A esperança velada: o lírico e o épico em “San Vicente”
DOI:
https://doi.org/10.14393/artc-v24-n45-2022-68257Palavras-chave:
“San Vicente”, lirico e épico, sociologia da músicaResumo
Na atmosfera carregada dos primeiros anos da década de 1970, foi lançada a canção “San Vicente”, faixa do álbum Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges. Sua ampla repercussão, que lhe rendeu o epíteto de hino latino-americano, contribuiu para estabelecer ações recíprocas de produção e circulação de música entre artistas brasileiros e de outros países do subcontinente. Mas seu entrelaçado poético-musical, que alinha temporalidades de naturezas diversas, contrastou com as formas mais recorrentes de tratar os temas caros ao movimento da Nueva Canción Latinoamericana, emblematicamente representadas por “Canción con todos” na gravação de 1970 de Mercedes Sosa. Partindo da distinção entre traços estilísticos lírico e épico, que orienta nossa análise poética e musical de “San Vicente”, buscamos demonstrar como a canção tematiza e elabora a experiência da radicalização da repressão no Brasil ditatorial e do espraiamento dos golpes militares em outros países latino-americanos, e, finalmente, revelar a maneira particular pela qual seu entrelaçado poético-musical projeta a esperança
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