O silêncio da antiga Musa

Autores/as

  • Rodrigo Gomes Oliveira Pinto

DOI:

https://doi.org/10.14393/artc-v23-n43-2021-64097

Resumen

O silêncio da antiga Musa é evocado nos versos finais da proposição de Os lusíadas (1572), de Luís de Camões, a fim de que, cessados os cantos que notabilizaram a fama de heróis como Odisseu ou Eneias, possa ser entoado e ouvido um canto de maior valor, que, com “engenho & arte”, louva as façanhas de “barões assinalados”, cujas ações dilataram o império lusitano e a cristandade, nos séculos XV e XVI. O silêncio é conclamação de engrandecimento da matéria camoniana, é locus epidítico que evidencia as práticas compositivas de imitação e de emulação no gênero épico, consoante a autoridade homérica, ao passo que a Musa, filha de Zeus e da Memória, Calíope – posto que presida o gênero em que Camões escreve, mesmo se fosse invocada no poema, e não as fictícias Tágides –, não evoca como nume a verdade de todas as coisas, porque nada anima; ela ornamenta e denota as convenções eruditas de verossimilhança e de adequação da ficção em Os lusíadas, mirando o deleite discreto e a instrução, sempre muito obediente e muito cristã, dos letrados portugueses seiscentistas.

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Biografía del autor/a

Rodrigo Gomes Oliveira Pinto

Mestre e doutor em Letras (Literatura Portuguesa) pela Universidade de São Paulo (USP). Professor do Colégio Santa Cruz, em São Paulo. 

Citas

FELIPE, Cleber Vinicius do Amaral e CHAUVIN, Jean Pierre. Estudos sobre a épica luso-brasileira (séculos XVI-XVIII). São Paulo: Fonte, 2021.

MARX, Karl. Grundrisse. Manuscritos econômicos de 1857-1858. Esboços da crítica da economia política. São Paulo-Rio de Janeiro: Boitempo/Editora UFRJ, 2011.

Publicado

2021-12-24

Cómo citar

Gomes Oliveira Pinto, R. . (2021). O silêncio da antiga Musa. ArtCultura, 23(43), 262–267. https://doi.org/10.14393/artc-v23-n43-2021-64097

Número

Sección

Reseñas