ANÁLISE DO PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO, OCUPACIONAL E SAÚDE MENTAL DOS FISIOTERAPEUTAS QUE PRESTARAM ASSISTÊNCIA DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
DOI:
https://doi.org/10.14393/Hygeia2071153Palavras-chave:
COVID-19, Saúde do Trabalhador, Saúde mental, Inquérito de saúde, FisioterapeutasResumo
Objetivo: Analisar perfil sociodemográfico, ocupacional e saúde mental dos fisioterapeutas que atuaram durante a pandemia de COVID-19 no município de Uberaba-MG. Método: Estudo observacional, transversal, quantitativo. Amostra composta por fisioterapeutas dos serviços assistenciais do SUS, que atenderam pacientes com COVID-19 (grupo 1), e que não atenderam (grupo 2). Utilizaram-se dois instrumentos: um para caracterização do perfil sociodemográfico e ocupacional, analisados através das distribuições de frequências absoluta e relativa para variáveis categóricas, e medidas de tendência central para variáveis contínuas; outro para rastreamento de transtornos mentais comuns (TMC), o Self-Report Questionnaire (SRQ-20), analisado através do preconizado no artigo de validação e sintaxe. Resultados: Do total, 55,7% atenderam pacientes com COVID-19, 88,5% eram mulheres, 39,3% com faixa etária entre 31-40 anos, 70,5% casados/companheiro, 86,9% receberam treinamento sobre COVID-19, 86,9% tiveram EPI suficiente e 47,5% se infectaram com COVID-19. Comparando os grupos, os fisioterapeutas do grupo 1 trabalhavam na instituição a menos tempo (p=0,0020), recebiam menores salários (p=0,0050), aumentaram a carga horária de trabalho durante a pandemia (p=0,002). Em relação ao TMC, 47,1% do grupo 1 e 55,6% do grupo 2 apresentaram rastreio positivo, valores sem diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Conclusão: Evidenciada relação estatisticamente significativa entre menor tempo de trabalho na instituição, menor renda mensal, maior carga horária de trabalho e maior proporção de fisioterapeutas que atenderam pacientes com COVID-19. Sobre a saúde mental, mais da metade de toda a amostra analisada apresentou alteração, mas sem diferença significativa entre os grupos, demonstrando que tanto os fisioterapeutas que atenderam quanto os que não atenderam pacientes com COVID-19 sofreram com o efeito negativo da pandemia.
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