Obutchénie. Revista de Didática e Psicologia Pedagógica

Movimento lógico-histórico dos conceitos: formação de professores, ensino e pesquisas

Marisa da Silva Dias — 2024-09-24

O objetivo do texto é apresentar o segundo dossiê sobre o “Movimento lógico-histórico dos conceitos: formação de professores, ensino e pesquisas”. Em sua maioria, os autores em seus artigos exploram o movimento lógico-histórico de conceitos matemáticos para organizar o ensino e/ou promover processos de formação continuada de professores que superem as formas de ensino da didática tradicional. Para tanto, percebe-se a necessidade de resgatar bases históricas do conhecimento matemático e em alguns casos são adotados os pressupostos da Atividade Orientadora de Ensino, para elaboração de situações de ensino para estudantes ou para o processo de formativo de professores que se aproximem de situações desencadeadoras de aprendizagem.

O movimento lógico-histórico do conceito de pensamento computacional

Eloisa Rosotti Navarro Navarro — 2024-09-24

Este trabalho apresenta o movimento lógico-histórico do conceito de pensamento computacional (PC) para a educação matemática. Abordar-se-á de forma cronológica (histórica) e lógica o uso do termo na educação matemática. A partir desse movimento, explicitar-se-á o desenvolvimento do conceito de pensamento computacional para a educação matemática, compreendendo que não se trata apenas de linguagem de programação ou uso do computador (máquina), mas que o desenvolvimento desse pensamento pode contribuir com o desenvolvimento de conceitos matemáticos relacionados ao pensamento algébrico e ao pensamento algorítmico.

O Movimento Histórico das Contribuições da Teoria da Extensão de Grassmann para a Álgebra Linear

Julia Santana Garcia Borges — 2024-09-24

Hermann Grassmann foi um alemão do século XIX que estabeleceu os marcos iniciais para o surgimento da Álgebra Linear, um campo da Matemática que oferece recursos básicos para o desenvolvimento de várias subáreas da Matemática e de outras áreas do conhecimento, como Engenharias e Física, por exemplo. Assim, este artigo visa apresentar uma biografia deste autor, destacando duas de suas obras que registram seus feitos para este campo. Constitui-se de uma pesquisa bibliográfica com análise qualitativa dos dados pautada nos fundamentos do movimento lógico-histórico do objeto, possibilitando uma análise histórica, cultural e social, visando responder à seguinte questão-problema: quais foram as contribuições de Grassmann para o desenvolvimento da Álgebra Linear que o levou a ser considerado o criador desse campo de estudos? Conclui-se que Grassmann lançou as primeiras ideias sobre muitos conceitos que hoje constituem a Álgebra Linear, como espaços vetoriais -dimensionais, transformação linear e outros, sendo, então, considerado por muitos, o criador da Álgebra Linear.

Movimento lógico-histórico do conceito de poliedro: o processo de elaboração e desenvolvimento de uma sequência didática nos anos finais do Ensino Fundamental

Wilson Francisco da Rocha Lima — 2024-09-24

Este artigo aborda o processo de ensino do conceito de poliedro nos anos finais do Ensino Fundamental. Nos materiais disponíveis para o ensino, o conceito aparece em situações que se encerram dentro da própria Geometria e que podem ser resolvidas de forma mecânica. Nesse contexto, utilizamos como metodologia a Engenharia Didática para elaborar e analisar o processo de criação e desenvolvimento de uma sequência didática que considera a evolução histórica do conceito, por meio de seu movimento lógico-histórico, assim como os processos cognitivos envolvidos na aprendizagem de conceitos geométricos. O objetivo é oferecer um ensino de Matemática que promova ampla compreensão desta ciência. O movimento lógico-histórico do conceito de poliedro auxiliou no entendimento da Matemática como ciência desenvolvida por seres humanos e em constante transformação. A utilização de materiais concretos permitiu a manipulação e visualização de objetos tridimensionais e facilitou a assimilação do conceito. A organização proposta pela metodologia adotada foi eficaz na busca pelos objetivos estipulados, mas ao segmentar as fases de planejamento e experimentação das atividades, esta abordagem deixa pouco espaço para a imprevisibilidade.

O movimento lógico-histórico na educação infantil: perspectivas para o ensino de Matemática

Camila Fernanda Biolcatti Viviani — 2024-09-24

Este artigo tem como objetivo discutir sobre o ensino de Matemática na educação infantil com base no movimento lógico-histórico, a partir da fundamentação teórica do Materialismo Histórico-Dialético e da Teoria Histórico-Cultural. Defende-se que o ensino de Matemática seja intencionalmente planejado pelo professor na perspectiva do pensamento teórico dialético desde a educação infantil. Destarte, o pensamento conceitual e científico é a base das neoformações e do processo de aprendizagem. O conceito é produto das necessidades sociais, sendo, assim, direcionado por um motivo. Apresenta-se a Atividade Orientadora de Ensino como base teórico-metodológica para a formação do pensamento conceitual nos processos de ensino e aprendizagem e as Situações Desencadeadoras de Aprendizagem como recurso para sistematizar um problema desencadeador da aprendizagem de determinado conceito. Este artigo é resultado de uma pesquisa teórico-bibliográfica, fundamentada no movimento logico-histórico. Nesta perspectiva, apresentamos as Situações Desencadeadoras de Aprendizagem como possibilidades para o trabalho docente, propondo, como exemplo, uma atividade baseada na história virtual do conceito. Espera-se ter contribuído para a defesa do ensino desenvolvente na educação infantil e da importância da aprendizagem no desenvolvimento do psiquismo humano.

