“Impressionantes esculturas de lama”: o mangue e a criação de um novo espaço-símbolo

Autores

  • Esdras Carlos de Lima Oliveira

DOI:

https://doi.org/10.14393/artc-v22-n40-2020-56970

Palavras-chave:

mangue, Manguebeat, Recife

Resumo

Neste texto se descortinam imagens distintas do mangue que atravessam os tempos. O manguezal, outrora pujante e metáfora da diversidade, sofreu transformações radicais. Hoje habitado por poucos crustáceos, seu espaço é ocupado sobretudo pelo lixo. Mas, nos anos 1990, ele foi apropriado pelo Manguebeat como um novo espaçosímbolo. Empreender uma viagem pelo tempo nos reserva múltiplas visões do mangue, capturado pelo olhar de artistas de diferentes áreas. Na pintura, na tapeçaria, na litografia, na fotografia, no cinema, na literatura, na música, se agitam, simultaneamente, novos e velhos Nordestes. Aqui, ao passar por eles, trata-se de privilegiar a Manguetown que brotou do Manguebeat, na qual o Recife é simbolizado por uma “antena parabólica enfiada na lama”.

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Biografia do Autor

Esdras Carlos de Lima Oliveira

Professor de História do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (Ifro-Guajará-Mirim). Doutorando do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

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Publicado

2020-06-10

Como Citar

de Lima Oliveira, E. C. . (2020). “Impressionantes esculturas de lama”: o mangue e a criação de um novo espaço-símbolo. ArtCultura, 22(40), 165–190. https://doi.org/10.14393/artc-v22-n40-2020-56970

Edição

Seção

Minidossiê: Cenas musicais alternativas