A expressão brasileira da colonialidade da natureza

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/RFADIR-51.1.2023.68293.167-195

Palavras-chave:

Decolonialidade, Colonialidade da natureza, Natureza e cultura

Resumo

O artigo discute e articula aspectos da colonialidade da natureza no contexto brasileiro. A noção de colonialidade da natureza é uma chave interpretativa do paradigma decolonial fundamental para entender como a ideia moderna de natureza fez dela uma dimensão do mundo a ser subjugada e dominada e como essa dinâmica foi condição para assegurar a supremacia da civilização ocidental em relação ao ‘mundo selvagem’. Inicialmente, é apresentado um breve panorama sobre as ideias ocidentais de natureza que são depois contrastadas com noções outras de natureza em que ela é concebida como um domínio pleno de intenção, consciência e agência a fim de evidenciar a não-universalidade da ‘natureza-objeto’ que vigorou na ciência, política e economia moderna. Busca-se demonstrar também como a ideia de selvagem, em contraste com a de civilização, atribuída à natureza e aos povos indígenas, é central no impulso colonial de domesticar a ‘natureza selvagem’ convertendo-a em recurso a ser explorado. Ao longo do texto, as práticas de comoditização dos territórios protegidos e seus ‘recursos naturais’ e as dinâmicas político-econômicas de desterritorialização dos povos são articuladas para explicitar a expressão brasileira da colonialidade da natureza marcada, historicamente, pela obstinação da política econômica dos estados e corporações em popular de empreendimentos de alto impacto socioambiental os territórios de populações locais e, mais recentemente, pelo ataque coordenado contra a integridade dos ecossistemas e direitos dos povos através do desmonte de estruturas de fiscalização e de sinalizações legais favoráveis às invasões e devastação dos seus territórios.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Juliana Diniz, Instituto de Desenvolvimento Regenerativo

Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Uberlândia com ênfase em Antropologia. Possui formação complementar e experiência profissional nas áreas de Antropologia, Educação, Sustentabilidade e Agroecologia. Pesquisa sobre socioambientalismo e populações tradicionais. É cofundadora do Instituto de Desenvolvimento Regenerativo, onde trabalha como consultora apoiando projetos e organizações na realização de um papel regenerativo nos territórios e economias locais.

Downloads

Publicado

2023-08-07

Como Citar

Diniz, J. (2023). A expressão brasileira da colonialidade da natureza. Revista Da Faculdade De Direito Da Universidade Federal De Uberlândia, 51(1), 167–195. https://doi.org/10.14393/RFADIR-51.1.2023.68293.167-195