A relação forma e conteúdo dos nexos conceituais de contagem em aulas online para crianças de 1º ano do Ensino Fundamental

Patrícia Pereira — 2024-09-24

Esse artigo é decorrente de uma pesquisa de doutorado fundamentada teórica e metodologicamente pelo paradigma materialista histórico-dialético, cujo objetivo foi analisar a relação forma e conteúdo dos nexos conceituais de contagem (senso numérico, correspondência um-a-um, sequência/ordenação, agrupamento). Para a construção das informações foram assistidas e analisadas aulas online de matemática transmitidas pelo Centro de Mídias Educação Infantil e Anos Inicias (CMSPi), durante a pandemia, para crianças matriculadas nas séries iniciais, do Ensino Fundamental na rede Estadual de São Paulo, de forma a compreender como e quais nexos conceituais de contagem são apresentados, identificando a relação forma e conteúdo desses nexos. Os resultados apresentados mostraram que as aulas online priorizaram a forma por meio do uso de materiais concretos manipuláveis, como tampinhas, fichas e palitos, com destaque para os elementos perceptíveis do conceito que se manifestam nas cores dos objetos e representações numéricas. O conceito de contagem fica restrito à indicação pelas crianças dos objetos a partir da correspondência um a um com os dedinhos seguido da representação das quantidades pelos símbolos numéricos que se apresentam na base numérica dez.

A lógica do pensamento e a lógica matemática: uma análise epistemológica a partir do estudo do movimento lógico-histórico do conceito de medida

Alan Kardec Carvalho Sarmento — 2024-09-24

O presente artigo tem como objetivo discutir a problemática da consistência da matemática no contexto da lógica formal e sua relação com a lógica do pensamento, relacionado com o desenvolvimento Lógico-Histórico do conceito de medida como forma de materialização da tese segundo a qual a lógica da matemática, enquanto lógica do pensamento, não apenas engloba a lógica formal, mas a supera, à medida que considera o conteúdo cultural e social dos conceitos matemáticos e as condições originárias deles, que os trouxeram ao mundo concreto, o que é indispensável para uma investigação baseada no movimento Lógico-Histórico. A metodologia consistiu em uma revisão bibliográfica, a partir da qual, foi possível realizar uma análise histórico-epistemológica, relacionando a lógica matemática, a lógica formal no contexto da lógica do pensamento para elaborar uma síntese histórica que engloba a origem, os fundamentos matemáticos e o conteúdo social subjacentes ao conceito de medida, buscando elementos epistemológicos que possibilitem elucidar o processo de construção das medidas. De modo geral, os resultados dão suporte à principal tese defendida nesse artigo. Além disso, corrobora com a tese de Kopnin (1978), pela a qual a lógica fundamental do pensamento se dirige em ascensão do simples ao concreto, do inferior ao superior, que reflete as leis que determinam o desenvolvimento do conceito no mundo objetivo.

Movimento lógico-histórico dos conceitos de Área e Perímetro

Bruno Tizzo Borba — 2024-09-24

Neste artigo, recorte de uma tese, temos como objetivo apresentar um estudo do movimento lógico-histórico dos conceitos de área e perímetro, destacando-se os nexos conceituais evidenciados em historiografias estudadas. Para tanto, buscou-se na literatura autores que se fundamentam nos pressupostos do Materialismo Histórico-Dialético, bem como necessidades de grupos distintos e suas diversas práticas culturais. Os resultados indicam que os conceitos de área e perímetro são mais amplos do que os nexos externos tratados nas escolas da Educação Básica, como o cálculo de perímetro e de área por meio de fórmulas e representações das formas geométricas.

Movimento lógico-histórico e a proposta formativa do Clube de Matemática: um olhar a partir da organização do ensino do conceito de número

Lukas Adriel Francisco Alves — 2024-09-24

Este artigo tem como objetivo principal investigar como uma situação desencadeadora de aprendizagem acerca do conceito de número contribuiu para o entendimento do movimento lógico-histórico, como proposta para a organização do ensino de conceitos matemáticos. O Clube de Matemática da Universidade Estadual de Goiás, Campus Sudoeste, Sede Quirinópolis, foi o espaço formativo que abrigou as ações da pesquisa. Nesse contexto, durante o período de 2017 a 2023, aproximadamente trinta professores de Matemática em formação participaram de um experimento formativo que buscou respostas a seguinte questão problematizadora: Quais são as contribuições formativas que a organização do ensino de conceitos matemáticos ofertada pelo Clube de Matemática, a partir do movimento lógico-histórico, pode trazer a professores de Matemática em formação inicial? Os resultados dão indícios de que os sujeitos compreenderam os conceitos matemáticos como produções humanas que materializam respostas às necessidades postas na realidade objetiva. Também indicam a necessidade de professores e de alunos terem a oportunidade de aprender os conceitos matemáticos a partir de um modelo geral de ações que privilegie o movimento lógico-histórico.

Um movimento lógico-histórico de geometria e ações formativas em um Clube de Matemática

Organdi Mongin Rovetta — 2024-09-24

O texto tem por objetivo compartilhar resultados de um estudo do movimento lógico-histórico sobre geometria e evidenciar contribuições para os processos formativos de professores em uma perspectiva coletiva. A referida formação é realizada no Clube de Matemática do Instituto Federal do Espírito Santo e a investigação desse processo é desenvolvida em uma pesquisa de doutorado, que tem como fundamentação teórico-metodológica a Teoria Histórico-Cultural, a Teoria da Atividade e a Atividade Orientadora de Ensino. Com base nesses pressupostos, a formação docente é compreendida como um processo social, dialógico e marcado pelas necessidades e demandas do trabalho pedagógico, sintetizando debates e ações que envolvam a atividade de ensino, atividade principal do professor. Destaca-se que o movimento formativo no Clube de Matemática parte da necessidade de os participantes se apropriarem de conhecimentos historicamente acumulados, ao estudarem um movimento lógico-histórico dos conceitos, neste caso específico, de geometria. O estudo evidencia a geometria como produção humana, e, para abordar seu desenvolvimento numa perspectiva lógico-histórica, faz-se necessário discutir sobre a relação homem x natureza, chamando a atenção para os processos de trabalho e produção de instrumentos, pois os processos de percepção da forma, de localização e de deslocamento no espaço vão modificando-se com a relação homem x trabalho. Além disso, destaca-se que o estudo teórico no processo formativo coletivo possibilita compreender novas formas de organizar o ensino, abordando a geometria mediante a percepção das formas, identificação de figuras, comunicação de suas propriedades, diferentes representações e estabelecendo uma organização de ações no processo formativo de maneira intencional.

