https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/issue/feed Revista Heterotópica 2024-01-31T14:58:21-03:00 Israel de Sá heterotopica@ileel.ufu.br Open Journal Systems <p>A Análise do Discurso consolidou-se nas últimas três décadas, especialmente no Brasil, como um campo profícuo nos estudos linguísticos que sustentam a articulação de seu objeto, a <em>língua</em>, com a exterioridade. A relação entre língua, sujeito e história, própria dos estudos discursivos, alavancou inúmeras pesquisas e trabalhos que tratam de aspectos e problemáticas caros à sociedade, como a política (o discurso político), a mídia (o discurso midiático), a educação (o discurso pedagógico), a história (os discursos históricos e sociais) etc., articuladas entre si.</p> <p>Nesse cenário, a Revista <em>Heterotópica</em>, criada em 2018 e com a primeira publicação prevista para o primeiro semestre de 2019, surgiu de uma iniciativa do Laboratório de Estudos Discursivos Foucaultianos – LEDIF-UFU visando a contribuir para a difusão e visibilidade dos trabalhos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros em Análise do Discurso e, assim, fortalecer os estudos linguísticos discursivos.</p> https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/69027 Memória e(m) resistência no discurso 2024-01-17T16:35:45-03:00 Júlia dos Santos Oliveira juliasantos@discente.ufg.br Marco Antonio Almeida Ruiz marcoalmeidaruiz@gmail.com <p>Este trabalho tem como objetivo analisar os sentidos construídos pelas redes sociais acerca de uma ditadura da beleza (im)posta ao corpo feminino e que continua, a passos largos, influenciando historicamente os sujeitos a seguirem certos padrões cristalizados numa memória social. Mais especificamente, observamos duas instâncias discursivas que, de um lado, idealiza a beleza a partir da padronização do corpo e da língua, ratificando o discurso dominante de se manter “adequados” e de sucesso, e de outro, resiste a tais pré-construídos, fomentando novos imaginários e cenários de resistência acerca da mulher e de seu corpo livre. Utilizaremos para esta nossa empreitada dois perfis do Instagram, @cintiachagass e @ju_romano, influenciadoras digitais que possuem um número de seguidores expressivo e, de certo modo, contribuem com os dizeres sobre o corpo da mulher, a idealização de beleza e de uma língua “ideal”. Logo, trata-se de observarmos a oposição de duas memórias que retomam não só os fatos e acontecimentos da história evidenciando um setor mercantil e, por consequência, o lucro, mas também promovendo todo o interdiscurso que o inclui como dominante. Para nossa construção analítica, utilizamo-nos das reflexões teórico-metodológicas da análise do discurso de matriz francesa, em especial as noções de memória discursiva e acontecimento, heranças de Michel Pêcheux (2008, 2010).</p> 2023-12-29T00:00:00-03:00 Copyright (c) 2024 Júlia dos Santos Oliveira, Marco Antonio Almeida Ruiz https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/69252 O Low Profile e o deus da voz de trovão 2023-08-21T15:34:36-03:00 Daniel Perico Graciano danielgraciano@estudante.ufscar.br <p>Partimos da hipótese de que em tempos de exploração da mais-valia a partir do uso de redes sociais, o <em>low</em> <em>profile</em> pode representar uma forma de resistência por meio da limitação do compartilhamento de informações pessoais e redução da exposição na web. Isso porque, ao compartilharmos nossas informações pessoais nas redes sociais, estamos fornecendo dados para que sejam utilizados para fins de manutenção das relações de poder políticas e econômicas. Para mostrá-lo, este artigo faz uma análise de um enunciado do portal de notícias UOL, no qual há críticas à figura polêmica do low profile. Para realizar essa análise, valemos-nos de alguns pressupostos análise do discurso materialista, ainda que os conceitos não apareçam de maneira explicita, com o intuito de democratizar este ensaio ao acesso de leitores não especializados.