Decolonialidade e justiça restaurativa

diálogos e possibilidades

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/RFADIR-51.1.2023.68411.725-749

Palavras-chave:

Justiça Restaurativa, Sul Global, Decolonial, Sociedade plural

Resumo

No presente estudo, pretende-se apresentar as potencialidades da Justiça Restaurativa como um paradigma capaz de superar alguns dos problemas identificados em relação ao sistema de justiça tradicional, tendo como principal diretriz a reparação integral do dano por meio da construção dialógica de uma solução em um espaço profícuo ao diálogo respeitoso e voluntário, efetivando direitos e garantias fundamentais dos envolvidos e conferindo protagonismo àqueles efetivamente implicados no conflito - autor, vítima e comunidade. Parte-se da vertente jurídico-sociológica para o desenvolvimento do tema proposto, por meio de uma revisão bibliográfica acerca da Justiça Restaurativa como um novo paradigma de justiça alinhado ao Estado Democrático de Direito utilizando, para tanto, o método de pesquisa indutivo. Faz-se necessário pensar um novo modelo de justiça alinhado com as necessidades dos países do Sul Global, de tal forma que a Justiça Restaurativa se apresente sob uma perspectiva contra-hegemônica e decolonial. Pretende-se analisar um modelo restaurativo crítico em diálogo com a decolonialidade, apto à consciência historicizada e política da cultura brasileira, evitando a replicação de violências estruturais, recuperando narrativas ancestrais, desconstruindo e reconstruindo o combate pré e pós-colonial e restaurando epistemologias silenciadas. Faz-se necessário o rompimento com a narrativa hegemônica da história do Brasil contada a partir do ponto de vista eurocêntrico, superando a colonialidade do poder, do ser e do saber, proporcionando então um diálogo com as Epistemologias do Sul, com resgate de saberes suprimidos e silenciados. Assim, pretende-se sulear a Justiça Restaurativa, de forma a subverter a visão de mundo imposta pelo Norte e a homogeneidade cultural, focando-se nas necessidades locais por meio de práticas restaurativas que utilizem critérios transculturais que não pretendam uma uniformidade nem suprimam minorias em suas expressões culturais. Dessa forma, busca-se, neste breve estudo, apontar possíveis caminhos para a solidificação de uma Justiça Restaurativa decolonial, alinhada a uma sociedade plural, com interesses diversos e conflitos de maior complexidade. A Justiça Restaurativa decolonial obsta que que o sistema de justiça do Sul Global continue a reproduzir os padrões discriminatórios e de opressão em face dos povos historicamente marginalizados e subalternizados, que sentem os reflexos da colonização até os dias atuais.

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Biografia do Autor

Lígia Machado Terra, Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP

Mestra em Direito pela Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP, Programa de Pós-Graduação em Direito "Novos Direitos, Novos Sujeitos (2020/2022), tendo sido pesquisadora bolsista da UFOP. Especialista em pós-graduação lato sensu em Mediação e Arbitragem, pela Faculdade Internacional Signorelli (2020), em Direito Ambiental, pela Faculdade Internacional Signorelli (2019), e em Direito Processual Contemporâneo Aplicado, pela Universidade FUMEC (2015). Possui graduação em Direito pela Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP (2009/2014). Técnica em Meio Ambiente pelo Instituto Federal de Minas Gerais - IFMG Campus Ouro Preto (2020/2022). Atualmente é Advogada no Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS da Prefeitura Municipal de Mariana/MG. 

