ANTROPOLOGIA MÉDICA E PRÁTICAS DE SAÚDE EM XONIN/GOVERNADOR VALADARES (DÉCADA DE 1950): UMA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR DA ATUAÇÃO DO SESP
DOI:
https://doi.org/10.14393/Hygeia2175617Palavras-chave:
Interdisciplinaridade, Abordagem Biocultural Crítica, Estudos Territoriais, Corpo-território, Saúde PúblicaResumo
Este artigo traz resultados de estudos sobre algumas práticas de saúde no distrito de Xonin (Governador Valadares), considerando um relatório antropológico encomendado pelo Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), em O instrumental teórico interdisciplinar da Abordagem Biocultural Crítica (ABC) e da Antropologia Médica foi utilizado em diálogo com os Estudos Territoriais, a partir do conceito de corpo-território, com o objetivo de compreender a interação médico-paciente. O relatório evidenciou, por parte dos médicos “sespianos”, uma certa incompreensão da corporeidade centrada no corpo-território vivenciado em Xonin em relação ao uso da medicina. A partir dessa perspectiva, o relatório encomendado considerou como um insucesso o atendimento do SESP, em função do comportamento dos pacientes. A ABC permitiu considerar a pertinência de uma perspectiva interdisciplinar para compreender de forma mais abrangente, a partir do conceito de corpo-território, elementos relativos às permanências, às mudanças, aos sucessos e insucessos de algumas práticas de saúde.
Downloads
Referências
ANZIEU, Didier. O eu-pele. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1989.
BASTOS, Nilo Chaves de Brito. SESP/FSESP: 1942 – Evolução Histórica – 1991. Recife: Comunicarte, 1993.
BELL, Catherine. Ritual: Perspectives and Dimensions. Oxford: Oxford University Press, 1997. https://doi.org/10.1093/oso/9780195110517.001.0001
BENSAUDE-VINCENT, Bernadete. As vertigens da tecnociência: moldar o mundo átomo por átomo. São Paulo: Ideias e Letras, 2016.
BRUNER, Edward. M. Experience and its Expressions. In: TURNER, Victor W.; BRUNER, Edward. M. The Anthropology of Experience. Chicago: University of Illinois Press, 1986. p. 3-30.
CAMPOS, A. L. V. Políticas Internacionais de Saúde na Era Vargas: o Serviço Especial de Saúde Pública, 1942-1960. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006. https://doi.org/10.7476/9786557081006
CAMPOS, Andréia Mendes dos; COSTA, Fábio Soares da. Filosofia da Corporeidade: transversalizações de um corpo intenso de devir. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 43, n. 1, p. 223-237, jan./mar. 2018. https://doi.org/10.1590/2175-623663733
CAZAROTTO, José Luiz. Ciências biológicas, neurociência e cultura. In: PASSOS, João Décio; USARSKI, Frank (org.). Compêndio de ciência da religião. São Paulo: Paulus/Paulinas, 2013. p. 367-382.
COE, Kathryn; BARKER, Gail; PALMER, Craig. Social Interaction and Technology: Cultural Competency and the Universality of Good Manners. In: SINGER, Merril; ERICKSON, Pamela I. (Ed.). A Companion to Medical Anthropology. Oxford: Wiley-Blackwell, 2011, p. 443-458. https://doi.org/10.1002/9781444395303.ch22
DRESSLER, William W. Culture and Stress Process. In: SINGER, Merril; ERICKSON, Pamela I. (Ed.). A Companion to Medical Anthropology. Oxford: Wiley-Blackwell, 2011. p.119-134. https://doi.org/10.1002/9781444395303.ch6
GENOVEZ, Patrícia Falco; VILARINO, Maria Terezinha Bretas. Entre práticas sanitárias e saberes tradicionais: a territorialização do saneamento no Médio Rio Doce. In: ABREU, Jean Luiz Neves; ESPINDOLA, Haruf Salmen (org.). Território, sociedade e modernidade. Governador Valadares: Editora da Univale, 2010. p. 119-154.
GROOPMAN, Jerome. The Elusive Artificial Heart. New York Review of Books, New York, v. 65, n. 18, p. 23-25, nov. /dez. 2018.
