Experiências de prevenção à tortura na América Latina

Ação dos mecanismos preventivos brasileiro, paraguaio e mexicano

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/RCS-v10n2-2020-58156

Palavras-chave:

Mecanismos Preventivos; Tortura; Crime de Oportunidade; Nações Unidas; OPCAT

Resumo

Uma das principais políticas das Nações Unidas de prevenção à tortura foi emanada pelo Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis Desumanos e Degradantes. Desde o lançamento do documento em 2002, diversos países instituíram seus Mecanismos Nacionais Preventivos. Especificamente na América Latina, quatorze constituíram tal órgão, cada qual com perfis e modus operandi distintos. A proposta desse artigo é analisar como esses atores latino americanos caracterizam as violações observadas em suas rotinas de trabalho e quais proposições emitem para revertê-las. A partir da leitura de relatórios dos Mecanismos Preventivos do Brasil, do México e do Paraguai, busca-se proceder reflexões empíricas e teóricas sobre a prática de tortura e sobre as ações dispensadas para preveni-las. São muitos os pontos de divergência entre os diferentes órgãos, mas há também aspectos em comum. O mais emblemático talvez seja a forma como os entes abordam as violações de direitos ocorridas em espaços de privação de liberdade. Todos parecem se voltar em boa medida aos fatores de risco que propiciam a tortura, reforçando a perspectiva criminológica relativa aos crimes de oportunidade.

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Biografia do Autor

Maria Gorete Marques de Jesus, Núcleo de Estudos da Violência da USP

Doutora em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e Pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Sociologia FFLCH-USP. Pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV/USP).

Thais Duarte, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutora em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pesquisadora de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais e pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública.

Mayara Gomes, Universidade Federal do ABC

Doutoranda e Mestra em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC (UFABC). Bacharela em Direito pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (FDSBC). Membro do Grupo de Pesquisa em Segurança, Violência e Justiça da UFABC (SEVIJU/UFABC).

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Publicado

2020-12-22