</p> 2023-12-29T00:00:00-03:00 Copyright (c) 2024 Daniel Perico Graciano https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/69955 “[...] o negócio sempre acaba no médico” 2023-10-11T16:52:03-03:00 Bianca Franchini da Silva bifranchinii@gmail.com <p>Sob a mirada da arqueogenealogia foucaultiana, estimada pelos estudos do campo discursivo e pela Linguística Aplicada (LA) Contemporânea, associada a estudos feministas e de gênero, este artigo objetiva analisar os discursos sobre as mulheres cisgênero que inseriram (ou que pretendem inserir) o Dispositivo Intrauterino (DIU) de cobre, tendo em vista os efeitos inventariados por esses discursos na relação médico-enfermeiro-paciente. O <em>corpus</em> é formado por excertos de duas entrevistas semiestruturadas: uma realizada com um médico ginecologista-obstetra; e outra com uma técnica em enfermagem – ambos funcionários do (<em>microespaço</em>) Serviço de Atendimento à Saúde da Comunidade Universitária (SASC), do Hospital Universitário (HU), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A partir dos conceitos de discurso, dispositivo e biopolítica de Foucault, em diálogo com a farmacopornografia de Preciado, as regularidades discursivas apontadas nas entrevistas analisadas possibilitam defender – tanto na construção de si que o médico faz como perito que ocupa um lugar estratégico de <em>diferente</em> quanto na sobrevivência de estratégias de poder pastoral nos discursos da técnica de enfermagem – o funcionamento do <em>dispositivo microprotético DIU</em>. Este, transitando entre discursos e práticas agonísticos/ambíguos, produz marcas de objetivação e subjetivação às mulheres que o aderem, forjando tecnobiodiscursivamente determinadas corporalidades a elas.</p> <p> </p> <p><strong>Palavras-chave</strong>: Biopolítica; Dispositivos; Tecnobiodiscurso; Saúde reprodutiva das mulheres; Dispositivo microprotético DIU.</p> 2023-12-29T00:00:00-03:00 Copyright (c) 2024 Bianca Franchini da Silva https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/70033 A modalidade argumentativa polêmica nas redes sociais 2023-08-21T16:10:21-03:00 Igor Pires Zem El-Dine igorpzem@gmail.com <p>O artigo busca explorar a modalidade argumentativa polêmica por meio de interações em redes sociais. O objetivo é relacionar a desqualificação do outro, à cultura do ‘cancelamento’ e o discurso de ódio nas redes sociais, considerando aspectos constitutivos da polêmica: a dicotomização de teses; a polarização social e a desqualificação do outro. O arcabouço teórico-metodológico utilizado é constituído por Ruth Amossy (2017, 2018), em diálogo com os estudos de Judith Butler (2021), acerca do discurso de ódio. Como resultado, foi possível perceber que as redes sociais são espaços de interação digital que iteram formas de preconceito, de discriminação e de ofensas contra grupos minoritários e vulneráveis socialmente. A linguagem é o canal de comunicação utilizado nas plataformas digitais que pode machucar as pessoas por meio dos atos de fala. Nesse sentido, as discussões apresentadas neste artigo mobilizam debates necessários sobre o discurso de ódio e a cultura do ‘cancelamento’.</p> <p> </p> 2023-12-29T00:00:00-03:00 Copyright (c) 2024 Igor Pires Zem El-Dine https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/70178 O “kit covid” e a fissura na prática discursiva médica no combate à pandemia do Coronavírus 2023-11-16T10:55:23-03:00 Daiany Bonacio daiany@uel.br <p>Dentre as práticas discursivas que surgiram com a pandemia, chamou-nos atenção as práticas geradas pelo acontecimento discursivo conhecido como “kit covid”. Esse acontecimento evidenciou as contradições que emergiram dentro da prática discursiva médica na forma de entregar modos de ser e dizer aos sujeitos no tocante à cura do coronavírus, uma vez que emergiram discursos favoráveis ao kit e contrários a ele. No intuito de que a “informação verdadeira” sobre como combater o vírus chegasse até as pessoas, os grupos usaram diferentes dispositivos a favor de seus discursos. Tal cenário deixou evidente uma disputa de poder dentro da medicina. A fim de compreender o referido embate, realizamos um gesto de interpretação nos discursos veiculados pela prática discursiva médica em sua tentativa de entregar aos sujeitos formas de controlar a Covid-19. Tal gesto se faz necessário, uma vez que as pessoas sentiram-se confusas, não sabendo em quem ou o quê acreditarem nesse momento em que um vírus letal assombrava suas vidas. O presente artigo se filia à corrente teórica Análise do Discurso de perspectiva foucaultiana e tem como base os estudos desenvolvidos por Michel Foucault na sua fase arquegenealógica. A partir do arcabouço teórico mencionado, deparamo-nos com uma ruptura dentro da medicina, de modo que foi possível individualizar formações discursivas discordantes acerca da cura.