HAESBAERT, Rogério. Dos múltiplos territórios a multiterritorialidade. In: HEIDRICH, Álvaro Luiz; COSTA, Benhur Pinos da; PIRES, Cláudia Luisa Zeferino; UEDA, Vanda. (org.). A emergência da multiterritorialidade: a ressignificação da relação do humano com o espaço. Canoas/Porto Alegre: Editora ULBRA/Editora UFRGS, 2008. Disponível em: http://www.ufrgs.br/petgea/Artigo/rh.pdf. Acesso em: 12 de nov. 2018.
HAESBAERT, Rogério. Território e descolonialidade: sobre o giro (multi)territorial/de(s)colonial na América Latina. Buenos Aires: CLACSO, 2021.
LE BRETON, David. Anthropologie de la douleur. Paris: Méteilié, 1995.
LEATHERMAN, Tom; GOODMAN, Alan H. Critical Biological Approaches in Medical Anthropology. In: SINGER, Merrill; ERICKSON, Pamela I. (Ed.). A Companion to Medical Anthropology. Oxford: Wiley-Blackwell, 2011. p. 29-47. https://doi.org/10.1002/9781444395303.ch2
LIEBERMAN, Daniel. E. The History of the Human Body: Evolution, Health, and Disease. New York: Pantheon Books, 2013.
KATZ, Jack. How emotions work. Chicago: The University of Chicago Press, 1999.
KONNER, Melvin. The evolution of childhood: Relationships, emotion, mind. Cambridge: Harvard University Press, 2010.https://doi.org/10.2307/j.ctv1p6hnrx
KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva [1962] 2003.
MALAFOURIS, Lambros. The Brain-Artefact Interface (BAI): a challenge for archeological and cultural neuroscience. SCAN, v. 5, n. 2-3, p. 264-273, 2010. https://doi.org/10.1093/scan/nsp057
MASSEY, Doreen. Pelo Espaço. Uma nova política da espacialidade. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
MELLATI, Júlio Cezar. A Antropologia no Brasil: um roteiro. Boletim Informativo e Bibliográfico de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, n. 17, p. 1-92, 1984. Disponível em: http://www.dan.unb.br/images/-doc/Serie038empdf.pdf Acesso em: 23 nov. 2018.
MINAYO, Maria Cecília de Souza; HARTZ, Maria de Araújo; BUSS, Paulo Marchiori. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 7-18, 2000. https://doi.org/10.1590/S1413-81232000000100002
MONDARDO, Marcos Leandro. O corpo enquanto “Primeiro” Território de Dominação: o Biopoder e a sociedade de controle. Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação, 2009. 1-11. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/mondardo-marcos-o-corpo.pdf. Acesso em: 10 nov. 2018.
MORATELLI, Thiago. Os trabalhadores da construção da estrada de ferro Noroeste do Brasil: Experiência operárias em um sistema de trabalho de grande empreitada (São Paulo e Mato Grosso, 1905-1914). Dissertação (Mestrado em História) – Departamento de História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.
OBERG, Kalervo. Chonin de Cima: A rural community in Minas Gerais, Brazil. Rio de Janeiro: OSOM, 1958.
PERROT, Phillipe. Le travail des apparences: Le corps féminin XVIIIe-XIXe siècle. Paris: Seuil, 1984.
SINGER, Merrill. The limitations of Medical Ecology: The concept of adaptation in the context of social stratification and social transformation. Medical Anthropology, v. 10, n. 4, p. 218-229, 1989. https://doi.org/10.1080/01459740.1989.9965969
TRINCA, Tatiane Pacanaro. O corpo-imagem na “cultura do consumo”: uma análise histórico-social sobre a supremacia da aparência no capitalismo avançado. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estatual Paulista, Marília, 2008.
VANNINI, Phillip. Social Semiotics and Fieldwork: Method and Analytics. Qualitative Inquiry, v. 13, n. 1, p. 113-140, 2007. DOI: https://doi.org/10.1177/1077800406295625
VILARINO, Maria Terezinha Bretas. Entre lagoas e florestas: atuação do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) no saneamento do Médio Rio Doce (1942 e1960). Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Mingas Gerais, Belo Horizonte, 2008.
VILARINO, Maria Terezinha Bretas. Da lata d’água ao SESP: tensões e constrangimentos de um processo civilizador no sertão do Rio Doce (1942-1960). Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015.