O humor racista midiático: as políticas da dor e do ódio como desenho risível do corpo negro
DOI:
https://doi.org/10.14393/artc-v22-n41-2020-58647Palabras clave:
riso, racismo, emoçõesResumen
Proponho neste artigo analisar o humor racista midiático para tensionar os sentidos atribuídos à palavra “brincadeira” como algo sem intenção ofensiva quando associada à comicidade. Interessa-me discutir os desenhos risíveis do corpo negro como encarceramento, situando-o numa determinada posição social, cultural e política. Desenvolverei esse argumento relacionando três perspectivas: a comicidade racista, as disputas de sentido do riso como brincadeira e como as emoções circulam essa gargalhada, nas figuras da dor e do ódio para desenhar o corpo negro como feio, animal e criminoso
Descargas
Citas
AHMED, Sara. La política cultural de las emociones. México: Unam, 2015.
AHMED, Sara. The cultural politic of emotion. United Kingdom: Edinburgh University Press, 2014.
ALBERTI, Verena. O riso e o risível na história do pensamento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
ARAUJO, Igor. Então vc pode morrer?. @igoraraujojj, 28 nov. 2019. Disponível em <https://twitter.com/igoraraujojj/status/1200002813117583361>. Acesso em 10 fev. 2020.
Atlas da violência 2019. Brasília: Ipea, 2019.
AZEVEDO, Célia Maria Marinho de. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites – século XIX. São Paulo: Annablume, 1987.
BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 1996.
BALTAR, Mariana. Realidade lacrimosa: diálogos entre o universo do documentário e a imaginação melodramática. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – UFF, Niterói, 2007.
BOURDIEU, Pierre. Questões de Sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983.
CAMINHA, Marina. O corpo juvenil televisivo: diálogos entre televisão, juventudes e consumo nas ondas de Armação Ilimitada e TV Pirata. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – UFF, Niterói, 2012.
CASTELO, Eduardo. Eu não sou racista porque racismo é crime. @casteloeduardo, 2 set. 2019. Disponível em <https://twitter.com/casteloeduardo/status/22818170628>. Acesso em 10 dez. 2019.
CELSOEFM. Vou-me pintar de preto, aí teria a certeza que não tinha futuro. @delet-d, 20 out. 2015. Disponível em <https://twitter.com/delete__d/status/656603526798397440>. Acesso em 10 dez. 2019.
COCIELO, Julio. Ignorância. Canal Canalha, 4 jul. 2018. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=gMCVAecsIoI&t=161s>. Disponível em 10 dez. 2019.
COCIELO, Julio. Sobre que tudo que tá rolando. @cocielo, 30 jun. 2018. Disponível em <https://twitter.com/cocielo/status/1013184108896440321>. Acesso em 10 dez. 2019.
EMICIDA. Vidas racistas não importam. @emicida, 27 nov. 2019. Disponível em <https://twitter.com/emicida/status/1199669660721074177>. Acesso em 10 fev. 2020.
FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Democracia genocida. In: FREIXO, Adriano e PINHEIRO-MACHADO, Rosana (orgs.). Brasil em transe: bolsonarismo, nova direita e desdemocratização. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2019.
FONSECA, José Dagoberto. Você conhece aquela?: a piada, o riso e o racismo à brasileira. São Paulo: Selo Negro, 2012.
FORTALEZA, Anderson. Exemplo de pobre que venceu é Silvio Santos. @afortaleza, 28 nov. 2019. Disponível em <https://twitter.com/afortaleza/status/1200035106062295040>. Acesso em 10 fev. 2020.
FREUD, Sigmund. Os chistes e sua relação com o inconsciente. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
GARCIA, Roosevelt. O humor politicamente incorreto dos Trapalhões. 2017. Disponível em <https://vejasp.abril.com.br/blog/memoria/o-humor-politicamente-incorreto-dos-trapalhoes/>. Acesso em 9 out. 2019.
GROSFOGUEL, Ramón. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 80, Coimbra, 2008. Disponível em <https://doi.org/10.4000/rccs.697>. Acesso em 10 maio 2020.
Internautas “resgatam” tuítes racistas de youtuber Cocielo, que os deleta em seguida. O Estado de S. Paulo, 2018. Disponível em <https://emais.estadao.com.br/noticias/gente,internautas-resgatam-tuites-racistas-de-youtuber-cocielo-que-os-deleta-em-seguida-confira,70002380324>. Acesso em 10 dez. 2019.
ISSA, Tatiana e BARRA, Guto. Viver do riso, Rio de Janeiro, Producing Partners/ Canal Viva/Rede Globo, 2018 (entrevista exibida pelo canal Viva e Globoplay).
JR, Madruguinha. Por que caixão de negro só tem duas alças? Porque lixeira não tem 4. @madruguinha_jr., 26 nov. 2019. Disponível em <https://twitter.com/madruguinha_jr/status/6086468288>. Acesso em 10 dez. 2019.
