O Novo Sindicalismo entre o antiestatismo e a regulação da economia: Qual perspectiva? (1978-1994)
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCS-v8n2-2018-49202Keywords:
Classes, Novo Sindicalismo, Redemocratização, Autonomia, DireitosAbstract
O Novo Sindicalismo surgiu criticando veementemente a presença do Estado na vida social brasileira. Mas será que isso teria feito desse movimento um precursor inadvertido do neoliberalismo? Essa insinuação ecoa no espaço público brasileiro vinda de distintas posições sociais. Face a tal problemática, o presente artigo interroga duplamente o período de ascensão dessa fração política. Em primeiro lugar, inquire qual seria a melhor maneira de definir o seu projeto societário primevo. A segunda interrogação remete ao modo como o Novo Sindicalismo teria reagido, na primeira metade da década de 1990, ao fato de que alguns de seus valores foram usados para justificar a erosão de dois dos principais alicerces de seu crescimento organizativo, a saber, o crescimento das ocupações assalariadas e a regulação estatal das relações entre capital e trabalho. Optou-se por uma pesquisa documental que aciona fontes primárias, com foco nas resoluções dos congressos da CUT e do PT. A hipótese é de que o Novo Sindicalismo teria amalgamado a sua exigência de face dupla – por uma cidadania política inovadora e pela manutenção dos dispositivos trabalhistas de cidadania social – através de uma visão de mundo mais classista do que propriamente ideológica. Palavras-chave: classes; novo sindicalismo; redemocratização; autonomia; direitos.Downloads
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