A NAÇÃO PORTUGUESA NA OBRA FICCIONAL DE JOSÉ SARAMAGO DOS ANOS 80
Resumo
Os anos 80 representaram a década de surgimento e afirmação alargada da obra literária de José Saramago. Um dos aspetos metaliterários invariantes na obra ficcional do autor daquele período prende-se com a construção de uma visão multiforme, mas inerentemente coerente, de um conceito nacional português. Nessa medida, o artigo não fará uma análise estética e formal dos romances aqui aludidos, mas propõe-se centrar a análise de conteúdo em aspetos de cada romance que se relacionam com o seu objeto de estudo específico: a noção (de nação) de Portugal em Saramago, nas obras ficcionais da década de 1980.
Neste período, as obras de ficção do autor oscilaram entre um pendor histórico mais acentuado (Levantado do Chão, 1980; Memorial do Convento, 1982; O ano da morte de Ricardo Reis, 1984) e uma construção literária que prenuncia a enunciação de parábolas político-filosóficas (A Jangada de Pedra, 1986) que marcariam a sua obra ficcional da década seguinte. O romance que fecha a década e este ciclo (História do Cerco de Lisboa, 1989) representa o culminar das tendências que se vinham desenvolvendo nas obras anteriores: a fusão entre a nação tida como legítima e (um)a nação popular.
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