Olimpíada do Exército, 1972: the show by Elis Regina and the construction of the hegemonic memory critical of the Brazilian military dictatorship

Authors

  • Bruno Duarte Rei

DOI:

https://doi.org/10.14393/artc-v27-n50-2025-80231

Keywords:

Elis Regina, social memory, military dictatorship

Abstract

This article analyzes the erasure of Elis Regina’s participation in the 1972 Olimpíada do Exército during the process of consolidating her image as the interpreter of the “hino da anistia” – namely, the song “O bêbado e a equilibrista”, composed by João Bosco and Aldir Blanc and recorded by Elis in 1979. Based on newspaper and magazine clippings from the Fundo da Comissão Executiva Central do Sesquicentenário (Arquivo Nacional), as well as cartoons published in the alternative weekly O Pasquim, the article aims to demonstrate how this seemingly isolated phenomenon actually reflects a broader movement of social construction of a hegemonic memory critical of the military dictatorship. This process relied on the myth of “resistance” as a unifying element for the opposition and, consequently, as a means of shaping political identities forged during Brazil’s democratic transition.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

  • Bruno Duarte Rei

    Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Pós-doutorando em História na Universidade de São Paulo (USP). Professor do Colégio Pedro II, campus Humaitá I, Rio de Janeiro. Autor, entre outros livros, de Celebrando a pátria amada: esporte, propaganda e consenso nos festejos do Sesquicentenário da Independência do Brasil. Rio de Janeiro: 7Letras, 2020. 

References

<https://bndigital.bn.gov.br/dossies/o-pasquim/>.

<https://documentosrevelados.com.br/documento-confidencial-do-exercito-sobre-elis-regina/>.

A festa olímpica do Exército. Manchete, Rio de Janeiro, 20 maio 1972.

ALMEIDA, Adjovanes Thadeu Silva de. O regime militar em festa. Rio de Janeiro: Apicuri, 2013.

ARAÚJO, Paulo César de. Eu não sou cachorro, não: música popular cafona e ditadura militar. Rio de Janeiro: Record, 2002.

Arquivo Nacional, Fundo da Comissão Executiva Central do Sesquicentenário da Independência do Brasil.

BARROS, José D’Assunção. Sobre o uso dos jornais como fontes históricas – uma síntese metodológica. Revista Portuguesa de História, v. 52, Coimbra, out. 2021.

BÔSCOLI, Ronaldo. Lobo bobo. O lobo gostou de Elis. Última Hora, UhRevista, Rio de Janeiro, 10 abr. 1972.

BÔSCOLI, Ronaldo. Lobo bobo. O lobo gostou. Última Hora, UhRevista, Rio de Janeiro, 13 abr. 1972.

BOURDIEU, Pierre. As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

BRASIL Comissão Nacional da Verdade (CNV). Mortos e desaparecidos políticos: relatório, v. 3. Brasília: CNV, 2014.

Cara a Cara, ano 1, n. 1, Petrópolis, maio 1978.

Cara a Cara, ano 1, n. 2, Petrópolis, jul.-dez. 1978.

CHARTIER, Roger. Introdução. In: CHARTIER, Roger. História cultural: entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1988.

CODATO, Adriano Nervo. Uma história política da transição brasileira: da ditadura militar à democracia. Revista de Sociologia Política, n. 25, Curitiba, nov. 2005.

CORDEIRO, Janaína. Anos de chumbo ou anos de ouro? A memória social sobre o governo Médici. Estudos Históricos, v. 22, n. 43, Rio de Janeiro, jun. 2009.

CORDEIRO, Janaína. A ditadura em tempos de milagre: comemorações, orgulho e consentimento. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2015.

CORRÊA, Larissa Rosa. Disseram que voltei americanizado: relações sindicais Brasil-Estados Unidos na ditadura militar. Campinas: Editora Unicamp, 2017.

ECHEVERRIA, Regina. Furacão Elis. São Paulo: Editora Globo, 1994.

Elis Regina: vida, glória, amargura. Última Hora, UhRevista, Rio de Janeiro, 19 jan. 1976.

FANTINI, Débora Dutra. O nacional-popular na obra de Elis Regina (1961-1974). Dissertação (Mestrado em História) – UFSJ, São João del-Rei, 2011.

FICO, Carlos. Como eles agiam: os subterrâneos da ditadura militar – espionagem e polícia política. Rio de Janeiro: Record, 2001.

GOMES, Paulo César. Os bispos católicos e a ditadura militar brasileira: a visão da espionagem. Rio de Janeiro: Record, 2014.

GRINBERG, Lucia. Partido político ou bode expiatório: um estudo sobre a Aliança Renovadora Nacional (Arena), 1965-1979. Rio de Janeiro: Mauad X, 2009.

HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública: investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.

HALBWACHS, Maurice. Memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.