Enseñar a definir conceptos: Una alternativa para el Desarrollo del Pensamiento

Ramón F. Ferreiro Gravié — 2024-09-24

Este artículo presenta una técnica validada para la definición de conceptos escolares, académicos y de investigación aplicada, para los estudiantes de formación doctoral de nuestra Universidad, que además de hacer suyas o valorar críticamente las definiciones de autores expertos deben ser capaces de expresar su posición teórica en modo “definición de conceptos”, de los términos claves de su tesis de grado y asignaciones parciales. La “técnica RFG de los tres colores” se inspira en el ideario entre otros lideres científicos, de Hegel, Vygotsky, Davydov, Bruner y Wittgenstein; y constituye un recurso útil para la formación del pensamiento crítico y la argumentación científica.

Psicologia Histórico Cultural no Ensino Superior: tecendo contribuições

Camila Trindade — 2024-07-19

From the 1960s onwards, considering the University Reform, it is possible to observe in Brazil the intensification of the movement for the construction of higher education that was aligned with the issues of the national development. Such development, according to Fávero (2006), was based on the perspective of economic expansion, via the industrialization process. In this sense, formal education in general, especially higher education, both in terms of its structure and content, is increasingly being discussed by government sectors. It should also be added the fact that student mobilization, especially in 1968, played an important role in questioning the contradictions constituted in the context of higher education (FÁVERO, 2006).

Desafios à formação da consciência comunista no ensino superior: pensamento teórico e vontade de realização prática

Angelo Antonio Abrantes — 2024-07-19

O artigo objetiva apresentar as contribuições da Pedagogia Histórico-Crítica e da Psicologia Histórico Cultural ao trabalho educativo no ensino superior a partir das relações entre ensino, aprendizagem e desenvolvimento humano. Compreende-se que se a Pedagogia norteia a seleção de conteúdos e procedimentos didáticos, a Psicologia revela quem é concretamente o destinatário que se apropriará dos conteúdos, por meio dos procedimentos de ensino. A discussão baseia-se em dois movimentos de análise interligados; o primeiro focaliza o professor e sua atividade de ensino em sua dimensão político-pedagógica; o segundo focaliza o estudante pondo em destaque a formação da consciência, que se dá pelo movimento de apreensão das múltiplas determinações da realidade social, por meio da apropriação dos sistemas teórico-conceituais, destacando a atividade coletiva de estudo, pesquisa e intervenção nos âmbitos do ensino superior. Em ambos, docentes e discentes, a formação da “consciência revolucionária” em sua dimensão psicológica somente pode ser conhecida concretamente pela unidade entre consciência social e consciência pessoal. Por isso defende-se que a educação superior necessita dar condições para que o estudante não apenas se aproprie de teorias explicativas sobre os objetos estudados, mas experimente a sua utilização a partir da incorporação dos sistemas conceituais, mobilizando teoricamente os processos psíquicos na decifração e intervenção na realidade.

Docência universitária e aprendizagem de estudantes monitores de engenharia

Walêska Dayse Dias de Sousa — 2024-07-19

Pesquisa com o objetivo de analisar processos de aprendizagem que são desenvolvidos por estudantes monitores de cálculo e geometria analítica de cursos de engenharia e como esses processos podem potencializar a constituição da docência universitária na perspectiva da teoria histórico-cultural. Os dados foram produzidos por meio da aplicação de questionários aos estudantes. As análises indicaram que os monitores reproduzem os mesmos modelos de aula de seus professores, que a principal metodologia utilizada ainda é a resolução de exercícios, que as escolhas didáticas, tanto de professores quanto de monitores não são fundamentadas e não promovem a compreensão conceitual. Também é analisada fragilidade na integração entre Educação Básica e Superior, não consideração de fatores subjetivos que interferem na aprendizagem, além de ausência de diagnósticos para potencializar o planejamento de ensino. Todos esses fatores prejudicam o desenvolvimento de professores e estudantes. A pesquisa propõe que sejam criados espaços formativos adequados à aprendizagem e à didática desenvolvimental, bem como maior valorização da monitoria.

“O possível dentro do impossível”: sentidos atribuídos por professores/as universitários/as relacionados ao ensino remoto emergencial

Maria Fernanda Diogo — 2024-07-19

O estudo objetivou compreender os sentidos atribuídos ao ensino remoto emergencial (ERE) por professores/as universitários/as. A coleta de dados utilizou questionários online aplicados a época em que as instituições de ensino superior debatiam a implementação ou viviam as primeiras experiências do ERE. Utilizando núcleos de significação, a análise buscou apreender o movimento dos/as docentes com relação ao objeto de estudo, aproximando-se das zonas de sentido presentes nos relatos e revelando suas determinações. Foi possível perceber que, naquele momento, os/as professores/as ainda não tinham internalizado formas de ensinar e avaliar as aprendizagens no novo formato e, em sua maioria, atribuíram o sentido de desconforto à experiência, indicando redução ou ausência de uma ou mais condições para que a docência e a aprendizagem fossem efetivas. O único sentido de bem-estar encontrado foi o de cuidar da saúde coletiva (sua e dos demais). O maior volume de respostas associou o ERE à perda de referências; ao despreparo pedagógico; à intensificação e sobrecarga de trabalho; às condições objetivas (sociais, tecnológicas ou de acesso) inapropriadas ou inexistentes, sobretudo para os/as estudantes; e às (im)possibilidades pedagógicas, descrevendo-o como um modelo intensificador de desigualdades, que poderia potencializar a precarização e a evasão no ensino superior, mas, por outro lado, considerando-o a única alternativa possível para a manutenção de vínculos com os/as estudantes. Um número reduzido de docentes sugeriu o sentido de desafio e aprendizagem, associando o ERE à modernização da docência e ao aprendizado de novas habilidades.

