Apresentação

Resumo

Este número da Revista História & Perspectivas tem um toque plural, abrangendo temporalidades, temas e campos de conhecimento bastante diversos. Optamos por acolher essa multiplicidade de contribuições que, por diferentes caminhos representam os esforços de pesquisa do Instituto de História, por meio dos seus diversos núcleos e linhas de pesquisa, assim como das atividades desenvolvidas no curso de pós-graduação. Dessa forma, propõe-se uma reflexão sobre os rumos do próprio pensamento produzido no interior da academia nas atuais circunstâncias pelas quais passa a organização do trabalho docente nas universidades em geral e em especial as condições de pesquisa e divulgação nas universidades públicas brasileiras. As questões vão desde as inquietações epistemológicas até os embates políticos cotidianos de uma luta corporativa que visa abrir uma nova via de comunicação com a política mais ampla da educação e pesquisa no país, discutir o lugar da universidade e, sobretudo, a fragilidade da atividade docente na atual conjuntura da sociedade brasileira. Tal fragilidade manifesta-se na insegurança trabalhista, no atropelo das demandas das agências de fomento e pesquisa e na burocratização crescente do trabalho acadêmico. Diante desse quadro, uma pausa para a reflexão é necessária para que novas estratégias de luta se atualizem e para que novos caminhos possam ser trilhados. O recurso a uma saída estratégica de nós mesmos e o distanciamento que nos propõe novos horizontes pode passar também por entre essas páginas que ora apresentamos. Claudine Haroche, professora convidada pela linha Política e Imaginário para ministrar cursos e apresentar suas pesquisas, nos deixou um de seus artigos, cujo ponto central de discussão é justamente uma volta aos clássicos no intuito de indagar, afinal, quais são as condições para o pensar. A primazia dos espaços de informação e a fragmentação do saber colocam a produção do conhecimento novos desafios e muitas armadilhas. O mais interessante na organização da problemática trazida por Haroche é que a autora parte de um contexto francês e mesmo assim, o artigo toca fundo em algumas das nossas próprias angústias, sugerindo um diálogo extremamente instigante. Em outro momento, contamos ainda, dentro das atividades desenvolvidas pela pós-graduação, com a participação de Sônia Mendonça, que veio a convite da linha Movimentos Sociais apresentar sua mais recente pesquisa. Com o foco voltado para as transformações na política de representação das elites rurais no Brasil da segunda metade do século XX, a autora avança na análise até as configurações mais atuais, no governo Lula, apresentando uma contribuição importante para o estudo das questões agrárias no Brasil contemporâneo. Por sugestão do historiador Felipe Charbel, decidimos pela publicação de um dos textos de Thomas Greene, autor este mais conhecido pelos críticos literários do que por historiadores brasileiros, mas cuja análise dos autores renascentistas e a problemática do self, ou seja, da produção da subjetividade é historicizada de maneira a sacudir as certezas deste campo historiográfico de maneira profícua. Acreditamos que esta tradução contribua e divulgue o trabalho desse internacionalmente reconhecido estudioso da literatura renascentista, tornando-o assim acessível a vários leitores não familiarizados com o Inglês, uma vez que boa parte de sua obra encontra-se ainda inédita no país. Dois artigos abordam, por meio de diferentes prismas, a cultura afro-brasileira sugerindo-nos sons, ritmos, saberes e domínios que narram histórias das quais temos muito pouco conhecimento. Um terceiro texto questiona as armadilhas do discurso jornalístico em relação a cultura popular, em especial no tocante as matérias dedicadas a Folia de Reis. As medidas reguladoras pertinentes ao processo de modernização do espaço urbano também reaparece em análise sobre a cidade de Batatais. Recuando no tempo, o artigo de Guilherme Amaral Luz, do qual extraímos a imagem da capa, nos proporciona uma oportuna indagação sobre as atuais políticas neocolonialistas, ao analisar dois textos de P. M. Gandavo realizando uma leitura ao mesmo tempo literária e política das questões em tela na terra de Santa Cruz, durante o Império Português. Através de uma análise de cunho epistemológico, João Batista Domingues Filho toca na intrincada e desafiadora problemática das condições de cientificidade da Sociologia, tendo como principais interlocutores Max Weber e Richard Rorty. Por fim, temos uma resenha do livro de Antônio C. Ortega, Agronegócios e representação de interesses no Brasil., escrita por Renata Rastrelo e Silva. Boa leitura!

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Publicado

2006-09-29

Como Citar

Apresentação. Revista História & Perspectivas, [S. l.], v. 1, n. 3233, 2006. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/historiaperspectivas/article/view/19017. Acesso em: 12 nov. 2024.

Edição

Seção

Editorial