Debates sobre as relações do poder local, língua e cultura jurídica em Moçambique:

Caminhos possíveis, mas controversos

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.14393/RCS-v10n2-2020-58276

Palabras clave:

Cultura Jurídica. Descentralização. Relações de poder. Cultura. Língua

Resumen

Em Moçambique, o poder local tem enfrentado  influências dos partidos políticos, atitude que desvia as intenções da criação deste poder nas comunidades. Os conflitos decorrentes da legislação e das práticas tradicionais em Moçambique têm raízes do passado distante. A pesquisa pretende estudar e debater a relevância do poder local na harmonia social e na estabilidade política e democrática. A língua se liga à cultura se transformam num pilar preponderante para a preservação das tradições. Com este trabalho objetiva-se identificar as relações de poder entre o governo e as autoridades locais; analisar as relações de poder nos processos de negociação e resolução de conflitos; avaliar o lugar social que a cultura jurídica detém e seu papel no processo de governação e propor possíveis estratégias de relações de poder e cultura jurídica. É uma pesquisa bibliográfica, analisando fenômenos por meio de uma abordagem qualitativa com aporte do método etnográfico. Cita-se teóricos como Cistac (2012), Vicente (2015), Weimer (2012), Massuanganhe (2011) entre outros. Da pesquisa se conclui que a cultura jurídica moçambicana está presente nas comunidades rurais embora fosse importunada pelos partidos no poder. A língua local e a cultura participam na determinação das relações sociais o que torna o papel dos lideres comunitários como fundamental para a harmonia social. Concluiu-se que é necessário aprofundar as dimensões da descentralização remetendo-se a uma reflexão sobre a relação entre o objeto a descentralizar, os atores envolvidos, o espaço tempo e as várias agendas que entram em cena nos contextos políticos e sociais específicos.

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Biografía del autor/a

Alexandre António Timbane, Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira

Doutor em Linguística e Língua Portuguesa (2013) pela UNESP, Mestre em Linguística e Literatura moçambicana (2009) pela Universidade Eduardo Mondlane – Moçambique (UEM). É Licenciado e Bacharel em Ensino de Francês como Língua Estrangeira (2005) pela Universidade Pedagógica-Moçambique (UP).

Jose Gil Vicente, Universidade Federal de Amazonas

Professor Adjunto do ICET/ UFAM -Universidade Federal do Amazonas, Brasil. Doutor em Ciências da Educação pela Università di Roma Tor Vergata, Itália e Universidad de Granada, Espanha (2014). Linha de pesquisa: Políticas Públicas, Diversidade Cultural e Inclusão Social. Especialista em Organização e Gestão de Serviços Sócio-Sanitários em Contextos Diferenciados pela Università di Bologna, Itália, (2009). Mestre em Ciência Política e Relações Internacionais - Mediação de crise (2012). Mestre em Antropologia, Criminologia Aplicada e Análise Forense (2013), pela PUC - Roma-Itália respectivamente. Com estágios efetuados na Sede da União Europeia, Bruxelas -Bélgica; Sede do IEAP- Instituto Europeu de Administração Pública, Maastricht, Holanda; EUROJUST- Justiça Europeia; EUROPOL - Polícia Europeia- Den Haag e CPI - Corte Penal Internacional - Haia - Holanda. Licenciatura em Pedagogia e Psicologia pela Universidade Pedagógica - UP, Moçambique (2007). Atuando nas disciplinas de Didática Geral; Psicologia das Organizações e do Trabalho e Sociologia da Educação I e II. Áreas de interesse: interface entre Memória, Direito e Sociedade, em campos ligados à Educação, justiça social, à construção legal de identidades e às políticas públicas de desenvolvimento ou reprodução histórico - cultural, voltadas para grupos étnicos ou tradicionais.

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Publicado

2020-12-22