Os jovens da jovem
A questão geracional em uma torcida organizada de futebol
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCS-v9n2-2019-56651Palavras-chave:
Botafogo-PB, torcidas, juventude, fases da vida, antropologia das práticas esportivasResumo
O artigo aborda algumas práticas de grupos de torcedores da Torcida Jovem do Botafogo-PB. Analisamos como a torcida se organiza a partir de delimitações geracionais, entre jovens e adultos dentro e fora do Estádio Almeidão. Procuramos analisar as torcidas organizadas a partir de sua diversidade geracional, racial e econômica em seus espaços de atuação e práticas, às vezes visíveis, às vezes nem tanto. A partir de um olhar rasante, de um ponto de vista etnográfico – trabalho de campo realizado entre maio de 2017 e agosto de 2018 –, sobre torcidas organizadas e distintas formas de torcer, discutimos como práticas de torcedores instigam reflexões sobre processos existentes de fluidez e rigidez das linhas fronteiriças geracionais em nossa sociedade. O foco do nosso artigo é a prática daquilo que vamos chamar de “performance do vai e vem”, realizada pela torcida organizada e caracterizada pela harmonia e beleza dos cânticos e movimentos corporais, assim como pela intimidação que desejam provocar nos torcedores adversários. Pretendemos demonstrar como aqueles torcedores que praticam a performance são protagonistas de uma dinâmica tipicamente juvenil, delimitadora de fronteiras com os mais velhos, na contramão de processos em que as fronteiras geracionais estão cada vez mais fluidas, mescladas e imprecisas.
Downloads
Referências
AUGÉ, Marc. Não-Lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Trad. Maria Lúcia Pereira. Campinas: Papirus, 1994.
CONNEL, Raewyn. Gênero em Termos Reais. Trad. Marília Moschkovich. São Paulo: nVersos, 2016.
DAYRELL, Juarez. O jovem como sujeito social. Revista Brasileira de Educação. Campinas, nº 24, pp. 40-52, 2003.
DE LEÓN, Adriano. Tem viado no gramado dos campos de futebol? Uma proposta metodológica para analisar diferentes performances masculinas. In: MACHADO, Charliton; NUNES, Maria; SANTIAGO, Idalina. Olhares: gênero, sexualidade e cultura. João Pessoa: Editora Universitária UFPB. pp. 47-72, 2011.
FEIXA, Carles. De Jóvenes, bandas y tribos: antropología de la juventud. Barcelona: Ariel, 2006.
LE BRETON, David. A Sociologia do Corpo. Trad. Sônia M. S. Fuhrmann. 4ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
MAGNANI, José Guilherme. Os Circuitos dos Jovens Urbanos. Tempo Social. São Paulo, v. 17, n. 2, pp. 173-205, 2005.
PAIS, José Machado. Na rota do quatidiano. Revista Crítica de Ciências Sociais. Lisboa, n. 37, pp. 105-115, jun. 1993.
. Bandas de Garagem e Identidades Juvenis. In: COSTA, Márcia Regina da; SILVA, Elizabeth Murilho da Silva. Sociabilidade Juvenil e Cultura Urbana. São Paulo: Educ, 2006.
. A juventude como fase de vida: dos ritos de passagem aos ritos de impasse. Revista Saúde e Sociedade. São Paulo, vol 18, n. 13, pp. 371-381, 2009.
PIMENTA, Carlos Alberto Máximo. Torcidas Organizadas de Futebol: violência e auto-afirmação – aspectos da construção das novas relações sociais. Taubaté: Vogal Editora, 1997.
TOLEDO, Luiz Henrique de. Torcidas Organizadas de Futebol. Campinas: Autores Associados/Anpocs, 1996.