MENTIRAS COM MAPAS NA GEOGRAFIA DA SAÚDE: MÉTODOS DE CLASSIFICAÇÃO E O CASO DA BASE DE DADOS DE LVA DO SINAN E DO CVE
DOI:
https://doi.org/10.14393/Hygeia132618Resumo
A cartografia pode ser um instrumento valioso ou perigoso em pesquisas e no processo de tomada de decisões. Um mapa pode localizar, informar, monitorar e subsidiar a análise, para citar algumas funções. Contudo, pode também confundir, enganar, dissimular ou desinformar. Ao cartografar, erros e/ou mentiras ocorrem involuntariamente ou intencionalmente. Diante disso, o objetivo deste artigo é debater a mentira com mapas na Geografia da saúde, demonstrando como bases de dados, técnicas e metodologias podem mentir. Foram utilizadas as bases de dados de casos de leishmaniose visceral americana (LVA) no estado de São Paulo, Brasil, do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) e do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica). Estes dados foram georreferenciados e foi aplicado técnicas de análise espacial. Elaboramos mapas diferentes de acordo com a origem dos dados. Também apresentamos três métodos distintos para classificação na produção de mapas coropléticos em séries temporais, demonstrando como o fenômeno aparece de forma diferenciada em cada um deles. Não é nosso objetivo apontar o melhor método, mas destacar as especificidades, vantagens e limitações de cada um, sendo função do pesquisador adequar as necessidades e o processo de mapeamento às características de cada do fenômeno ou problema em estudo. No cartografar, o ato de mentir é, muitas vezes, inevitável. Não obstante, o mapeador precisa estabelecer aproximações melhores possíveis da realidade, o que exige bom senso e compreensão do problema analisado. Propomos uma leitura crítica em que o mapeador deve conhecer o fenômeno de estudo e ter critério científico, cartográfico e estatístico.