UMA ANÁLISE DISCURSIVA CRÍTICA DA REPRESENTAÇÃO DA INDISCIPLINA EM REPORTAGENS E ARTIGO DE OPINIÃO DAS REVISTAS "VEJA" E "ÉPOCA"

Resumo

Neste artigo, apresentamos os resultados parciais de nossa pesquisa, correspondente ao trabalho desenvolvido na segunda etapa de nossa investigação, de março de 2011 a fevereiro de 2012. Nessa etapa, analisamos textos de revistas de circulação nacional, voltadas para leitores em geral. O corpus é composto de duas reportagens e um artigo de opinião da revista Veja e uma reportagem da revista Época, que tratam da questão da indisciplina escolar. Apoiamo-nos nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2001, 2003; CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999) e em estudos sobre a indisciplina (ZAGURY, 2006 a e b; AQUINO, 1996 a e b; LONGAREZI, 2001). Os resultados mostram uma representação discursiva da indisciplina segundo a qual ela é um problema que reina na sala de aula, que não é novo e está disseminado nas escolas, públicas e particulares do país e um dos principais problemas dentro da sala de aula. Ela é associada à subversão do senso de hierarquia e se menciona a possibilidade de se vê-la como aliada, como um caminho legítimo do aprendizado. Como responsáveis pela indisciplina são apontados os pais e os professores e são ressaltadas as influências que a indisciplina exerce, especialmente no professor. Com medo e impotentes, muitos professores acabam abandonando a docência. Observamos que os produtores dos textos trazem várias vozes e discursos para seus textos, estabelecendo uma relação intertextual manifesta e uma relação, na maioria das vezes, harmônica. Todavia, em nenhum deles é representada a voz dos alunos. Identificamos, ainda, que nas reportagens predomina a modalidade categórica e objetiva e, no gênero artigo, a objetiva e a subjetiva.