</p> 2023-12-29T00:00:00-03:00 Copyright (c) 2024 Daiany Bonacio https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/70196 Vozes midiáticas sobre o sujeito indígena em Dourados-MS e o falar de si 2023-10-11T16:45:07-03:00 Jaqueline Zanzi jzanzi@hotmail.it Silvia Mara de Melo silviamelo@ufgd.edu.br <p>Temos como objetivo, neste artigo, apresentar reflexões acerca das representações pela mídia local no que concerne aos sujeitos indígenas sobreviventes no estado do Mato Grosso do Sul, mais especificamente na Reserva Indígena de Dourados. Além de enunciados midiáticos, nossa pesquisa contou ainda com relatos desses sujeitos, a fim de detectar nas regras de formação discursiva eventuais dispositivos de poder, que muitas vezes incidem, tanto no modo como ocorre o processo de subjetivação dessas pessoas, quanto na forma como isso aparece na mídia. Metodologicamente, valemo-nos de recortes feitos em notícias e reportagens veiculadas em jornais <em>on line </em>de Dourados, entrevistas e pesquisa bibliográfica. Empregamos como referencial teórico os Estudos Discursivos Foucaultianos, comentadores de Michel Foucault, Goffman para a abordagem sobre estigmas, entre outros. Concluímos com esta análise que a mídia não representa a realidade e acaba por reforçar os estigmas e estereótipos já tão engessados na sociedade douradense quando se trata de sujeitos indígenas. Por isso, ouvi-los para a constituição dessa análise permitiu-nos conhecê-los e perceber como se subjetivam pelo olhar midiático e cultural.</p> <p><strong>Palavras-chave</strong>: Sujeitos Indígenas; Estudos Discursivos Foucaultianos; Estigmas.</p> 2023-12-29T00:00:00-03:00 Copyright (c) 2024 Jaqueline Zanzi, Silvia Mara de Melo https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/70253 Legalidade como efeito de sentido 2023-10-11T16:38:28-03:00 Juliene Marques juliene.marques@ifc.edu.br <p>A partir do Projeto de Extensão “Mulheres Sim - Empoderar é libertar mulheres: educação integral, arte e trabalho”, realizado pelo Instituto Federal de Santa Catarina, em 2018, no Presídio Feminino de Tubarão – SC, este artigo apresenta como <em>corpus</em> um recorte de entrevista narrativa realizada com uma mulher em situação de privação de liberdade participante do projeto. Como objetivo geral, estabelece-se a ação de analisar as condições de produção do cárcere e seus efeitos de sentido no sujeito encarcerado e, para tanto, traça-se um trajeto teórico-analítico de investigação, contando com a Análise de Discurso pêcheuxtiana como aporte teórico, bem como com alguns pressupostos da filosofia política contemporânea. Diante de um embate entre o <em>corpus</em> e documentos legais referentes ao funcionamento do cárcere, a investigação destacou a legalidade como um efeito de sentido que faz a manutenção de direitos: para alguns, os assegura; para outros – inseridos em um sistema prisional entendido como legal –, apresenta-se como falta.