Yollanda Farnezes Soares Bolonezi, PUC MINAS

Doutoranda em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC - Minas) na linha de Pesquisa Direitos Humanos, Integração e Estado Plurinacional (2022 - 2026), com bolsa integral concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Membra do Núcleo Jurídico de Políticas Públicas do Programa - NUJUP da Pós-Graduação em Direito e Faculdade Mineira de Direito PUC Minas, grupo de pesquisa interdisciplinar e transdisciplinar que pesquisa instrumentos jurídicos emancipatórios de poder, planejamento e gestão democráticos, plurais, do interesse público sobre o território e efetividade de direitos fundamentais. Mestra em Direito, pelo programa Novos Direitos, Novos Sujeitos - Universidade Federal de Ouro Preto (2017 - 2019). Possui graduação em Direito pela Universidade Federal de Ouro Preto (2011 - 2016). Especialização em Penal e Processo Penal (2020). É pesquisadora do Grupo de Estudos em Justiça Restaurativa - GEJUR, da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Editora-adjunta da Revista da Faculdade Mineira de Direito (A1). Atuou como pesquisadora em Iniciação Científica fomentada pela FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, por dois anos consecutivos (2014 - 2015), com ênfase em Direito Penal e Criminologia Crítica, e integrou o Grupo de Estudos em Ciências Penais - GECiP (2013 - 2017), da Universidade Federal de Ouro Preto. Atualmente, tem como escopo de pesquisa: Justiça Restaurativa, Vitimologia, Criminologia, Direito Penal e Processo Penal. 

Thalita Araújo Silva, Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP

Mestranda em Direito pelo programa Novos Direitos, Novos Sujeitos - Universidade Federal de Ouro Preto (2022 - 2024). Bacharela em Direito pela Universidade Federal de Ouro Preto. Especialista em Direito Penal, Direito Processual Civil e Direito Público pela Faculdade IBMEC/SP. Atualmente é Advogada da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA). É pesquisadora do Grupo de Estudos em Justiça Restaurativa - GEJUR, da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Durante a graduação, atuou como pesquisadora pelo Programa Institucional de Voluntários de Iniciação Científica da Universidade Federal de Ouro Preto (PIVIC-UFOP), por dois anos consecutivos (2015-2017), com ênfase em Direito Penal, e integrou o Grupo de Estudos em Ciências Penais - GECiP (2013 - 2017), da Universidade Federal de Ouro Preto. Atualmente, tem como escopo de pesquisa: Justiça Restaurativa, Vitimologia, Criminologia, Direito Penal e Direito Processual Penal.

Juliana Souza Ramos, Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP

Mestranda em Direito no Programa de Pós Graduação "Novos Direitos, Novos Sujeitos" pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e membra do grupo de pesquisa Caleidoscópio da UFOP, vinculado ao CNPq. Possui graduação em Psicologia pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - UnilesteMG (2008), especialização em Psicologia Clínica pelo UnilesteMG (2010), especialização em Gestão de Políticas Públicas, com ênfase em Gênero e Relações Etnorraciais pela UFOP (2014) e Formação em Psicanálise pelo Instituto de Psicanálise e Saúde Mental da Escola Brasileira de Psicanálise - Seção Minas Gerais. É servidora pública efetiva do município de Mariana/MG, desde 2011, onde atua na política pública de assistência social no âmbito do atendimento a sujeitos com direitos ameaçados e/ou violados.

Michelle Fonseca de Oliveira, Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP

Bacharel em Direito pela UFMG (2010).Tecnóloga em Processos Gerenciais: ênfase Gestão das Organizações do Terceiro Setor pela UEMG (2013). Pós-graduada em Direitos Humanos e Cidadania pelo IDH / ISTA (2019). Advogada. Foi tutora no Programa NÓS - Núcleos para orientação e solução de conflitos escolares. Atua com pessoas em situação de violação de direitos e em vulnerabilidade social.

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Publicado

2023-08-07

Como Citar

Machado Terra, L., Farnezes Soares Bolonezi, Y., Araújo Silva, T., Souza Ramos, J., & Fonseca de Oliveira, M. (2023). Decolonialidade e justiça restaurativa: diálogos e possibilidades. Revista Da Faculdade De Direito Da Universidade Federal De Uberlândia, 51(1), 725–749. https://doi.org/10.14393/RFADIR-51.1.2023.68411.725-749