Mediações pedagógicas no ensino remoto: percepção dos estudantes na formação de psicólogos durante a pandemia do COVID-19

Herculano Ricardo Campos — 2024-07-19

O contexto da pandemia da Covid-19 alterou o modo como, até então, os psicólogos e todos os demais estudantes vinham sendo formados, desde a educação básica até o ensino superior. O presente estudo objetiva compartilhar dados de uma pesquisa realizada com graduandos de psicologia, de quatro universidades, sendo três da região Nordeste e uma da região Sul, acerca do ensino remoto, durante a pandemia do COVID-19. O estudo se fundamenta em alguns pressupostos da psicologia histórico-cultural. Trata-se de uma pesquisa que se propõe descritiva e explicativa e que contou com a participação de 39 estudantes de psicologia, abordados por meio de um questionário online, no ano de 2021. Os resultados revelaram alguns entraves ao processo de formação, tais como sofrimento decorrente do contexto da pandemia, relações superficiais entre estudantes e destes com os professores, falta de acesso à tecnologia da comunicação e informação e frustração pela forma de ensino a que eram submetidos. Finalmente, essa experiência de ensino remoto revela a inconsistência de propostas de ensino que careçam da relação próxima entre os participantes do processo educativo: professores e estudantes. A pesquisa evidenciou que as superficiais mediações pedagógicas desenvolvidas no contexto do ensino remoto podem ter comprometido o desenvolvimento de todas as pessoas que delas participaram.

EsperançArte – uma proposta da Psicologia Escolar para o Ensino Superior

Silvia Maria Cintra da Silva — 2024-07-19

Em estreita e profícua interlocução com a Educação, a Psicologia Escolar e Educacional tem adentrado o campo do Ensino Superior, notadamente neste século. Neste artigo apresentamos uma proposta de Estágio em Psicologia Escolar, com a participação de estagiárias/os dos cursos de graduação em Pedagogia e Psicologia de uma universidade pública. O projeto, intitulado de EsperançArte, é voltado a ingressantes e propõe encontros permeados pela Arte, em que se discute a entrada na Universidade, a vida universitária, o compromisso social da profissão e outras temáticas relacionadas a esse momento. Fundamentado na Psicologia Histórico-Cultural e na Psicologia Escolar em uma vertente crítica, essa proposta mostra-se como uma alternativa para o enfrentamento à evasão, a atenção e o cuidado com a permanência e a conclusão do curso, considerando-se as condições de alienação e as contradições postas pela sociedade capitalista e vivenciadas pelas/os universitárias/os em seu cotidiano.

Desnaturalizando o fracasso no Ensino Superior: debatendo acerca da atividade de estudo profissionalizante

Camila Trindade — 2024-07-19

Ao discutir sobre a formação da atividade de estudo profissionalizante de acadêmicos, este manuscrito almeja contribuir com o desenvolvimento de compreensões e práticas que buscam desnaturalizar o dito fracasso escolar no ensino superior. Para tanto, discute-se a relevância da unidade aprendizagem e desenvolvimento humano para a formação dos jovens adultos, especialmente dos acadêmicos. A partir disso, destaca-se a importância do desvelamento da estruturação da atividade de estudo profissionalizante no ensino superior, sobretudo suas possibilidades e limites. Por fim, enfatiza-se a importância de compreender a questão do dito fracasso escolar no ensino superior a partir de uma perspectiva histórica. Esse movimento aponta para a necessidade histórica da construção de compreensões e intervenções nas contradições que estão surgindo no ensino superior brasileiro para além do lugar comum da naturalização ou biologização dos acadêmicos.

Inclusão na Educação Superior: do que estamos falando?

Solange Pereira Marques Rossato — 2024-07-19

Objetiva-se discutir a Educação Superior ante os desafios da educação inclusiva, em suas correlações com uma psicologia crítica, firmada no compromisso ético e político com o desenvolvimento da genericidade em todos os sujeitos. Para tanto, elege-se a Psicologia Histórico-Cultural, que defende que a constituição e o desenvolvimento da consciência e do psiquismo humano são de natureza social e cultural. A Educação Superior, apesar das contradições ensejadas no modo de produção capitalista e no sistema meritocrático de ensino, precisa cada vez mais caminhar para a valorização e legitimidade da diversidade e inclusão de todos, buscando atender suas especificidades de ensino e aprendizagem. Conclui-se que a Psicologia pode contribuir para a compreensão e reflexão da educação inclusiva na Educação Superior, em sua complexidade, na sua função mediadora de apropriação da experiência acumulada do gênero humano e para a formação da consciência das pessoas com ou sem deficiência, na constituição da forte noção de pertencimento à coletividade e em direção da transformação da realidade.

El desarrollo de la personalidad desde la educación inclusiva

Yolanda Rosas Rivera — 2024-07-19

El objetivo de este artículo es reflexionar el desarrollo de la personalidad en el estudiante de educación superior, mediante el análisis cualitativo de experiencias pedagógicas. La teoría de referencia es la propuesta de Vygotski. Participaron 26 estudiantes de tercer semestre de educación superior. El análisis realizado fue a partir de la composición de un texto sobre la evaluación de un curso. Los resultados muestran que los estudiantes identifican un motivo cognoscitivo y social, y un motivo hacia el conocimiento de sus compañeros. Se concluye que la educación inclusiva puede ser el contenido que oriente el desarrollo de motivos de la personalidad en la educación superior.

Os processos dialógicos na concepção do projeto de investigação científica em línguas

José Marra — 2024-07-19

A construção de qualquer texto implica a assunção do posicionamento do enunciador que orienta a constituição dos enunciados. Ainda assim, os enunciados realizam-se sob o empreendimento dialógico da língua como seu princípio constitutivo e de ação. O presente artigo objetiva analisar as relações dialógicas entre o conteúdo dos projetos de investigação dos estudantes da língua portuguesa e os respetivos quadros teóricos, considerando a teoria histórico-cultural como sua base epistemológica e as noções de discurso e de texto de Dominique Maingueneau e Mikhael Bakhtin, respetivamente. A metodologia utilizada foi de caracter interpretativo, baseada na qualidade dos nexos de sentido instituídos na relação do investigador com os dados (partes de textos extraídos para a análise). O artigo conclui que os processamentos dialógicos que os estudantes de línguas empreendem na construção do quadro teórico de suas pesquisas resultam maioritariamente de citações diretas às quais ficam subordinadas todas as estratégias argumentativas do texto.