</p> 2023-12-29T00:00:00-03:00 Copyright (c) 2024 Juliene Marques https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/70393 Epistemofagia 2023-08-21T16:06:37-03:00 Bruno Gonçalves Borges bruno_borges@ufcat.edu.br Antônio Fernandes Júnior tonyfer@uol.com.br <p>Em 1986, Gilles Deleuze publica <em>Foucault</em>. Não parece ser um livro homenagem. Mais do que isso, constitui-se um testemunho da influência ou o registro de um movimento de fluxo e contrafluxo com o pensamento de Michel Foucault na elaboração dos conceitos deleuzianos. Apesar de a referida obra circular no Brasil desde 1988 com tradução local, nos últimos anos ganhou destaque a publicação de <em>Michel Foucault: as formações históricas, </em>tradução dos cursos ministrados por Deleuze que constituem a segunda parte de <em>Foucault</em>. Mas, o que essa nova publicação traz de expectativa? Será ela uma amostra daquilo que todo/a autor/a um dia pode se deparar: (re)dizer o dito, fazer uma (re)leitura sob outras condições (ou até formações)? É nisso que concentrou nosso esforço, pois enxergamos alguns procedimentos que, potencialmente, contribuem para o entendimento do (re)dizer nas suas variadas modulações. Em síntese, esse conjunto procedimental alimentou uma leitura comparada entre os diferentes materiais analisados, de modo que é possível apreender os movimentos operados por Deleuze e como eles exigem uma sensibilidade por parte do leitor e, que, aqui, desdobramos em atos: de escrevinhar e escriturar, e procedimentos: de decupagem e bricolagem da escritura.</p> 2023-12-29T00:00:00-03:00 Copyright (c) 2024 Bruno Gonçalves Borges, Antônio Fernandes Júnior https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/72329 Sumário 2024-01-31T14:58:21-03:00 Israel de Sá israeldesa@gmail.com 2023-12-29T00:00:00-03:00 Copyright (c) 2024 Israel https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/70224 A histeria como materialidade e subversão 2023-11-06T15:06:19-03:00 Kamila Caetano Almeida kamilacaetanoalmeida@gmail.com <p>A partir da interlocução entre textos de Michel Foucault, teorias de desconstrução do sujeito que problematizam as teorias clássicas da Psicanálise e a discussão de gênero e performatividade estabelecida por Judith Butler, este ensaio tem por objetivo produzir uma tentativa de cartografia do sofrimento corpóreo e psíquico nomeado por Fibromialgia, síndrome considerada uma histeria contemporânea que predominantemente acomete mulheres na atualidade, de modo a mapear agenciamentos e produções discursivas relativos a um tipo de manifestação que muito tem a dizer sobre as expectativas sociais aplicadas a um determinado tipo de feminilidade. Os processos de subjetivação podem ter sua enunciação inscrita no corpo – seja por processos psíquicos ou de medicalização –, por isso se faz necessário tentar abarcar nesta discussão a inextrincável relação entre poder, discurso e materialidade. O texto sugere uma revisão subversiva da expressão <em>histeria</em> e seus termos derivados, para, enfim, propor uma nova conotação de uso e sentido ao vocábulo que possa indexicalizar para formações discursivas e subjetividades em devir.</p> 2023-12-29T00:00:00-03:00 Copyright (c) 2024 Kamila Caetano Almeida https://seer.ufu.br/index.php/RevistaHeterotopica/article/view/70288 O político em apagamento, evidência e atenuação 2023-11-13T10:07:52-03:00 Marcus Menezes marcusvamenezes@gmail.com <p>Neste ensaio, tomo como <em>corpus</em> duas cartilhas que tematizam a COVID-19 para as pessoas LGBT+, a saber <em>Saúde LGBT em tempos de pandemia de COVID-19</em> (2020), produzida pela Secretaria Municipal da Saúde de Salvador, e <em>Já sabe o que fazer para se proteger do novo coronavírus? Se liga</em> (2020), produzida pelo extinto Ministério da Mulher, da Família e dos Diretos Humanos. Com base na Análise de Discurso materialista, o objetivo do presente texto é compreender como a racialidade atravessa as discursividades das cartilhas que não tratam sobre raça, mas sim gênero, sexualidade e saúde, por efeitos do silenciamento, da contradição, da metáfora, da paráfrase, da paródia etc. (MODESTO, 2021). Os gestos de análises indicam uma individua(liza)ção do sujeito pelo Estado como responsável pela saúde e como sujeito de direitos e deveres (ORLANDI, 2013). Há, em certa medida, um apagamento das relações de raça, classe e gênero. Contudo, há uma contradição: ora se apaga, ora se evidencia questões de classe. A análise aponta que, quando classe está na ordem da explicitude, a raça está sempre na ordem da implicitude. Por fim, há também um jogo de sentidos que atenuam (e apagam) as questões de raça, classe e gênero nas cartilhas.</p> 2023-12-29T00:00:00-03:00 Copyright (c) 2024 Marcus Menezes