HENFIL. Cabôco Mamadô – um produto Henfil. O Pasquim, Rio de Janeiro, 25 abr.-1º mai. 1972. Disponível em <https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=124745&pagfis=4627>.

HENFIL. Informe especial. O Pasquim, Rio de Janeiro, 25 abr.-1º maio 1972. Disponível em <https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=124745&pagfis=4643>.

HENFIL. Henfil apresenta com tristeza n’alma Cabôco Mamadô e seu fantástico cemitério dos mortos-vivos. O Pasquim, Rio de Janeiro, 2-8 mai. 1972. Disponível em <https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=124745&pagfis=4647>.

JAGUAR. Picadinho. O Pasquim, Rio de Janeiro, 18-24 abr. 1972. Disponível em <https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=124745&pagfis=4613>.

Junte-se a nós no dia 21 de abril. Vai ser uma festa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,11 abr. 1972.

KUSHNIR, Beatriz. Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988. São Paulo: Boitempo, 2004.

LIMA, Danielle Barreto. CCC – Comando de Caça aos Comunistas: do estudante ao terrorista (1963-1980). São Paulo: Edições 70, 2021.

LOPES, Andrea Maria Vizzotto Alcântara. “Vivendo e aprendendo a jogar”: as tensões entre arte e mercado na trajetória de Elis Regina (1958-1982). Tese (Doutorado em História Social) – UFRJ, Rio de Janeiro, 2015.

LUCA, Tania Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2008.

LUNARDI, Rafaela. Em busca do “Falso brilhante”: performance e projeto autoral na trajetória de Elis Regina (Brasil, 1965-1976). São Paulo: Intermeios, 2015.

LUNARDI, Rafaela. Preparando a tinta, enfeitando a praça: o papel da MPB na abertura política brasileira (1977-1984). Tese (Doutorado em História Social) – USP, São Paulo, 2016.

MARIA, Julio: Elis Regina – Nada será como antes. São Paulo: Master Books, 2015.

MIDANI, André. Música, ídolos e poder: do vinil ao download. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

MOTTA, Nelson. Noites tropicais: solos, improvisos e memórias musicais. São Paulo: Objetiva, 2000.

MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Partido e sociedade: a trajetória do MDB. Ouro Preto: Editora Ufop, 1997.

MOTTA, Rodrigo Patto Sá. A ditadura nas representações verbais e visuais da grande imprensa: 1964-1969. Topoi, v. 14, n. 26, Rio de Janeiro, jan.-jul. 2013.

MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Introdução. In: As universidades e o regime militar: cultura política brasileira e modernização autoritária. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.

MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Sobre a violência repressiva estatal: uma resposta proporcional à violência da esquerda? In: Passados presentes: o golpe de 1964 e a ditadura militar. Rio de Janeiro: Zahar, 2021.

MÜLLER, Angélica. O movimento estudantil na resistência à ditadura militar (1969-1979). Rio de Janeiro: Garamond, 2016.

NAPOLITANO, Marcos. Seguindo a canção: engajamento político e indústria cultural (1959-1969). São Paulo: Annablume, 2001.

NAPOLITANO, Marcos. MPB: a trilha sonora da abertura política (1975/1985). Estudos Avançados, v. 24, n. 69, São Paulo, jan.-jun. 2010.

NAPOLITANO, Marcos. A formação da Música Popular Brasileira (MPB) e sua trajetória histórica (1965-1982). Humania del Sur, v. 9, Mérida, jan.-jun. 2014.

NAPOLITANO, Marcos. “Recordar é vencer”: as dinâmicas e vicissitudes da construção da memória sobre o regime militar brasileiro. Antíteses, v. 8, n. 15, Londrina, nov. 2015.

NAPOLITANO, Marcos. Coração civil: a vida cultural brasileira sob o regime militar (1964-1985). São Paulo: Intermeios, 2017.

NAPOLITANO, Marcos. “A primavera nos dentes”: a vida cultural sob o AI-5. In: 1964: história do regime militar brasileiro. São Paulo: Contexto, 2021.

O Pasquim, Rio de Janeiro, 25 abr.-1º mai. 1972. Disponível em <https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=124745&pagfis=4621>.

O sinal está vermelho. Veja, 25 out. 1978.

Olimpíada do Exército tem até escola de samba. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 abr. 1972.

Olimpíada do Exército terminou com sucesso. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 12 maio 1972.

Olimpíada. Zero Hora, Porto Alegre, 26 abr. 1972.

PACHECO, Mateus de Andrade. Elis de todos os palcos: embriaguez equilibrista que se fez canção. Dissertação (Mestrado em História) – UnB, Brasília, 2009.

PARANHOS, Kátia Rodrigues. Era uma vez em São Bernardo: o discurso sindical dos metalúrgicos (1971-1982). 2. ed. Campinas: Editora Unicamp, 2011.

