Dos terreiros para o jornalismo impresso e televisivo: a religiosidade afro-brasileira nos anos de 1950 e 1960 – caso de polícia, exotismo ou folclore?

Autores

  • Tânia da Costa Garcia

DOI:

https://doi.org/10.14393/artc-v27-n50-2025-80245

Palavras-chave:

umbanda, candomblé, jornalismo impresso e telejornalismo

Resumo

Concebendo os meios de comunicação como produtores de cultura e sua interferência na construção dos imaginários sociais, analisamos, neste artigo, a presença das religiões de matriz africanas como pauta do jornalismo impresso e televisivo do Grupo Diários Associados, filtrada pelos constrangimentos do meio político, social e mercadológico das décadas de 1950 e 1960. Iniciamos com a análise das notícias publicadas pelo Diário da Noite, nos detendo posteriormente nas telerreportagens veiculadas pela TV Tupi, com destaque para os diferentes tratamentos dispensados ao tema, desde sua prévia categorização até a exploração de estereótipos. De acordo com Itania Gomes em “Questões de método em análise do telejornalismo: premissas, conceitos e operadores de análise”, a categorização da notícia, seu enquadramento antecipado em um determinado gênero exerce um poderoso controle sobre a produção de sentidos. Por sua vez, Flávia Biroli, em “Mídia, tipificação e exercício do poder: a reprodução dos estereótipos no discurso jornalístico”, analisa a reprodução de estereótipos pela mídia como recorrente, reafirmando hierarquias sociais, identidades de indivíduos e de grupos.

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Biografia do Autor

  • Tânia da Costa Garcia

    Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Professora dos cursos de graduação e pós-graduação em História da Universidade Estadual Paulista (Unesp-Franca). Autora, entre outros livros, de Do folclore à militância: o cancioneiro latino-americano no século XX. São Paulo: Letra e Voz, 2021. 

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Publicado

30-06-2025

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Dos terreiros para o jornalismo impresso e televisivo: a religiosidade afro-brasileira nos anos de 1950 e 1960 – caso de polícia, exotismo ou folclore?. (2025). ArtCultura, 27(50), 259-278. https://doi.org/10.14393/artc-v27-n50-2025-80245