Entrevista com Lucia Murat
DOI:
https://doi.org/10.14393/ArtC-V20n36-2018-1-09Resumo
Lucia Murat (Rio de Janeiro, RJ, 1948) é cineasta. Militante estudantil nos anos 1960, entrou na clandestinidade após a promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Presa em 1971, sofreu inúmeras torturas até ser posta em liberdade em 1974. O interesse pelo cinema, política e jornalismo a levou em 1978 Ã Nicarágua, que enfrentava uma guerra civil entre as forças governistas e a oposição, liderada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional. Ao retornar ao Brasil, a partir dos registros feitos, edita o seu primeiro fi lme O pequeno exército louco (1984). Desde então havia o desejo de misturar documentário e fi cção, articulação presente em seu primeiro longa-metragem, Que bom te ver viva (1989). Nele, o monólogo da personagem interpretada por Irene Ravache dialoga com os depoimentos de expresas políticas, que relatam as suas experiências sofridas pela repressão militar a partir de 1964. O interesse pela história do país está presente em diversos fi lmes, tanto nos que se voltam ao contemporâneo, como Quase dois irmãos (2004), que mostra em três diferentes épocas e situações os confl itos entre a classe média e a favela no Rio de Janeiro, quanto os que se ocupam do passado, como Brava gente brasileira (2000), em que os confrontos dos colonos com os índios no século XVIII na região Centro-Oeste indicam um passado de luta e resistência. Em Uma longa viagem (2011) e A memória que me contam (2013) a dimensão autobiográfi ca se entrelaça com o retrato mais geral de uma época, traço que indica a força e a perenidade das questões levantadas pela sua obra.
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Referências
* Entrevista gravada no CPDoc
da Fundação Getúlio Vargas,
do Rio de Janeiro, em 9 de novembro
de 2015. Essa atividade
integrou o projeto de pesquisa
Cinema e história no Brasil:
estratégias discursivas do documentário
na construção de
uma memória sobre o regime
militar (Edital CNPq Universal
/2013). Maiores informações
disponíveis em
weebly.com/
coletivo.html>. Agradecemos
a Ninna de Araújo Carneiro
Lima pela gravação, ao bolsista
de iniciação científica
CNPq Alexandre Queiroz de
Oliveira pela transcrição e
Juliana Gagliardi pela edição
da entrevista. Todas as notas
são de responsabilidade dos
entrevistadores.
Município de São Paulo onde
foi realizado clandestinamente
o 30° Congresso da União Nacional
dos Estudantes (UNE),
em 1968. Na ocasião, cerca de
mil estudantes foram presos.
A primeira edição foi ao ar
em 1973.
Heitor, interpretado por Caio
Blat, é um dos irmãos de Lucia
Murat, enviado pela família
ao exterior em 1969 para que
não se envolvesse com a luta
armada.
Trata-se de Samson and Delilah
(2009), de Warwick Thornton.
Ativista dos direitos dos afroamericanos,
publicou em 1970
Soledad brother: the prison letters
of George Jackson.
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