Cidade, branqueamento e colonialidade

A Construção dos Matizes da Identidade de Londrina e os Impactos sobre a População Negra

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/RCS-v10n1-2020-57754

Palavras-chave:

Cidade, Racismo, Ideologia do Branqueamento, Colonialidade, Segregação

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar, do ponto de vista sociológico, o início da formação de Londrina, décadas de 1920-1950, situando-a no cenário nacional, e a construção dos matizes de sua identidade com seus impactos sobre a população negra na atualidade. Para estudar esse problema, realizamos uma pesquisa bibliográfica mobilizando como principais conceitos a ideologia do branqueamento e a colonialidade em articulação com a história da cidade. Os resultados desse estudo evidenciam que a lógica do colonialismo, persistente sob a forma de colonialidade, articulada às especificidades do racismo no Brasil, alicerçado na ideologia do branqueamento e no mito da democracia racial, serviu para, além de tantos outros infortúnios, obstruir o reconhecimento das contribuições dos negros e a sua própria existência. Outra face dessa dinâmica é a segregação urbana com evidente marca racial, que faz com que os negros ocupem, em sua maioria, os territórios pobres e estigmatizados de diversas cidades brasileiras e Londrina encontra-se inscrita nessa realidade.

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Biografia do Autor

Mariana Panta, Universidade Estadual de Londrina

Pós-Doutoranda e professora colaboradora no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina, com bolsa concedida pela CAPES. Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista - UNESP - Campus Marília (2018), com a realização de Estágio de Investigação Doutoral no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Portugal, como bolsista do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior - PDSE-CAPES (2017). Tem experiência nos seguintes campos de investigação: Relações Raciais, Racismo, Segregação Urbana e Racial, Educação Antirracista, Políticas Públicas, Trajetórias de Personalidades Negras e Pensamento Decolonial.

Maria Nilza da Silva, Universidade Estadual de Londrina

Foi pesquisadora convidada e realizou o Pós-Doutoramento no Centre d Analyse et d Intervention Sociologiques, junto a École des Hautes Études en Sciences Sociales - CADIS/EHESS em Paris entre maio de 2010 e abril de 2011. No período foi bolsista da Capes. Concluiu o Doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 2004. Foi bolsista produtividade de março de 2009 a fevereiro de 2015. Atualmente é Professora Titular de Sociologia da Universidade Estadual de Londrina, com atuação no curso de Graduação em Ciências Sociais e de Pós-Graduação em Sociologia. Foi membro da Comissão Técnica Nacional de Diversidade para Assuntos Relacionados à Educação dos Afro-Brasileiros - CADARA, do Ministério da Educação de 2005 a 2010. Coordena projeto de pesquisa sobre Migração Internacional e de extensão sobre a ações afirmativas e população afro-brasileira. Obteve financiamentos e coordena projetos financiados pelas agências de fomento no Brasil. É coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) e do Laboratório de Cultura e Estudos Afro-Brasileiros (LEAFRO) da UEL. Foi consultora da UNESCO em 2016 e 2017 referente aos estudos africanos, afrobrasileiros e a migração africana atual. Foi Assessora Acadêmica na III Conferência Regional de Ensino Superior CRES 2018 no eixo Educación superior, diversidad cultural e interculturalidad en América Latina.

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Publicado

2020-11-19