1932, heróis de farda e farsa: capital, trabalho e memória, em posições

Autores

  • Marcio Luiz Carreri

DOI:

https://doi.org/10.14393/artc-v23-n43-2021-64093

Palavras-chave:

revolução constitucionalista, capital e trabalho, memória

Resumo

Este texto é uma reflexão sobre o conjunto de eventos da “Revolução Constitucionalista” de 1932. O movimento bélico traduziu-se, antes e durante a sua ocorrência, em disputas sociopolí- ticas pela representação da memória. O vencedor nas trincheiras investiu em apregoar aos paulistas o caráter separatista, conservador e oligárquico da “revolução”. Na sua contraparte, uma historiografia de memória paulista, amparada em monumentos oficiais, somou esforços, após a derrota, na produção de uma outra narrativa e entronizou na memória social a celebração cívica ao 24 de julho, como um marco de resistência a um poder central autoritário e inconstitucional. Capital e trabalho participaram, cada um a seu modo, com suas representações, partidos políticos, como o PRP, PD e PCB, além de artistas, imprensa, soció- logo e literatos, entre eles Mário e Oswald de Andrade, com suas interpretações coletivas e singulares sobre as tensões e contradições naquele tempo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcio Luiz Carreri

Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor do curso de História da Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp-Jacarezinho). Autor, entre outros livros, de O socialismo de Oswald de Andrade: cultura, política e tensões na modernidade de São Paulo na década de 1930. Curitiba: CRV, 2017. 

Referências

ANDRADE, Mário de. Lira paulistana seguida de O carro da miséria. São Paulo: Livraria Martins, s./d.

ANDRADE, Mário de. Pauliceia desvairada. In: Poesias completas. Belo Horizonte-São Paulo: Itatiaia/Editora da Universidade de São Paulo, 1987.

ANDRADE, Mário de. Primeiro de maio. In: Contos novos. Belo Horizonte: Itatiaia, 1983.

ANDRADE, Oswald de. Marco zero I: a revolução melancólica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

ANDRADE, Oswald de. Obras Completas VII: Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.

ANDRADE, Oswald de. Os dentes do dragão: entrevistas. São Paulo: Globo, 1990.

BORGES, Vavy Pacheco. Tenentismo e revolução brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1992.

CAMARGO, Áureo de Almeida. A epopeia. São Paulo: Saraiva, 1933.

CAPELATO, Maria Helena. O Movimento de 1932: a causa paulista. São Paulo: Brasiliense, 1981.

Carta do Secretariado da Internacional Comunista para a América do Sul ao Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, 1933 (manuscrito).

CUNHA, Euclides da. Os sertões. São Paulo: Abril Cultural, 1989.

DECCA, Edgar S. de. O silêncio dos vencidos. São Paulo: Brasiliense, 1981.

DONATO, Hernani. A Revolução de 32. São Paulo: Círculo do Livro, 1982.

DOSTOIÉVSKI, Fiodor. O crocodilo e notas de inverno sobre impressões de verão. São Paulo: Editora 34, 2000.

ESCOREL, Eduardo. 32 – a guerra civil. São Paulo: Puflifolha/Banespa, 1992.

FERNANDES, Florestan. A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.

FERNANDES, Florestan. Leituras & legados. São Paulo: Global, 2010.

FERNANDES, Florestan. O que é revolução. São Paulo: Expressão Popular, 2018.

FERREIRA, Antonio Celso. Eldorado errante. São Paulo: Editora Unesp, 1996.

FLORINDO, Marcos. T. A grande repressão de 1932 em São Paulo. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, v. 4, n. 8, Rio Grande, dez. 2012.

FURET, François. A oficina da história. Portugal: Gradiva, 1990.

HILTON, Stanley E. A guerra civil brasileira: história da Revolução Constitucionalista de 1932. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

HOBSBAWM, Eric J. Introdução. In: HOBSBAWM, Eric J. e RANGER, Terence. (orgs.). A invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, Editora PUC-Rio, 2006.

KRAUSZ, Tomáz. Reconstruindo Lênin: uma biografia intelectual. São Paulo: Boitempo, 2017.

LEITE, Aureliano. Bibliografia da Revolução Constitucionalista. Revista de História, n. 51, São Paulo, 1962.

LOUREIRO, Isabel Maria Frederico Rodrigues. Teoria e prática revolucionária em Rosa Luxemburgo. Encontros com a Filosofia. Niterói, ano 8, n. 11, 2020.

MORAES, Francisco Quartim de. 1932: a história invertida. São Paulo: Anita Garibaldi, 2018.

MORAIS, Fernando. Chatô: o rei do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

MOREIRA, Raimundo. Nonato Pereira, Antônio Maciel Bomfim ou o “célebre Miranda”: entre a história e a memória. In: SENA JÚNIOR, Carlos Zacarias de (org.). Capítulos de história dos comunistas no Brasil. Salvador: Edufba, 2016.

MOTTA, Rodrigo Patto Sá. O diabo nas bibliotecas comunistas: repressão e censura no Brasil dos anos 1930. In: DUTRA, Eliana Regina de Freitas e MOLLIER, Jean-Yves. Política, nação e edição: o lugar dos impressos na construção da vida política: Brasil, Europa e Américas nos séculos XVIII-XX. São Paulo: Annablume, 2006.

NOGUEIRA FILHO, Paulo. Ideais e lutas de um burguês progressista: subsídio para a história do Partido Democrático e da Revolução de 1930. Rio de Janeiro: José Olympio, 1965.

PAULA, Jeziel de. 1932: imagens construindo a história. Campinas-Piracicaba: Editora da Unicamp/Editora da Unimep, 1998.

PRADO, Maria Ligia Coelho. O Partido Democrático de São Paulo: adesões e aliciamento de eleitores (1926/1934). Revista de História, n. 117, São Paulo, 1984.

PRADO, Paulo. Retrato do Brasil: ensaio sobre a tristeza brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

ROCHA, Luiz. Otávio Savassi. Guimarães Rosa e a Medicina. Belo Horizonte: Scripta, 2002.

SANTOS, Marco Cabral dos. e MOTA, André. São Paulo 1932: memória, mito e identidade. São Paulo: Alameda, 2010.

SANTOS, Matilde Demétrio dos. Ao sol carta é farol: a correspondência de Mário de Andrade e outros missivistas. São Paulo: Annablume, 1998.

SAWAIA, Bader (org.). As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis: Vozes, 2001.

SCHWARZ, Roberto. A carroça, o bonde e o poeta modernista. In: Que horas são? São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole: São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

WILLIAMS, Raymond. La larga revolución. Buenos Aires: Nueva Visión, 2003.

Downloads

Publicado

24-12-2021

Como Citar

Carreri, M. L. . (2021). 1932, heróis de farda e farsa: capital, trabalho e memória, em posições. ArtCultura, 23(43), 210–225. https://doi.org/10.14393/artc-v23-n43-2021-64093

Edição

Seção

Artigos