Teoria da aprendizagem desenvolvimental (TAD): diálogo com José Carlos Libâneo

José Carlos Libâneo — 2024-07-26

A entrevista estabelece e aborda, a partir de um conjunto de dezesseis perguntas, os principais momentos no desenvolvimento acadêmico, pessoal, profissional, intelectual e político de um dos educadores, pedagogos e didatas mais relevantes da segunda metade do século XX e primeiras duas décadas do século XXI. José Carlos Libâneo (1945-) é responsável por uma obra vasta e sólida que é de domínio nacional e internacional, sobretudo seu livro Didática (1990), considerado na lista dos mais citados na área educacional. Intelectual politicamente engajado com a formação dos filhos das camadas mais pobres em favor de uma escola pública de qualidade, com a aprendizagem de conteúdos científicos vinculados às condições históricas e sociais concretas de vida dos alunos, Libâneo é um exemplo para as novas gerações.

Formação de habilidades em Modelagem Matemática fundamentada no sistema didático Galperin, Talízina, Majmutov para licenciandos em Matemática.

Yachiko Nascimento Wakiyama — 2024-07-19

O presente texto apresenta, nos limites do resumo, os resultados do trabalho de doutoramento que trata da formação das habilidades requeridas no processo de modelagem matemática para licenciandos de Matemática da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Da violência que estrutura a sociedade ao comportamento violento: contribuições da Teoria Histórico-Cultural

Mariana Lins e Silva Costa — 2024-11-11

A pesquisa aqui apresentada decorre e continua as investigações empreendidas na dissertação de mestrado concluída no ano de 2014.

O conceito de perejivanie na Teoria Histórico-Cultural de L. S. Vigotski

Ana Lucia Werneck Veiga — 2024-06-25

O texto que se apresenta traz um recorte de pesquisa maior intitulada "Cartografando o conceito de Perejivanie nas produções acadêmicas brasileiras", sendo desenvolvida junto ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Geografia da Infância – GRUPEGI/CNPQ, pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense, sob a coordenação do Prof. Dr. Jader Janer Moreira Lopes. Tal recorte é uma incursão na literatura relacionada à Teoria Histórico-cultural, mais especificamente quanto ao conceito de “vivência” (em russo perejivanie), termo ressignificado pelas novas traduções de alguns textos do bielorusso Lev Semionovich Vigotski. Algumas produções que marcaram o estudo desse conceito foram recuperadas e analisadas, o objetivo foi verificar a que outros conceitos o termo “vivência” tem sido relacionado de modo a configurar seu desenvolvimento histórico, notadamente, no contexto brasileiro. Leituras, releituras, sínteses e organização dos dados em pesquisa bibliográfica permitiram a apresentação do tema nas seguintes partes: 1) palavras introdutórias acerca de obras brasileiras, 2) as duas traduções para a Quarta Aula, de L. S. Vigotski, que compõem as Sete Aulas proferidas pelo autor ao final da vida e onde menciona diretamente o conceito de “vivência”, 3) leis estipuladas pelo próprio Vigotski em sua teoria e método e 4) as noções de “vivência” defendidas por autores russos contemporâneos. Tal levantamento evidenciou que o conceito vem sofrendo transformações, ampliando o entendimento acerca da criança em desenvolvimento e com potencialidades de (re)formulação dos currículos de formação inicial e continuada de professores.

A Didática Histórico-Crítica (marxista) no Brasil: reflexões sob a ótica dos autores Tomaschewsky (1966) e Zayas (1999)

Gracieda dos Santos Araújo — 2024-06-25

Este artigo analisa os fundamentos da Didática Histórico-Crítica, desenvolvidos pelos teóricos marxistas da Pedagogia Histórico-Crítica (PHC) no Brasil, em comparação com as concepções teóricas de dois autores internacionais, Tomaschewsky (1966) e Zayas (1999). Toda a investigação é orientada pelo seguinte problema: em que medida a Didática Histórico-Crítica, como parte da proposta pedagógica de educação crítica e emancipadora, no Brasil, representa uma alternativa concreta ao processo de ensino-aprendizagem, desde os critérios teórico-metodológicos universais da didática materialista histórico-dialético? O método adotado como referencial para esta investigação se baseia no materialismo histórico-dialético. A metodologia utilizada trata-se de revisão bibliográfica. Para tanto, realizou-se a análise dos fundamentos centrais da Didática Histórico-Crítica, desde a concepção de Duarte (2001), Gasparin (2002), Gasparin e Petenucci (2014), Galvão et. al (2019) e Saviani (1995; 2002; 2008; 2011; 2013), localizando as divergências fundamentais destes autores, em relação ao pensamento dos autores internacionais, estudados nesta pesquisa. O resultado alcançado demonstra que, embora tome o pensamento de Marx e da Psicologia Histórico-Cultural como referência, a Didática Histórico-Crítica apresenta divergências importantes, com relação ao pensamento dos didáticos marxistas internacionais. Diante disso, se afirma a importância da Pedagogia Histórico-Crítica e da Didática Histórico-Crítica para a educação brasileira, enquanto uma visão teórico-metodológica crítica, desde que alinhada à perspectiva educacional universal, na ótica do proletariado.

Significações atribuídas por professores à formação continuada na pandemia

Luciana Miyano — 2024-06-25

Tendo como problemática as demandas para assegurar a continuidade dos processos educativos e o direito às aprendizagens de todos, este estudo buscou compreender as significações que os professores de uma escola pública da rede municipal de ensino de São Paulo atribuem às iniciativas de formação continuada realizadas em 2020 para a implementação do ensino remoto. Os dados foram coletados por meio de entrevistas. A análise ocorreu mediante o procedimento dos núcleos de significação, cujo embasamento teórico se dá nos estudos da psicologia histórico-cultural e com foco nas categorias sentido-significado e necessidades-motivos. Os resultados evidenciam os limites e as potencialidades do processo experenciado, mediante as condições objetivas e subjetivas de trabalho.

