ANÁLISE DOS FATORES METEOROLÓGICOS, SOCIOAMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICOS RELACIONADOS A INCIDÊNCIA DE DENGUE EM JOINVILLE – SC NOS ANOS DE 2020 E 2021
DOI:
https://doi.org/10.14393/Hygeia2071212Palavras-chave:
Dengue, Fatores climáticos, Socioambientais, SocioeconômicosResumo
Em 2022 o Brasil bateu recorde no número de casos e mortes por dengue, chegando a 987 óbitos, e o estado de Santa Catarina está entre os mais preocupantes do país, sendo Joinville a cidade com o maior número de casos registrados na região. O objetivo do presente estudo foi identificar fatores climáticos, socioambientais e socioeconômicos que levaram ao aumento dos focos de dengue nos diferentes bairros de Joinville, nos anos de 2020 a 2021, período inicial da epidemia. Foram coletados dados climáticos como precipitação mensal, dias de chuva e temperatura média, a fim de identificar suas correlações e tempos de defasagem com casos e focos de dengue. Outros fatores socioeconômicos e socioambientais foram empregados nas análises de componentes principais (PCA). Os dados sugerem que as altas temperaturas e densidades demográficas são os principais fatores responsáveis pela maior incidência de dengue após o ano de 2020. Bairros com menor cobertura de esgoto e menores rendimentos em salários-mínimos são os mais afetados. A dengue em Joinville, entre 2020 e 2021 afetou principalmente os bairros mais povoados, com baixa cobertura de esgoto, exigindo medidas de controle mais efetivas para o desenvolvimento do mosquito transmissor Aedes aegypti.
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