Um leitor no sul do mundo: a biblioteca imaginária de Simões Lopes Neto (1888-1916)

Autores

  • Jocelito Zalla

DOI:

https://doi.org/10.14393/artc-v22-n41-2020-58649

Palavras-chave:

Simões Lopes Neto, práticas de leitura e escrita, literatura e memória histórica.

Resumo

O escritor regionalista João Simões Lopes Neto deixou vários testemunhos de leitura, através de citações e referências, em toda sua produção, inclusive na prosa de ficção que o consagrou: Contos gauchescos (1912) e Lendas do Sul (1913). A partir dessa “biblioteca imaginária”, pretendo analisar seu perfil leitor, em suas condições de possiblidade, e discutir a circulação de ideias na fronteira sul do Brasil. Metodologicamente, busco aliar análises quantitativas e qualitativas que ofereçam explicações para suas tendências de leitura, mas também para algumas ausências significativas entre os autores citados. Como resultado, é possível traçar correspondências entre as leituras principais e sua prática de escrita de ficção (historiografia, nos temas, e poesia lírica, na linguagem), além de suas respostas para os problemas fundamentais do campo de produção cultural na região à época: os mitos do gaúcho e da Farroupilha.

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Biografia do Autor

Jocelito Zalla

Doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor do Colégio de Aplicação, do Programa de Pós-graduação em História e do Programa Nacional de Mestrado Profissional em Ensino de História (ProfHistória) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Autor, entre outros livros, de O centauro e a pena: Barbosa Lessa e a invenção das tradições gaúchas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2018. 

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Publicado

26-12-2020

Como Citar

Zalla , J. . (2020). Um leitor no sul do mundo: a biblioteca imaginária de Simões Lopes Neto (1888-1916). ArtCultura, 22(41), 164–185. https://doi.org/10.14393/artc-v22-n41-2020-58649

Edição

Seção

Artigos