Crítica de cinema, jornalismo e repressão nos anos 70
DOI:
https://doi.org/10.14393/ArtC-V20n36-2018-1-12Resumo
Enquanto a historiografi a sobre a repressão à imprensa brasileira durante o regime militar é extensa, o estudo das proibições à crítica de cinema permanece à margem do debate. O objetivo deste artigo é analisar a crítica de cinema censurada do jornal alternativo Opinião (1972-1977), com especial interesse pelas estratégias desenvolvidas pelos críticos para escrever sobre fi lmes vetados. Observamos como se deu a produção de sentido, como a censura prévia incidiu na forma textual e quais estratégias discursivas permitiram ao semanário participar do debate estético e político dos fi lmes.
Palavras-chave: crítica de cinema; censura; jornal Opinião.
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Referências
Ver SIM
intolerância: a censura cinematográfi
ca no Brasil. São Paulo:
Senac, 1999.
Ver KUCINSKI, Bernardo.
Jornalistas e revolucionários: nos
tempos da imprensa alternativa.
São Paulo: Página Aberta,
O montante de páginas vetadas
chegou a 100 mil laudas
ou 5 mil páginas. Ver Fim de
uma etapa. Opinião, n. 230,
Rio de Janeiro, 1 abr. 1977, p.
Semanalmente, a equipe
produzia uma quantidade de
páginas equivalente a duas
a três edições do semanário,
na esperança de conseguir
publicar suas tradicionais 24
páginas. A censura ao Opinião
era maior que o próprio jornal,
o que pode ser comprovado a
partir da leitura das ordens de
censura transcritas por Paolo
Marconi. Há uma recorrência
muito grande de proibições
à imprensa exatamente sobre
o Opinião. Assim os jornais
não podiam informar sobre as
apreensões do semanário de
Gasparian, nem transmitir as
declarações e prisões dos seus
dirigentes. Ver MARCONI,
Paolo. A censura política na
imprensa brasileira (1968-1978).
São Paulo: Global Editora, 1980.
Ver CANDIDO, Antonio.
Literatura e sociedade: estudos de
teoria e história literária. Rio de
Janeiro: Ouro sobre Azul, 2011.
Ver ORLANDI, Eni Puccinelli.
As formas do silêncio:
no movimento dos sentidos.
Campinas: Editora da Unicamp,
Ver DUCROT, Oswald. Dizer
e não dizer: princípios de semântica
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VENTURA, Zuenir. Os impasses
da cultura. Visão, v. 49, n.
, São Paulo, ago. 1973, p. 101.
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Ver SIM
Ver AUGUSTO, Sérgio.
Ajuste de contas. Opinião, n.
, Rio de Janeiro, 8 a 15 jan.
, p. 21.
AVELLAR, José Carlos. Janela
indiscreta. Jornal do Brasil,
Rio de Janeiro, 29 dez. 1973.
Para maiores informações
sobre as entrevistas realizadas,
ver ADAMATTI, Margarida
Maria. A crítica cinematográfi ca
no jornal alternativo Opinião:
frentismo, estética e política
nos anos setenta. Tese (Doutorado
em Meios e Processos
Audiovisuais)
Paulo, 2015.
Ver AQUINO, Maria Aparecida
de. Censura, imprensa,
estado autoritário (1968-78)
exercício cotidiano da dominação
e da resistência: O Estado de
S. Paulo e Movimento. Bauru:
Edusc, 1999.
Ver AUGUSTO, Sérgio. O
que se pode ver. Opinião, n.
, Rio de Janeiro, 11 a 18 dez.
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Ver SIM
Ver GRAVAS , Costa. A
América Latina segundo Costa
Gravas. Entrevista concedida a
Marcel Niedergang. Opinião, n.
, Rio de Janeiro, 12 a 19 fev.
, p. 14.
Ver SIM
Documento - a advertência
do Ministério da Educação.
Opinião, n. 66, Rio de Janeiro,
fev. 1974, p. 5.
Idem, ibidem.
Ver ORLANDI, Eni, op. cit.
Idem, ibidem, p. 113.
Ver DUCROT, Oswald, op. cit.
ROCHA, Glauber. Abaixo
a mistifi cação. Visão, n. 5, São
Paulo, 11 mar. 1974, p. 154-155.
Ver ROCHA, Glauber. Glauber
por Glauber. Crítica, n. 55,
Rio de Janeiro, 25 a 31 ago. 1975.
Ver ROCHA, Glauber. Nem
Lênin, nem Mao, nem Stálin,
nem mesmo Machado de Assis.
Entrevista concedida a Narciso
Lobo. Movimento, n. 55, São
Paulo, 19 jul. 1976, p. 19.
ROCHA, Glauber. Querem
me matar (ou votem no Arena).
O Pasquim, Rio de Janeiro, 13
ago. 1976.
Ver DUCROT, Oswald, op. cit.
