“Cidadã de segunda classe”: sujeitos femininos e a fragmentação identitária no mundo pós-colonial
DOI:
https://doi.org/10.14393/TES-v0n0-2021-60699Palavras-chave:
Buchi Emecheta, colonialismo, fragmentação identitária, análise literáriaResumo
A contemporaneidade, marcada por constantes deslocamentos geográficos, simbólicos e ontológicos, carrega as marcas de seu tempo; e também os traços históricos da exploração colonial e da fragmentação identitária que a mesma potencializou. Esta análise literária, baseada no volume “Cidadã de Segunda Classe” (2018), da nigeriana radicada em Londres Buchi Emecheta, visa à problematização da experiência de fragmentação e transmutação identitária vivenciada por migrantes, bem como seus efeitos contemporâneos. Nesta reflexão, o papel da Literatura como ferramenta para a consolidação do locus enunciativo de tais grupos e sujeitos é abordado, assim como a sua centralidade para a reconstrução de narrativas históricas e políticas com base no processo dialético de estruturação das identidades. A partir das experiências da personagem Adah, de caráter altamente autobiográfico, observam-se diferentes tipos de deslocamento e alteridade: o lugar da mulher na sociedade patriarcal igbo, o enquadramento das imigrantes africanas, e de seus descentes, na estrutura social inglesa e a importância das mesmas para o estabelecimento de novos sujeitos femininos e perspectivas literárias. O volume, publicado na década de setenta do século XX, levanta inúmeras questões que se refletem na atualidade e contribuem para a compreensão dos processos históricos de desterritorialização e ressignificação identitária aqui abordados.
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