“As pessoas nascem anarquistas ou não”: a ideia de um anarquismo visceral em Roberto Freire

Autores

  • Giovan Sehn Ferraz

DOI:

https://doi.org/10.14393/artc-v22-n41-2020-58654

Palavras-chave:

contracultura, Roberto Freire, Somaterapia

Resumo

Este artigo faz parte de um estudo maior no qual buscamos compreender como surgiu e se desenvolveu, a partir da contracultura dos anos 1960 e 1970, uma técnica terapêutica de pretensão científica e anarquista, a Somaterapia de Roberto Freire. Neste texto, analisamos a emergência da ideia de um anarquismo “nato e visceral” nas obras de Freire, principal fonte utilizada em nossa pesquisa, procurando compreender como essa noção relaciona-se com aspectos da contracultura, com a proposta terapêutica da Somaterapia e com a sociedade. Na análise, observamos pontos de confluência e divergência entre esse autor e a contracultura. Entendemos, ao tomarmos como referência principalmente Bourdieu e Pollak, que a ideia de um anarquismo inato remete diretamente a processos de construção da memória e da identidade dos sujeitos e que as trajetórias de Freire, de sua terapia e da própria contracultura constituem processos históricos bastante complexos e, por vezes, até incoerentes e contraditórios.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Giovan Sehn Ferraz

Mestre em História pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 

Referências

ALBERTINI, Paulo. Wilhelm Reich: percurso histórico e inserção do pensamento no Brasil. Boletim de Psicologia, v. LXI, n. 135, São Paulo, 2011.

ALMEIDA, Josiane Maria Tiago de. Reflexões sobre a prática clínica em Gestalt-terapia: possibilidades de acesso à experiência do cliente. Revista Abordagem Gestalt, v. 16, n. 2, Goiânia, dez. 2010.

BARROS, Patrícia M. “Provocações brasileiras”: a imprensa contracultural made in Brazil – Coluna Underground (1969-1971), Flor do Mal (1971) & a Rolling Stone brasileira (1972-1973). Tese (Doutorado em História) – Unesp, Assis, 2007. BOSCATO, Luiz A. L. Vivendo a sociedade alternativa: Raul Seixas no panorama da contracultura jovem. Tese (Doutorado em História Social) – USP, São Paulo, 2006. REIMBERG, Maurício. A função do orgasmo. Cult, São Paulo, 2007. Disponível em <http://www.somaterapia.com.br/publicaoes/imprensa/>. Acesso em 7 abr. 2020.

BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: AMADO, Janaína e FERREIRA, Marieta M. (orgs.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1996.

CAPELLARI, Marcos A. O discurso da contracultura no Brasil: o underground através de Luiz Carlos Maciel (c. 1970). Tese (Doutorado em História) – USP, São Paulo, 2007. PEREIRA, Carlos A. M. O que é contracultura. São Paulo: Nova Cultural/Brasiliense, 1986.

CARVALHO, Cesar A. Viagem ao mundo alternativo: a contracultura nos anos 80. São Paulo: Editora Unesp, 2008.

COIMBRA, Cecília M. B. Guardiães da ordem: uma viagem pelas práticas psi no Brasil do “milagre”. Rio de Janeiro: Oficina do Autor, 1995.

COLLOMB, Jean-Daniel. New Beggining: the counter culture in american environmental history. Cercles, n. 22, 2012.

DETRY, Brigitte e AZEVEDO, José. As novas terapias do movimento do potencial humano. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 23, Coimbra, set. 1987.

FERRAZ, Giovan S. Protomutantes na era da utopia: os coiotes anarquistas da Somaterapia de Roberto Freire. Revista Latino-Americana de História, v. 7, n. 19, São Leopoldo, 2018.

FERRAZ, Giovan S. Somaterapia e contracultura: criação e desenvolvimento de uma técnica terapêutica no Brasil dos anos 1970. Dissertação (Mestrado em História) – UFSM, Santa Maria, 2018.

FREIRE, Roberto e BRITO, Fausto R. A. Utopia e paixão: a política do cotidiano. 8. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1988.

FREIRE, Roberto et al. O tesão pela vida: soma, uma terapia anarquista. São Paulo: Francis, 2006.

FREIRE, Roberto. Ame e dê vexame. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1990.

FREIRE, Roberto. Cleo e Daniel. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1973.

FREIRE, Roberto. Coiote. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.

FREIRE, Roberto. Eu é um outro. Salvador: Maianga, 2002.

FREIRE, Roberto. Os cúmplices, v. 1. São Paulo: JSN, 1995.

FREIRE, Roberto. Os cúmplices, v. 2. São Paulo: Clacyko, 1996.

FREIRE, Roberto. Sem tesão não há solução. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.

FREIRE, Roberto. Soma: uma terapia anarquista. V. 1: A alma é o corpo. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.

FREIRE, Roberto. Soma: uma terapia anarquista. V. 2: A arma é o corpo (prática da Soma e capoeira). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.

FREIRE, Roberto. Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu!. São Paulo: Símbolo, 1977.

GONÇALVES, Dalmir. Outra vez a censura. Folha de S. Paulo, 8 set. 1958.

MATA, João. O anarquismo somático. In: FREIRE, Roberto et al. O tesão pela vida: soma, uma terapia anarquista. São Paulo: Francis, 2006.

NOGUEIRA, Tânia e ALBERTINI, Paulo. Grupo de movimento: uma revisão da literatura. Mudanças: Psicologia da Saúde, v. 22, n. 1, São Bernardo do Campo, 2014.

PILÃO, Antonio C. Reflexões sócio-antropológicas sobre Poliamor e amor romântico. RBSE: Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, v. 12, n. 35, João Pessoa, 2013.

POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos, v. 5, n. 10, Rio de Janeiro, 1992.

SILVA, Carla F. Arte e anarquia: uma ética da existência em Roberto Freire. Tese (Doutorado em História) – UFPR, Curitiba, 2015.

SIMÕES, Gustavo F. Roberto Freire: tesão e anarquia. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – PUC-SP, São Paulo, 2011.

Um libertário. Diário da Tarde, Caderno 2, Belo Horizonte, 7 dez. 1992. Disponível em <http://www.somaterapia.com.br/publicaoes/imprensa/>. Acesso em 7 abr. 2020.

Downloads

Publicado

2020-12-26

Como Citar

Sehn Ferraz , G. . (2020). “As pessoas nascem anarquistas ou não”: a ideia de um anarquismo visceral em Roberto Freire. ArtCultura, 22(41), 218–239. https://doi.org/10.14393/artc-v22-n41-2020-58654

Edição

Seção

Artigos