ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DA HANSENÍASE EM MUNICÍPIO HIPERENDÊMCIO DO NORDESTE BRASILEIRO: ESTUDO ECOLÓGICO, 2013-2018
DOI:
https://doi.org/10.14393/Hygeia2071689Palavras-chave:
Análise espacial, Doenças Negligenciadas, Epidemiologia, HanseníaseResumo
O objetivo deste estudo foi analisar a distribuição espaço-temporal da hanseníase no município de Petrolina, estado de Pernambuco, Brasil. Trata-se de um estudo ecológico envolvendo todos os casos de hanseníase notificados em residentes no período de 2013 a 2018. Para a análise do comportamento temporal, foi utilizado um modelo de regressão por pontos de inflexão. Foram utilizadas abordagens de varredura espacial e espaço-temporal para a identificação de aglomerados espaciais de alto risco no município. Foram notificados 1.458 casos de hanseníase no período, expressando uma média anual de 243 casos e uma taxa de detecção de 71,96 por 100 mil habitantes. A tendência foi considerada estacionária (APC -3,2; p=0,5). Ao examinar a evolução espaço-temporal da doença, observou-se um aumento no número de bairros com registro da doença entre 2013 e 2018. A análise de varredura espaço-temporal identificou dois aglomerados significativos. Um deles entre 2014 e 2016, com um risco relativo de 2,63 (p<0,001), englobando 10 bairros, e o segundo aglomerado no período de 2013 a 2015, sendo composto por um bairro (RR=3,15; p<0,001). Foram detectados aglomerados de alto risco e taxas de prevalência de alta endemicidade a hiperendemicidade na área urbana de Petrolina, atrelados às características de vulnerabilidade social desses espaços.
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