O lugar das imagens na escrita da História: Jean-Luc Godard, Eric Hobsbawm e Marc Ferro em Histoire Parallèle
DOI:
https://doi.org/10.14393/ArtC-V20n36-2018-1-10Resumo
As imagens na história e na escrita da história, a partir do século XX, tiveram um papel central nas pesquisas e obras audiovisuais de Marc Ferro. Histoire Parallèle, programa de televisão que apresentou entre 1989 e 2001, demonstrou, de forma ampla, o papel do cinema na construção dos imaginários sociais. Das centenas de debates levados a cabo, certamente foi no encontro entre o cineasta Jean-Luc Godard e o historiador Eric Hobsbawm que essa questão foi a mais abordada. Até mesmo em meio a tensões e desconfi anças, como se viu no programa temático sobre o 1º de maio de 1950. Tensões e desconfianças que Marc Ferro conheceu bem de perto quando deu ao cinema a legitimidade que só o texto escrito detinha entre os historiadores. É em torno de Histoire Parallèle e dos pontos de vista do historiador, por um lado, e o questionamento crítico do cineasta que escreve a história em imagens, de outro, que produzimos este texto.
Palavras-chave: História e imagens; Marc Ferro; Jean-Luc Godard e Eric Hobsbawm.
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Referências
* Este texto é a versão em
português, feita pela própria
autora, do artigo
question : Jean-Luc Godard et
Eric Hobsbawm sur le plateau
d
originalmente na RevueThéorème,
n. 30 sobre Les films de
Marc Ferro, organizada por
GOUTTE, Martin, LAYERLE,
Sebastien PUGET, Clément
e STEINLE, Matt hias.
Paris, Presses Sorbonne Nouvelle,
Ver entrevista com KERLEROUX,
Pauline e STEINLE,
Matthias. Marc Ferro
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analysis of historical images on
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Dirigido por Solange Peter.
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l
parallèle. Paris: Liana Levi/Arte
Editions, 1995.
Cf. Pesquisas de 1991 da
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a 7% da audiência francesa.
Cf. FRAN
réussite d´Histoire parallèle.
Cinemaction n. 65, Paris : Corlet,
, p. 60.
Ver SCHVARZMAN, Sheila.
Marc Ferro, cinema, história e
cinejornais: Histoire Parallèle
e a emergência do discurso
do outro. ArtCultura: Revista
de História, Cultura e Arte, v.
, n. 23, 2013. Disponível em
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cinema_historia_e_cinejornais.
pdf>. Acesso em 8 abr. 2018.
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Ver idem, n. 519, 10 jul. 1999.
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Ver idem, n. 353, 14 set. 1996.
Ver idem, n. 612, 12 out. 1996.
Ver idem, n. 612, 28 abr. 2001.
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Ver HOBSBAWM, Eric.
L
siècle 1914-1991 [1994]. Paris
: Le Monde diplomatique/
tradução francesa do original
de 1994, que saiu no Brasil em
, tardou a sair pois a persistente
visão marxista de seu
autor não era bem vista pelos
editores. Hobsbawm lembra
que Pierre Nora, o editor da
prestigiosa Gallimard declarou
que: «Todos os editores, bem
ou mal, são obrigados a levar
em conta a conjuntura intelectual
e ideológica na qual se
inscreve a sua produção. Ora,
há sérias razões para pensar
[...] que esse livro seria lançado
num ambiente intelectual e histórico
pouco favorável. Donde
a falta de entusiasmo em apostar
suas chances [...]. A França
tendo sido o país que por mais
tempo e mais profundamente
foi stalinista, a descompressão,
ao mesmo tempo, acentuou
a hostilidade a tudo que de
perto ou longe pode lembrar
essa época de fi lo-sovietismo
ou pro-comunismo, inclusive
o marxismo declarado. A ligação,
mesmo que distanciada
à causa revolucionária, Eric
Hobsbawm cultiva como um
ponto de orgulho, uma fi delidade
de brio, uma reação ao
ar do tempo, mas na França,
nesse momento, isso é mal
visto
nécessité et diffi cultés. Le Débat,
Paris, n. 93, janvier-février,
, p. 93-95, citado por HOBSBAWM,
Eric. L´âge des extrêmes
échappe a ses censeurs.
Monde Diplomatique, septembre,
Disponível em
www.monde-diplomatique.
fr/1999/09/HOBSBAWM/3259>.
Acesso em 19 fev. 2018. Ao
contrário dessa postura, Marc
Ferro ajudou Hobsbawm a
lançar seu livro e promoveu
debates para promovê-lo.
Segundo informações de
Matt hias Seinle que participou
da produção do programa para
a autora em correspondência
de 14 mar. 2017.
BENJAMIN, Walter. Passagens.
Belo Horizonte: UFMG,
, p. 503.
G O D A R D , Jean-Luc
Histoire(s) du cinema. Gallimard
: Paris 1998, v. 4; e HOBSBAWM,
Eric. L
histoire du court XXe siècle
. Bruxelles/Paris : André
Versaillle éditeur/Le Monde
diplomatique, 2008.
Ver PERALVA, Oscar. O retrato.
Belo Horizonte: Itatiaia,
ou JUDT, Tony. Refl exões
sobre um século esquecido. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2011.
Ver SCHVARZMAN, Sheila,
op. cit.
Auferstanden aus ruinen, « Ressussitado
das ruínas », é o título
do hino nacional da RDA, cuja
música foi composta por Hanns
Eisler e a letra por Johannes R.
Becher en 1949.
le cinéma, c
par secondee »
conhecida de seu segundo
longa metragem, Le petit soldat
(1963).
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