Desafios para a organização da atividade de estudo no contexto da formação de professores

Cárita Portilho de Lima — 2024-06-25

Com o objetivo de problematizar os desafios postos à efetivação da atividade de estudo no contexto do ensino superior público brasileiro, especialmente no âmbito das licenciaturas, o presente artigo organiza-se, do ponto de vista metodológico, como um ensaio teórico que se tece desde uma análise crítica construída a partir da história do ensino superior e da formação docente no Brasil. O caminho argumentativo proposto possui três pilares: considerações acerca do projeto político-social e educacional historicamente assumido pela universidade pública brasileira e o projeto necessário para uma formação inspirada nos princípios da psicologia histórico-cultural, referencial teórico-metodológico que sustenta o debate apresentado; reflexões sobre os problemas históricos da formação de professores no Brasil e a hegemonia privatista neste campo e, por fim, discussões a respeito dos limites que determinam as condições concretas de estudo de licenciandos considerando problemas no âmbito da permanência estudantil e saúde mental. A partir dessas chaves de análise, pretende-se defender a tese de que a potência crítica e revolucionária da psicologia histórico-cultural, expressa por meio de seu arcabouço teórico-metodológico, irá contribuir para o enfrentamento dos problemas educacionais brasileiros à medida em que partirmos de uma análise concreta das condições, problemas, contradições e desafios postos aos profissionais, famílias, estudantes, militantes e pesquisadores do campo da educação escolar de nosso país. Como síntese das conclusões alcançadas, vislumbra-se a necessidade de profundas mudanças no ensino universitário e na formação docente, principalmente no que se refere ao enfrentamento da lógica e ética privatista, elitista, pragmática e utilitarista que vêm, historicamente, hegemonizando esses campos.

La extensión en estudiantes de formación docente: un estudio de caso a partir de la Teoría de la Subjetividad

Rafael Gonzalez — 2024-07-19

A extensão oferece um espaço fértil para o processo de formação de professores. Esta pesquisa aborda a dimensão subjetiva da participação em ações de extensão por estudantes de licenciatura. O estudo foi realizado sob a perspectiva da Teoria da Subjetividade em uma perspectiva histórico-cultural de González Rey e de sua Metodologia Construtivo-Interpretativa. A partir de um estudo de caso, buscou-se compreender como se configura subjetivamente a participação de estudantes de licenciatura em ações de extensão, bem como possíveis recursos subjetivos que são gerados na participação nessas experiências. Conclui-se que o envolvimento de alunos em práticas de extensão que ocorrem em contextos comunitários gera mudanças subjetivas, que podem favorecer a aprendizagem da prática docente e a produção de recursos subjetivos.

O curso de graduação em Medicina como ambiente, fonte de desenvolvimento: quais são seus significados?

Clarisse Daminelli Borges Machado — 2024-07-19

Médicos-docentes são, entre outros atores institucionais, responsáveis pela formação técnica, ética e cognitiva dos estudantes de Medicina, transformando, assim, a docência médica em objeto de discussões ao longo das últimas décadas. As reflexões teóricas aqui apresentadas são desdobramentos de uma pesquisa de doutorado que se propôs a compreender a unidade “aprendizagem conduzindo ao desenvolvimento” dos estudantes de Medicina, por meio da atividade de ensino exercida pelos médicos-docentes, sob os aportes da Teoria Histórico-Cultural. Considerando o importante papel que estes desempenham na organização da relação mantida entre os estudantes e o conhecimento, nos diferentes ambientes de aprendizagem, se assevera que o ambiente tem papel decisivo no desenvolvimento de médicos-docentes assim como de estudantes, desde que, para tanto, seja reflexo de uma atmosfera científico-pedagógica compartilhada entre o curso de Medicina, os sujeitos nele inseridos e a Instituição de Ensino Superior. Se considera que tal atmosfera seja materializada no compartilhamento de ideais, na presença de uma intencionalidade pedagógica pautada em um campo teórico de base, pensada e desenvolvida de forma consciente e competentemente orientada para o desenvolvimento dos estudantes e, sobretudo, na atuação do conhecimento como mediador destas relações, transformando os diferentes espaços de aprendizagem em ambientes de desenvolvimento. Neste contexto é que se sustenta a importância do ambiente, enquanto fonte de desenvolvimento, nas relações dadas entre quem ensina e quem estuda.

O caráter coletivo da atividade de estudo: uma síntese a partir da Teoria Histórico-Cultural

Caio Cesar Portella Santos — 2024-09-28

A Atividade de Estudo (AE) tem sido objeto recorrente na literatura científica alicerçada à Teoria Histórico-Cultural. Contudo, observamos a necessidade de sistematizar discussões e produzir análises e sínteses que permitam a compreensão do caráter coletivo desta atividade, e este foi nosso objetivo neste trabalho. Assim, realizamos uma revisão na literatura científica sobre o tema e organizamos a discussão partindo de três pontos que fundamentam a concepção que defendemos e que justificam a relação do caráter coletivo com o desenvolvimento da atividade: 1) o caráter coletivo como premissa para o desenvolvimento da AE, partindo da concepção que, em essência, toda atividade constitui e é constituída historicamente a partir das relações sociais; 2) o caráter coletivo como meio para o desenvolvimento da AE, compreendendo que as ações do professor e da escola são fundamentais para sua formação e que atuar coletivamente junto a outras crianças pode contribuir para a formação de motivos e desenvolvimento de sentido para a aprendizagem; 3) o caráter coletivo como finalidade da AE, alicerçados à defesa de que a educação escolar tem papel central na construção da personalidade do indivíduo, de sua maneira de ver, pensar e se relacionar com o mundo com base em uma ética do coletivo. Defendemos, por fim, que a compreensão destes aspectos coletivos é fundamental para construção de práticas pedagógicas que objetivam o desenvolvimento da AE, visando formação de valores coletivistas e de sentido para apropriação dos conceitos científicos.