LAPERA, Pedro Vinicius Asterito. Ideário racial na “Belle Époque Tropical”: o caso do cinematographo. Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, n. 6, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em <http://wpro.rio.rj.gov.br/revistaagcrj/wp-content/uploads/2016/11/e06_a16.pdf >. Acesso em 10 out. 2019.
LE GOFF, Jacques. O riso na Idade Média. In: BREMMER, Jan e ROODENBURG, Herman (orgs.). Uma história cultural do humor. Rio de Janeiro: Record, 2000. BERGSON, Henry. O riso: ensaio sobre a significação da comicidade. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
LEITE, Roberson. Decisão essa escrota! Muitos negros chamam brancos de branquelos, desbotados. @amorim_adv, 31 jan. 2020. Disponível em <https://twitter.com/amorim_adv/status/1223285863662149633>. Acesso em 10 fev. 2020.
LIMA, Jessica de. Os racistas morrem, mas os agressores, homicidas, pedófobos, e afins [...]. @jehh_lima, 28 nov. 2019. Disponível em <https://twitter.com/Jehh_lima_/status/1200032291793383426>. Acesso em 10 fev. 2020.
MENDES, Cleise Furtado. A gargalhada de Ulisses: a catarse na comédia. São Paulo: Perspectiva, 2008.
MILA. Inclusive ceis vão nessa festa de preto vão sair tudo sem carteira. @milalopes, 6 out. 2012. Disponível em <https://twitter.com/milalopes_/status/254728510277554176>. Acesso em 10 dez. 2019.
MINOIS, Georges. A história do riso e do escárnio. São Paulo: Editora Unesp, 2003.
MOREIRA, Adilson. Racismo recreativo. São Paulo: Sueli Carneiro/Pólen, 2019.
PETRONE, Talíria. Racismo reverso não existe!. @taliriapetrone, 31 jan. 2020. Disponível em <https://twitter.com/taliriapetrone/status/1223264119370997760>. Acesso em 10 fev. 2020.
PINHEIRO, Joel. O politicamente correto quer regular as piadas. Folha de S. Paulo, 2015. Disponível em <https://m.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/01/1575799-o-politicamente-correto-quer-regular-as-piadas.shtml> . Acesso em 20 out. 2019.
PRIOLI, Jennifer. Ontem o Cocielo lançou 1 vídeo pedindo desculpas. @jennyprioli, 5 jul. 2018. Disponível em <https://twitter.com/jennyprioli/status/1014904395421704192>. Acesso em 10 dez. 2019.
SANTOS, Karla Cristina. Relevância jurídica dos conceitos de significado, referência, contexto e intenção nos casos de injúria qualificada. Revista do Seta, n. 4, Campinas, 2010. Disponível em <http://revistas.iel.unicamp.br/index.php/seta/article/view/943/694>. Acesso em 10 dez. 2019.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
SMUTS, Aaron. The ethics of humor: Can your sense of humor be wrong? Ethical Theory and Moral Practice, v. 3, n. 13, Netherlands, 2010. Disponível em <10.1007/s10677-009-9203-5>. Acesso em 10 out. 2019.
SPORT. Qual a única coisa que brilha em um preto?. @cristofobia, 6 out. 2012. Disponível em <https://twitter.com/cristofobia/status/26586080856>. Acesso em 10 dez. 2019.
Tribunal de Justiça de São Paulo. Processo n. 0104664-15.2012.8.26.0050, Órgão Julgador: 10 Vara Criminal, Juiz: Marcelo Matias Pereira, 24 abr. 2014. Disponível em <https://www.conjur.com.br/dl/gentili-banana-macaco.pdf>. Acesso em 4 abr. 2020.
Tribunal Regional do Estado de Goiás. Processo n. 0003466-46.2019.4.01.3500. Órgão Julgador: 11ª Vara de Goiânia. Juiz: João Moreira Pessoa de Azambuja, 27 jan. 2020. Disponível em <https://www.conjur.com.br/dl/clique-aqui-ler-decisao-racismo-reverso.pdf>. Acesso em 10 fev. 2020.
TV Pesquisa. Disponível em <https://www.tv-pesquisa.com.puc-rio.br/> Acesso em 10 jul. 2020.
VALE, João do. “Pra mim não”. A voz do povo, Philips, 1965.
VINCENT-BUFFAULT, Anne. História das lágrimas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
WEBER, Max. A objetividade do conhecimento nas ciências sociais. In: COHN, Gabriel (org.). Weber: Sociologia. São Paulo: Ática, 1999.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos da licença Creative Commons, adotada a partir da ArtCultura, v. 21, n. 39 (jul.-dez. 2019).
CC BY-NC-ND 4.0: o artigo pode ser copiado e redistribuído em qualquer suporte ou formato. Os créditos devem ser dados ao autor original e mudanças no texto devem ser indicadas. O artigo não pode ser usado para fins comerciais. Caso o artigo seja remixado, transformado ou algo novo for criado a partir dele, ele não pode ser distribuído.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.