“As pessoas nascem anarquistas ou não”: a ideia de um anarquismo visceral em Roberto Freire
DOI:
https://doi.org/10.14393/artc-v22-n41-2020-58654Palavras-chave:
contracultura, Roberto Freire, SomaterapiaResumo
Este artigo faz parte de um estudo maior no qual buscamos compreender como surgiu e se desenvolveu, a partir da contracultura dos anos 1960 e 1970, uma técnica terapêutica de pretensão científica e anarquista, a Somaterapia de Roberto Freire. Neste texto, analisamos a emergência da ideia de um anarquismo “nato e visceral” nas obras de Freire, principal fonte utilizada em nossa pesquisa, procurando compreender como essa noção relaciona-se com aspectos da contracultura, com a proposta terapêutica da Somaterapia e com a sociedade. Na análise, observamos pontos de confluência e divergência entre esse autor e a contracultura. Entendemos, ao tomarmos como referência principalmente Bourdieu e Pollak, que a ideia de um anarquismo inato remete diretamente a processos de construção da memória e da identidade dos sujeitos e que as trajetórias de Freire, de sua terapia e da própria contracultura constituem processos históricos bastante complexos e, por vezes, até incoerentes e contraditórios.
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