Beatriz Sarlo, o rigor e a lucidez
DOI:
https://doi.org/10.14393/xd8pq033Resumen
Para além da lucidez de seu espírito, da erudição de sua bagagem intelectual, da coragem de suas posições e da independência contagiante de sua ética, Beatriz Sarlo me impressionava sempre, em congressos, conferências e poucos encontros pessoais que tivemos, por uma característica sua tangencial, não tão importante à primeira vista. Refiro-me ao seu desgosto visceral pelas analogias entre países e sua insistência na singularidade das experiências nacionais. Em círculos latino-americanistas impulsionados material ou imaginariamente pela academia dos EUA, nos quais o varguismo ou o petismo são pensados como análogos ao peronismo, a Unidade Popular chilena é vista como comparável com o chavismo, e confundem-se governos tão diferentes como os de Fernando Henrique Cardoso, no Brasil, e Carlos Menem, na Argentina, a insistência de Sarlo na singularidade das experiências nacionais acrescentava uma camada extra de lucidez à imagem dessa que foi a mais lúcida das intelectuais. Seu conhecimento minucioso da bicentenária história de uma dessas experiências – a da República Argentina – não tinha paralelo na relação de nenhum de nossos interlocutores com seus locais de estudo ou de origem. Sarlo foi uma intelectual argentina no sentido forte do termo: a impressão que transmitia é que nunca parava de pensar seu país, desde quando decifrava um dístico na lírica de Alfonsina Storni até quando interpelava transeuntes aleatórios nas ruas de Buenos Aires para auscultar suas percepções sobre a atualidade e a vida.
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Referencias
AVELAR, Idelber. Eles em nós: retórica e antagonismo político no Brasil do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2021
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