Ver AGUIAR, Flávio. E
geme o sino em lúgubres reponsos
- pobre Glauber! pobre
Glauber! (ou
nem Stalin, nem Marx, nem
mesmo Machado de Assis
muito menos Glauber Rocha).
Movimento, n. 53, São Paulo, 5
jul. 1976.
Idem, ibidem.
Idem, ibidem.
DUCROT, Oswald, op. cit,
p. 20.
AGUIAR, Flávio, op. cit.
Idem, ibidem.
AGUIAR, Flávio. A tréplica
de Flávio Aguiar a Glauber. O
Pasquim, Rio de Janeiro, set.
A tendência dos estudos
tem sido substituir os termos
jornalismo informativo vs.
opinativo pela ideia de relato e
comentário. Sobre as fronteiras
porosas entre os dois gêneros,
ver CHAPARRO, Manoel
Carlos da Conceição. Jornalismo,
discurso em dois gêneros. Tese
(Livre Docência)
São Paulo, 1997.
Fernando Gasparian tomou
inspiração no Guardian Weekly
para compor o Opinião. Cf.
KUCINSKI, Bernardo, op. cit.
Os estudos sobre as formas
de leitura demonstram que o
processo não é linear e ocorre
através de saltos entre as palavras.
Cf. MANGUEL, Alberto.
A história da leitura. São Paulo:
Companhia das Letras, 1997.
Missa para um estudante
morto. Opinião, n. 22, Rio de
Janeiro, 2 a 9 abr. 1973, p. 5.
Os dois primeiros parágrafos
de uma notícia procuram responder
ao lead, isto é, às seis indagações
básicas do jornalismo
sobre um fato: quem fez o que,
como, onde, quando e por que.
Missa para um estudante
morto, op. cit.
Nota ofi cial sobre a morte do
estudante Vanucchi. Opinião, n.
, op. cit., p. 5.
Ver Um cinema edifi cante?
Opinião, n. 161, Rio de Janeiro,
dez. 1975.
Idem, ibidem.
Ver CANDIDO, Antonio. A
verdade da repressão. Opinião,
n. 11, Rio de Janeiro, 15 a 22
jan. 1973.
Ver CARONE, Edgar. A
resistência contra a ditadura.
Opinião, n. 162, Rio de Janeiro,
dez. 1975.
Ver BARTHES, Roland. A
estrutura da notícia. In: Crítica
e verdade. São Paulo: Perspectiva,
Ver MURAO, Carlos (pseudônimo
Jean-Claude Bernardet).
Ninguém vai sozinho ao
paraíso. Opinião, n. 87, Rio de
Janeiro, 8 jul. 1974.
São Bernardo foi retido na
censura por sete meses. Só foi
lançado um ano e meio depois,
levando à falência a empresa
Saga, de propriedade do cineasta.
SIM
Ver ORLANDI, Eni, op. cit.
DUCROT, Oswald, op. cit,
p. 13.
Ver BERNARDET, Jean-
Claude. Uma voz inesperada.
Opinião, n. 7, Rio de Janeiro, 18
a 25 dez. 1972, p. 22.
Ver BARBOSA, Marialva.
Por uma história cultural
latino-americana dos meios
de comunicação: um olhar
sobre as práticas, processos e
sistemas de comunicação nas
últimas décadas do século
XIX. Anos 90, v. 19, n. 36, Porto
Alegre, dez. 2012.
BERNARDET, Jean-Claude.
Cinemateca Brasileira. Pasta
DJ/13 (Acervo Jean-Claude Bernardet).
Anotações, rascunhos e
textos originais publicados em
Opinião 1972-1973.
Para maiores detalhes sobre
Jean-Claude Bernardet como
líder de opinião, ver ADAMATTI,
Margarida, op. cit.
Ver BERNARDET, Jean-
Claude. Com as armas do
inimigo. Opinião, n. 127, Rio de
Janeiro, 11 abr. 1975.
Idem, ibidem, p. 20.
Ver BERNARDET, Jean-
Claude. Piranha no mar de rosas.
São Paulo: Nobel, 1982.
Ver SIM
Ver HOLANDA, Heloisa
B. de e BRITO, Antonio Carlos
de. Dez anos de cinema
nacional. Opinião, n. 32, Rio de
Janeiro, 11 a 18 jun. 1973.
Idem, ibidem, p. 17-19.
Ver VENTURA, Zuenir,
op. cit.
Idem, ibidem.
Ver KENSKI, Vani Moreira.
O fascínio de Opinião. Tese
(Doutorado em Educação)
FE-Unicamp, Campinas, 1990.
Idem, ibidem.
Idem, ibidem. Se a maior parte
do público não compreendia as
estratégias utilizadas pelo Opinião,
Kenski entrevistou muitos
leitores do semanário que
reliam os textos várias vezes,
procurando pelas informações
políticas cifradas e pelos sinais
de presença da censura.
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