Entre a denúncia, a memória e a utopia: o cinema que desafia a ditadura militar no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.14393/artc-v26-n48-2024-75985Palavras-chave:
documentário, ditadura militar, memóriaResumo
Ainda sob a vigência da ditadura militar brasileira, dois cineastas que haviam sido presos políticos saem do país e decidem usar o cinema como um instrumento de embate e de construção de ideias de um futuro para o país. Vivendo no exílio no Chile, Luiz Sanz dirige Não é hora de chorar, em 1971. Lúcia Murat filma na Nicarágua O pequeno exército louco, entre 1978 e 1980. Diante do sentimento de derrota das esquerdas, Sanz e Murat realizam filmes a fim de renovar esperanças e elaborar estratégias de sobrevivência, de denúncia, de construção de memória, especialmente das mulheres que sofreram de forma específica a violência da ditadura. Neste artigo, propomos investigar a trajetória e a atuação desses dois cineastas e refletir sobre o contexto de produção e a importância dos filmes tanto na disputa de narrativas no presente quanto como testemunhos da história.
Downloads
Referências
.
<https://bnmdigital.mpf.mp.br/pt-br/>.
Arquivo CNV, 00092.001294/2013-38: Testemunho de Lúcia Murat à Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro (CEV-Rio), 28 maio 2013.
Arquivo Nacional. Referência: BR DFANBSB V8.MIC, GNC.AAA.75086515.
BACZKO, Branislaw. Lumières de l’utopie. Paris: Payot, 1978.
BLANDÓN, María Teresa. Relación del movimiento de mujeres y feminista con el movimiento y gobierno sandinistas de Nicaragua durante los últimos 40 años. Monograma. Revista Iberoamericana de Cultura y Pensamiento, n. 2.1, Tomelloso, 2018.
BLANK, Thais e MACHADO, Patrícia. Em busca de um método: entre a estética e a história de imagens domésticas do período da ditadura militar brasileira. Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, v. 43, n. 2, São Paulo, 2020. LINDEPERG, Sylvie. Nuit et brouillard: un film dan l ́histoire. Paris: Odile Jacob, 2007. LINDEPERG, Sylvie. Des lieux de mémoire portatifs (Entretien réalisé par Dork Zabunyan). Critique: Revue Générale des Publications Françaises et Étrangères. Paris: Les Éditions de Minuit, Mars 2015.
BOFF, Leonardo e BOFF, Clodovis. Teologia da libertação no debate atual. Petrópolis: Vozes, 1985.
BOFF, Leonardo. Seleção de textos militantes. Petrópolis: Vozes, 1991.
BRENEZ, Nicole. Montage intertextuel et formes contemporaines du remploi dans le cinéma expérimental. Cinémas: Revue d’Études Cinématographiques, v. 13, n. 1-2, Montréal, 2002
COLLING, Ana Maria. As mulheres e a ditadura militar no Brasil. História em Revista, v. 10, Pelotas, 2004.
DIAS, José Carlos et al. Comissão Nacional da Verdade: relatório. Brasília: CNV, 2014.
Ficha de Lucia Murat. Deops/Arquivo do Estado de São Paulo. Referências: BR_SPAPESP_DEOPSSPOSFICONSL000492 e BR_SPAPESP_DEOPSSPOSFTEXSNV000317.
Ficha Luiz de Sanz. Deops/Arquivo do Estado de São Paulo. Referência: BR_SPAPESP_DEOPSSPOSFTEXSNS002674.
Ficha Luiz de Sanz. Deops/Arquivo do Estado de São Paulo. Referência: BR_SPAPESP_DEOPSSPOSFICONSL000577.
FICO, Carlos. Como eles agiam – os subterrâneos da ditadura militar: espionagem e polícia política. Rio de Janeiro: Record, 2001.
FRANÇA, Andréa e MACHADO, Patrícia. Imagem-performada e imagem-atestação: o documentário brasileiro e a reemergência dos espectros da ditadura. Galáxia, n. 28, São Paulo, dez. 2014.
GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso e fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
GOLDBERG, A. Feminismo e autoritarismo: a metamorfose de uma utopia de liberação em ideologia liberalizante. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – UFRJ, Rio de Janeiro, 1987.
MACHADO, Patrícia e BLANK, Thais. Musas insubmissas: estudo de Inês (1974), um filme de coletivo sobre uma presa política brasileira. Revista Eco-Pós, v. 23, n. 3, Rio de Janeiro, 2020.
MACHADO, Patrícia. Imagens que restam: a tomada, a busca dos arquivos, o documentário e a elaboração de memórias da ditadura militar brasileira. Tese (Doutorado em Comunicação e Cultura) – UFRJ, Rio de Janeiro, 2016.
MACHADO, Patrícia. Trânsito de memórias: tomada e retomada de imagens do exílio durante a ditadura militar brasileira. Significação: Revista de Cultura Audiovisual, v. 44, n. 48, São Paulo, jul.-dez. 2017.
MURAT, Lúcia. Entrevista realizada para o projeto “Memória do cinema documentário brasileiro” (CPDoc/FGV), jul. 2022.
SANZ, Luiz. Não é hora de chorar. 1971. Disponível em <https://vimeo.com/210374636>.
SARTI. Cynthia. Feminismo e contexto: lições do caso brasileiro. Cadernos Pagu, n. 16, Campinas, 2001.
TEDESCO, Mariana. Cineastas brasileiras que filmaram a revolução: Helena Solberg e Lucia Murat. In: LUSVARGHI, Luiza e SILVA, Camila Vieira da (orgs.). Mulheres atrás das câmeras: as cineastas brasileiras de 1930 a 2018. São Paulo: Estação Liberdade, 2019.
TEGA, Danielle. Mulheres em foco: construções cinematográficas brasileiras da participação política feminina. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.
TELES, Edson e QUINALHA, Renan (orgs.). Espectros da ditadura: da Comissão da Verdade ao bolsonarismo. São Paulo: Autonomia Literária, 2020.
TELES, Janaina de Almeida. Memórias dos cárceres da ditadura: os testemunhos e as lutas dos presos políticos no Brasil. Tese (Doutorado em História Social) – USP, São Paulo, 2011.
TELES, Maria Amélia de Almeida. Violação dos direitos humanos das mulheres na ditadura. Revista Estudos Feministas, v. 23, n. 3, Florianópolis, 2015.
TRAVERSO, Enzo. Imágenes melancólicas: el cine de las revoluciones vencidas. Acta Poética, v. 38, n. 1, Ciudad de México, 2017.
VASCONCELOS, Gabriel. Subversivo: fragmentos da vida de Luiz Alberto Sanz. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Jornalismo) – UFF, Niterói, 2015.
ZIMMERMANN, Matilde. A revolução nicaraguense. São Paulo: Editora Unesp, 2006.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos da licença Creative Commons, adotada a partir da ArtCultura, v. 21, n. 39 (jul.-dez. 2019).
CC BY-NC-ND 4.0: o artigo pode ser copiado e redistribuído em qualquer suporte ou formato. Os créditos devem ser dados ao autor original e mudanças no texto devem ser indicadas. O artigo não pode ser usado para fins comerciais. Caso o artigo seja remixado, transformado ou algo novo for criado a partir dele, ele não pode ser distribuído.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.