediatria (FO-UFRJ). Alumni of Harvard Medical School (Certificate Program Effective Writing for Health Care), Boston, USA. Docente permanente e pesquisadora no PPgO/MPO - FOUFRJ e da ENSP/Fio Cruz - Rio de Janeiro. Pesquisadora em Avaliação de Políticas, programas e sistemas em Saúde para a população negra - ENSP/FioCruz. Integra o grupo de pesquisa liderado pela Profa Dra Marly Cruz; Estuda e pesquisa os temas: Saúde bucal, Doença Falciforme/Doenças Hematológicas, Iniquidades raciais em saúde, Pessoas com necessidades diferenciadas, Políticas Públicas de Saúde, Políticas de saúde; Acesso; Iniquidades raciais em saúde bucal para bebê, criança, adolescente, adulto e idosos. Membro da SBPqO, da IADR, da ABRASCO ( e do GT Racismo e Saúde - ABRASCO e do GT Saúde Bucal Coletiva) da ABOPERJ, Member of Global Sickle Cell Disease Network and Programme for Global Paediatric Research, do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) da SESRJ. Na gestão, está como coordenadora da Área Técnica para Saúde das Pessoas com Doença Falciforme, na Superintendência de Atenção Primária e Vigilância em Saúde, Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro.

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Publicado

11-10-2024

Como Citar

PAOLINO, C. C.; CRUZ, C. B. M.; ALMEIDA, P. M. M. de; AMARAL, F. G.; FRAUCHES, N. S.; SANTOS, M. P. A. dos. ANÁLISE ESPACIAL DOS CASOS DE DOENÇA FALCIFORME NA REGIÃO DE SAÚDE METROPOLITANA 1 NO RIO DE JANEIRO, BRASIL. Hygeia - Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, Uberlândia, v. 20, p. e2081, 2024. DOI: 10.14393/Hygeia2071878. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/hygeia/article/view/71878. Acesso em: 21 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos