Entrevista com Lucia Murat

Autores

  • Eduardo Morettin
  • Mônica Almeida Kornis Doutora em Artes pela Universidade de São Paulo (USP). Autora, entre outros livros, de Cinema, televisão e história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

DOI:

https://doi.org/10.14393/ArtC-V20n36-2018-1-09

Resumo

Lucia Murat (Rio de Janeiro, RJ, 1948) é cineasta. Militante estudantil nos anos 1960, entrou na clandestinidade após a promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Presa em 1971, sofreu inúmeras torturas até ser posta em liberdade em 1974. O interesse pelo cinema, política e jornalismo a levou em 1978 à Nicarágua, que enfrentava uma guerra civil entre as forças governistas e a oposição, liderada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional. Ao retornar ao Brasil, a partir dos registros feitos, edita o seu primeiro fi lme O pequeno exército louco (1984). Desde então havia o desejo de misturar documentário e fi cção, articulação presente em seu primeiro longa-metragem, Que bom te ver viva (1989). Nele, o monólogo da personagem interpretada por Irene Ravache dialoga com os depoimentos de expresas políticas, que relatam as suas experiências sofridas pela repressão militar a partir de 1964. O interesse pela história do país está presente em diversos fi lmes, tanto nos que se voltam ao contemporâneo, como Quase dois irmãos (2004), que mostra em três diferentes épocas e situações os confl itos entre a classe média e a favela no Rio de Janeiro, quanto os que se ocupam do passado, como Brava gente brasileira (2000), em que os confrontos dos colonos com os índios no século XVIII na região Centro-Oeste indicam um passado de luta e resistência. Em Uma longa viagem (2011) e A memória que me contam (2013) a dimensão autobiográfi ca se entrelaça com o retrato mais geral de uma época, traço que indica a força e a perenidade das questões levantadas pela sua obra.

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Biografia do Autor

Eduardo Morettin

Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da Escola de Comunicações e Artes da USP. Pesquisador do CNPq. Autor, entre outros livros, de Humberto Mauro, cinema, história. São Paulo: Alameda, 2013.

Referências

* Entrevista gravada no CPDoc

da Fundação Getúlio Vargas,

do Rio de Janeiro, em 9 de novembro

de 2015. Essa atividade

integrou o projeto de pesquisa

Cinema e história no Brasil:

estratégias discursivas do documentário

na construção de

uma memória sobre o regime

militar (Edital CNPq Universal

/2013). Maiores informações

disponíveis em

weebly.com/

coletivo.html>. Agradecemos

a Ninna de Araújo Carneiro

Lima pela gravação, ao bolsista

de iniciação científica

CNPq Alexandre Queiroz de

Oliveira pela transcrição e

Juliana Gagliardi pela edição

da entrevista. Todas as notas

são de responsabilidade dos

entrevistadores.

Município de São Paulo onde

foi realizado clandestinamente

o 30° Congresso da União Nacional

dos Estudantes (UNE),

em 1968. Na ocasião, cerca de

mil estudantes foram presos.

A primeira edição foi ao ar

em 1973.

Heitor, interpretado por Caio

Blat, é um dos irmãos de Lucia

Murat, enviado pela família

ao exterior em 1969 para que

não se envolvesse com a luta

armada.

Trata-se de Samson and Delilah

(2009), de Warwick Thornton.

Ativista dos direitos dos afroamericanos,

publicou em 1970

Soledad brother: the prison letters

of George Jackson.

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Publicado

2018-10-22

Como Citar

Morettin, E., & Kornis, M. A. (2018). Entrevista com Lucia Murat. ArtCultura, 20(36). https://doi.org/10.14393/ArtC-V20n36-2018-1-09

Edição

Seção

Dossiê História & Cinema