JEREMIAS SEM-CHORAR (1964b): ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE UMA OBRA POLÊMICA
Palavras-chave:
Jeremias, Bíblia, tecnologia, linossigno e infância.Resumo
Cassiano Ricardo foi autor atuante, bom leitor dos clássicos literários e políticos e, principalmente, bom leitor da Bíblia. Em Jeremias Sem-Chorar (1964), perpassa tanto as referências ao profeta hebreu Jeremias, aliás, importante personagem do imaginário hebreu, e o Livro das Lamentações como, também, uma denúncia política a um mundo pós-moderno em que o homem já não tem mais espaço para seus lamentos. Um mundo cada vez mais ofuscado pela indiferença, o caos e as consequências materiais e morais advindas da bomba atômica. Ele nos traz ao invés de versos, linossignos, para que entendêssemos que na pós-modernidade o que ficou no lugar do verso é uma concepção visual do poema. O homem da pós-modernidade está inserido no contexto da máquina, do permanente medo da destruição pela bomba atômica. Para Cassiano Ricardo ele deve se unir pelo amor, assim, essa aliança é simbolizada na esfera, com a ideia do todo, sendo o linossigno. Pesa ainda sobre ele a alteração climática do planeta, as guerras infinitas, o fanatismo religioso, a fragmentação da família e o desinteresse pela política. Em uma possível leitura desta obra, observamos que seu Jeremias pode representar o judeu contemporâneo que chora não mais a destruição do templo e a escravidão na Babilônia, como fez o profeta a milhares de anos atrás. Chorar e se lamentar já não leva a humanidade a lugar algum. Para Cassiano Ricardo, restam aos Jeremias contemporâneos à poesia, o jogo estético, o lúdico e, também, o voltar a ser criança.Downloads
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Publicado
2013-03-07
Edição
Seção
Lingüística e Letras