A relação entre o desenvolvimento do psiquismo humano e a educação escolar sob a ótica da Teoria Histórico-cultural

Ethyenne Goulart Oliveira — 2024-09-28

A partir da síntese do processo de apropriação teórico-conceitual dos pressupostos da Teoria Histórico-cultural, o objetivo deste trabalho é apresentar de forma sistemática os diálogos existentes entre as obras de Vygotski, Leontiev, Elkonin e Davidov em relação à periodização do desenvolvimento do psiquismo humano e à sua relação dialética com a educação escolar. Ressalta-se a importância em se dedicar esforços ao estudo e à compreensão dos conceitos centrais relacionados ao desenvolvimento das capacidades especificamente humanas, com base nesta teoria, como instrumento fundamental para o desenvolvimento de uma prática pedagógica que busque promover a plena realização das potencialidades humanas em todos os indivíduos.

Proposta didática para práticas com leitura literária nos Anos Iniciais: à luz da Teoria da Atividade de Estudo

Adrielly Rocateli Marestone — 2024-11-11

Este trabalho apresenta um recorte de pesquisa de Doutorado em Educação vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Londrina. Tem como objetivo geral oferecer subsídios para repensar a introdução de mudanças no contexto escolar e pensar em atividades de estudo nas práticas pedagógicas acerca da leitura literária compromissada com a melhoria do processo de ensino e de aprendizagem e para a formação de leitores. Apresenta-se como problema de pesquisa: Como a Teoria da Atividade de Estudo, por meio de uma proposição didática, contribui para práticas de leitura literária nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental? Com tratamento de dados qualitativos, alicerçados no Materialismo Histórico-Dialético e na Teoria Histórico Cultural. É imprescindível que professores conheçam a Teoria da Atividade de Estudo e reconheçam a possibilidade de organizar seus planos de aulas, desenvolvidos com base no diálogo, para que incluam a participação dos estudantes nas tomadas de decisões necessárias à condução das atividades em sala de aula.

Movimento lógico-histórico dos conceitos: fundamentos, ensino e pesquisas

Maria do Carmo de Sousa — 2024-07-19

Este texto tem como objetivo apresentar o primeiro dossiê: “Movimento lógico-histórico dos conceitos: fundamentos, ensino e pesquisas”, composto por textos de pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, tais como Educação, Educação Matemática e Psicologia. Os artigos mostram como os pesquisadores vêm se apropriando do movimento lógico-histórico na medida em que elaboram suas investigações. Constata-se que o par dialético lógico-histórico tem se configurado desde a forma de pensamento até a perspectiva Ontológica, Didática, Metodologia de Ensino e Metodologia de Pesquisa na formação de professores.

A ciência e suas três histórias

Roberto Perides Moisés — 2024-07-19

O processo de fragmentação da comunidade não é um fenômeno recente, produto das relações capitalistas, embora este seja seu primado. Um estudo detalhado e com um determinado viés, nos levará a um momento crucial da formação das comunidades, do humano e da ciência e de seu processo de fragmentação generalizada. A nosso ver, o esgotamento do capital tem oferecido oportunidades de refletirmos sobre projetos civilizatórios que se apresentam na atualidade, tornando evidentes elementos fundamentais que os constituíram. Neste percurso, propomos um debate inicial que pode tornar-se um importante viés na crítica do que temos entendido por Movimento Lógico-histórico. E, neste estado da arte, nem mesmo nossa certeza na compreensão que temos sobre número, numeral e algoritmo escaparão de uma revisão crítica.

Abordagem ontológica da relação entre o lógico e o histórico acerca do processo de conhecimento

Iuri Kieslarck Spacek — 2024-07-19

Kopnin (1978). A presente pesquisa, de natureza teórica, objetiva apresentar uma interpretação alternativa da relação entre o histórico e o lógico que adota como referência uma ontologia histórico-social. Para tanto, toma como referência e principal fonte de pesquisa a obra de maturidade de Lukács (2010, 2012, 2013). Isso porque o autor põe no centro do processo do conhecimento o objeto em sua multilateralidade. Tal postura conduz à necessidade de interpretações que não se reduzem a planos homogeneizadores, como é o caso da lógica. No que se refere à organização do ensino com vista à apropriação do pensamento teórico, essa interpretação contribui, pois aponta para a necessidade de especificação da função do conhecimento para a apropriação da realidade, assim como a sua particularidade. Por sua vez, tais aspectos emergem da análise desse conhecimento como produção histórica da humanidade que possui momentos de permanência na mudança.

O movimento lógico-histórico nas teses e dissertações: uma análise de conteúdo

Marisa da Silva Dias — 2024-07-19

O presente artigo tem como objetivo apresentar uma investigação exploratória acerca do movimento lógico-histórico em teses e dissertações. A metodologia adotada é de cunho bibliográfico, respaldada pela Análise de Conteúdo, e abrange tratamentos quantitativo e qualitativo dos resultados obtidos. As fases de pré-análise e exploração do material resultam em 74 produções que discorrem sobre o movimento lógico-histórico. A etapa de tratamento quantitativo organiza os dados considerando a instituição, o ano de defesa, a área do programa de pós-graduação e a temática abordada. Os resultados revelam a composição dos dados em 44 dissertações e 30 teses, sendo 62 pesquisas de origem em instituições públicas. Das 45 provenientes de programas de pós-graduação em educação, 31 envolvem o movimento lógico-histórico com o ensino-aprendizagem da matemática. A predominância na área de Educação Matemática direciona uma análise qualitativa sobre a abordagem do movimento lógico-histórico, oriunda do materialismo histórico e dialético. A exploração das 9 teses e 22 dissertações revela que 8 pesquisas tratam da Álgebra, 5 da Geometria, 5 de Medidas, 3 de números, 1 de Estatística e 1 de Análise. As demais referem-se ao ensino de conceitos matemáticos não específicos em diferentes níveis de escolaridade e formação de professores. A função mais frequente do movimento lógico-histórico é a abordagem historicizada do conceito matemático elencado na pesquisa em busca das origens, mudanças e influências. As análises das historiografias destacam a interação entre os aspectos lógicos e históricos no desenvolvimento dos conceitos, reconhecendo que não se pode separar a lógica da história para a compreensão do processo de conhecimento. A contribuição proferida por essas pesquisas reside no enriquecimento do ensino e da aprendizagem da matemática, na relação com o desenvolvimento do pensamento teórico e o desenvolvimento humano.

