Os trabalhadores nas páginas do Estadão: "Demonização" e criminalização dos movimentos de trabalhadores rurais e urbanos (1963-1964) no jornal O Estado de S. Paulo.
DOI:
https://doi.org/10.14393/HeP-v30n57-2017-1Resumen
O objetivo deste artigo é apresentar a forma como o matutino O Estado de S. Paulo retratou os movimentos de trabalhadores, tanto rurais como urbanos, no período que antecedeu o Golpe Civil Militar de 1964, mais especificamente entre outubro de 1963 e março de 1964, buscamos compreender em que medida esse periódico contribuiu para a disseminação do "fantasma" do comunismo - associando o termo às lutas camponesas, Ã reforma agrária, aos sindicatos e às greves - e como legitimou o golpe civil-militar como única alternativa para conter aquela ameaça. Avançamos, na análise do material, até o final de abril de 1964 para mostrar como esse jornal justificou o golpe e a violência que se seguiu sobre os trabalhadores. Mostramos que, através de forte atuação editorial, o periódico vinculou as manifestações sindicais e as greves ao "avanço comunista", contribuindo para o processo de criminalização das lutas dos trabalhadores - tanto no campo quanto na cidade - e de desconstrução da legitimidade de suas reivindicações.
PALAVRAS CHAVE: Golpe de 1964. Imprensa. Trabalhadores.
ABSTRACT: The purpose of this paper is to present how the morning newspaper "O Estado de S. Paulo" portrayed the movement of workers, both rural and urban, in the period before the Civil Military Coup, to be more precise, between October 1963 and March in 1964, we try to understand to what extent this newsletter has contributed to the spread of "communism's ghost" - associating the term to peasant struggles, agrarian reform, trade unions and strikes and how legitimized the civil-military coup as the only way to contain that threat. We move forward in the analysis of material by the end of April 1964 to show how this newspaper has justified the coup and the ensuing violence on workers. We show that, through strong editorial role, the journal linked the industrial action and strikes the "Communist breakthrough," contributed to the criminalization process of workers' struggles - both in the field and in the city - and deconstruct the legitimacy of their claims.
KEYWORDS: 1964. Coup. Press. Workers.
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