Recinfernália: uma cidade que é mutação desejante e invenção permanente

Autores

  • Edwar de Alencar Castelo Branco

DOI:

https://doi.org/10.14393/artc-v24-n45-2022-68278

Palavras-chave:

História, filmes, cidade

Resumo

O principal propósito deste artigo é apropriar-se historicamente do filme Recinfernália (1975), do filósofo, poeta, ator, cineasta e agitador cultural pernambucano Jomard Muniz de Britto. No texto se procurará abordar, principalmente, as contribuições do autor ao esforço de bricolagem e (re)invenção identitária da cidade do Recife, bricolagem que se realizaria através de uma intensa atividade artística voltada, entre outras coisas, para uma submissão da “pernambucanidade tropicológica” a um delírio que a obrigasse a transmutar-se em “pernambucália tropicalista”. No caso de Recinfernália, trata-se de um esforço de Jomard Muniz de Britto para reposicionar a identidade espacial da capital pernambucana, forçando-a a escapar da aparência de identificação consigo mesma que a tradição tropicológica, do ponto de vista do sujeito ora estudado, buscava impor ao Recife e mesmo ao objeto cultura brasileira. Em filme, portanto, Jomard consuma o programa tático de Michel de Certeau: a ver a cidade, espreitando-a, prefere misturarse com ela, praticando-a e por consequência borrando o cartão-postal

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Biografia do Autor

Edwar de Alencar Castelo Branco

Doutor em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professor do Departamento de História e do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Pesquisador do CNPq. Autor, entre outros livros, de História, cinema e outras imagens juvenis. 2. ed. Teresina: Cancioneiro, 2021. 

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Publicado

2022-12-28

Como Citar

de Alencar Castelo Branco, E. (2022). Recinfernália: uma cidade que é mutação desejante e invenção permanente. ArtCultura, 24(45), 149–161. https://doi.org/10.14393/artc-v24-n45-2022-68278

Edição

Seção

Polêmica – Recife na berlinda: visões contrapostas de Gilberto Freyre e Jomard Muniz de Britto