PENTEADO, Léa. Um instante, maestro!: a história de um apresentador que fez história na TV. Rio de Janeiro: Record, 1993.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, v. 2, n. 3, Rio de Janeiro, jan.-jul. 1989.

PRADO, Luiz Carlos Delorme e EARP, Fábio Sá. O milagre econômico: crescimento acelerado, integração internacional e concentração de renda (1967-1973). In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (orgs.). O Brasil republicano: o tempo do regime autoritário. 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2020.

Propaganda de Independência tem o sentido da liberdade. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24 fev. 1972.

QUADRAT, Samantha Viz e ROLLEMBERG, Denise (orgs.). História e memória das ditaduras do século XX. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2015, v. 1 e 2.

Quem não assistiu, perdeu o espetáculo. Desfile no rio. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 7 abr. 1972.

REI, Bruno Duarte. Arquivos e esporte: o Fundo da Comissão Executiva Central do Sesquicentenário da Independência do Brasil. Acervo, v. 27, n. 3, Rio de Janeiro, jul.-dez. 2014.

REI, Bruno Duarte. Celebrando a pátria amada: esporte, propaganda e consenso nos festejos do Sesquicentenário da Independência do Brasil (1972). Rio de Janeiro: 7Letras, 2020.

REIS FILHO, Daniel Aarão. Ditadura e sociedade: as reconstruções da memória. In: REIS FILHO, Daniel Aarão, RIDENTI, Marcelo e MOTTA, Rodrigo Patto Sá (orgs.). O golpe e a ditadura militar: 40 anos depois (1964-2004). São Paulo: Edusc, 2004.

REVEL, Jacques. Microanálise e construção social. In: REVEL, Jacques (org.). Jogos de escalas: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1998.

RIDENTI, Marcelo. Intelectuais e artistas brasileiros nos anos 1960 e 1970: entre a pena e o fuzil. ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte, v. 9, n. 14, Uberlândia, jan.-jun. 2007.

RIORDA, Mario. Hacia un modelo de comunicación gubernamental para el consenso. In: ELIZANDE, Luciano, FERNÁNDEZ, Damián y RIORDA, Mario. La construcción del consenso: gestión de la comunicación gubernamental. Buenos Aires: La Crujía, 2006.

RIOUX, Jean-Pierre. Entre história e jornalismo. In: CHAVEAU, Agnes (org.). Questões para a história do presente. São Paulo: Edusc, 1999.

Roberto Carlos, mensageiro da Independência. A Notícia, Rio de Janeiro, 28 mar. 1972.

ROLLEMBERG, Denise e QUADRAT, Samantha Viz (orgs.). A construção social dos regimes autoritários: legitimidade, consenso e consentimento no século XX – Brasil e América Latina, v. 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

ROLLEMBERG, Denise. Esquecimento das memórias. In: MARTINS FILHO, João Roberto (org.). O golpe de 1964 e o regime militar: novas perspectivas. São Carlos: Edufscar, 2006.

ROLLEMBERG, Denise. Memória, opinião e cultura política: a Ordem dos Advogados do Brasil sob a ditadura (1964-1974). In: REIS FILHO, Daniel Aarão e ROLLAND, Denis (orgs.). Modernidades alternativas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008.

ROLLEMBERG, Denise. As trincheiras da memória: a Associação Brasileira de Imprensa e a ditadura (1964-1974). In: ROLLEMBERG, Denise e QUADRAT, Samantha Viz (orgs.). A construção social dos regimes autoritários: legitimidade, consenso e consentimento no século XX – Brasil e América Latina, v. 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

SERBIN, Kenneth. Diálogos na sombra: bispos e militares, tortura e justiça social na ditadura. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. Crise da ditadura militar e o processo de abertura política, 1974-1985. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (orgs.). O Brasil republicano: o tempo do regime autoritário. 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2020.

SILVA, Robson Pereira da. Elis Regina: “Dou o tiro, quem mata é Deus!”: performances da cena e da crítica na construção de uma intérprete do Brasil (1964-1978). Tese (Doutorado em História) – UFU, Uberlândia, 2020.

WISNIK, José Miguel. Anos 70: música. Rio de Janeiro: Europa, 1980.

WOZNIAK-GIMÉNEZ, Andrea Beatriz. Renovação poético-musical, engajamento e performance artística em Mercedes Sosa e Elis Regina, (1960-1970). Tese (Doutorado em História) – Unesp-Franca, 2016.

ZIRALDO. Ziraldo vê TV. O Pasquim, Rio de Janeiro, 2-8 maio 1972. Disponível em <https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=124745&pagfis=4653>.

Published

2025-06-30

Issue

Section

Dossier – Popular music and artists from here and elsewhere

How to Cite

Olimpíada do Exército, 1972: the show by Elis Regina and the construction of the hegemonic memory critical of the Brazilian military dictatorship. (2025). ArtCultura, 27(50), 49-70. https://doi.org/10.14393/artc-v27-n50-2025-80231