Uma possibilidade teórica e metodológica para pesquisas sobre ensino: organização por meio da categoria lógico e histórico

Anderson Gosmatti — 2024-07-19

Com referência em uma pesquisa acadêmica sobre metodologias ativas no ensino da Matemática na Educação Básica brasileira, é apresentada uma discussão sobre a categoria lógico e histórico e sua relação com a unidade de análise da pesquisa, a Atividade Pedagógica com fundamentos na Teoria da Atividade. São explicitados e explicados os movimentos de aproximação ao objeto de pesquisa e de aprofundamento teórico, metodológico e analítico, e as suas ações metodológicas. Destacam-se a definição de orientadores de análise, como relações essenciais da Atividade Pedagógica, e sua atuação como organizadores lógicos da pesquisa. O modo de desenvolvimento do estudo empreendido, produzido no processo da pesquisa, é tomado como um de seus resultados e proposto como uma contribuição à discussão de possibilidades para a pesquisa que pretende ser orientada pela categoria lógico e histórico, especificamente, na área do Ensino.

A organização do ensino de matemática em uma perspectiva histórico-cultural: considerações acerca do objeto da atividade de ensino para o desenvolvimento do pensamento teórico

José Antônio Araújo Andrade — 2024-07-19

Este artigo sistematiza uma parcela das atividades conduzidas pelo Grupo de Pesquisa em Práticas Pedagógicas orientadas pela Teoria Histórico-Cultural (PPTHC) da Universidade Federal de Lavras (UFLA), desde 2007. A partir da análise lógico-histórica do objeto da atividade de ensino, busca-se identificar elementos que fundamentem a intencionalidade do professor e potencializam a mobilização de elementos de mediação para orientar o planejamento das intervenções pedagógicas desenvolvidas no âmbito das pesquisas realizadas pelo grupo. Isso se manifesta especialmente na elaboração de situações de aprendizagem destinadas a desencadear processos de significação, visando suscitar a atividade de estudo e criar Zonas de possibilidades, que possam viabilizar a aprendizagem que, por sua vez, conduz ao desenvolvimento do pensamento, reflexo do movimento lógico-histórico estabelecido na constituição dos conceitos.

A natureza do conhecimento matemático e a dimensão histórica do conceito na organização do ensino para uma aprendizagem significativa

Ana Paula Gladcheff — 2024-07-19

Procuramos evidenciar neste artigo, a partir dos fundamentos da Teoria Histórico-Cultural e de resultados de nossas pesquisas, como uma situação de ensino organizada com base no movimento lógico-histórico do conceito viabiliza processos de aprendizagem significativa. Consideramos o conhecimento matemático como produto humanamente construído, resultado de práticas da vida social e que a criança, ao atribuir sentido às ideias compartilhadas em tais práticas, vai se apropriando de significados sociais construídos historicamente, aprende e se desenvolve estabelecendo relações e criando novas ideias. Decorrente de nossos estudos sobre os nexos conceituais do conceito de medida, os quais são definidos como elo entre os conceitos e que se encontram fixados pelo movimento lógico-histórico do conceito, desenvolvemos uma breve análise a partir de uma situação desencadeadora de aprendizagem desenvolvida com alunos da educação infantil para o trabalho com este conceito e pontuamos como as relações humanas mediadas pelos instrumentos culturais historicamente produzidos são imprescindíveis para que aprendizagens significativas ocorram desde o início da escolarização.

Implicações da análise do conteúdo de ensino em seu aspecto lógico-histórico para a definição de ações didáticas

Marta Sueli de Faria Sforni — 2024-07-19

Este ensaio visa apresentar como a análise do movimento lógico-histórico do conteúdo a ser ensinado instrumentaliza teoricamente o professor na definição das ações de ensino que visam o desenvolvimento do pensamento teórico dos estudantes. O manuscrito fundamenta-se na Lógica Dialética, na Teoria Histórico-Cultural e na Teoria do Ensino Desenvolvimental. Para a compreensão das implicações dessa análise na definição das ações de ensino, é apresentado, como exemplo, um exercício de análise do conteúdo mudanças de estado físico da água, do componente curricular Ciências da Natureza. A análise do movimento lógico-histórico permite identificar o que é nuclear para a compreensão do sistema conceitual objeto de ensino, bem como reconhecer os diversos objetos e fenômenos que podem ganhar inteligibilidade por meio da sua apropriação. Essa análise altera o modo de se conceber o conteúdo e a forma de ensino.

Diagnóstico do pensamento profissional docente como atividade orientadora. Contribuições do sistema teórico de P. Ya. Galperin

Isauro Beltrán Núñez — 2024-07-19

Neste artigo, apresenta-se e fundamenta-se uma experiência formativa para o diagnóstico do Pensamento Profissional Docente (PPD) sob a concepção do pensamento como atividade cognoscitiva da personalidade do professor e o método de seu estudo, de P. Ya. Galperin. Discute-se o significado do construto pensamento profissional docente, objeto do diagnóstico, na base de sua essência, sua estrutura e suas funções. O texto também trata da metodologia da experiência formativa, elaborada e testada experimentalmente, que permite o referido diagnóstico sob determinadas condições que demarcam possibilidades e limitações da experiência formativa. Os resultados apontam para uma contribuição teórico-metodológica aos estudos sobre o PPD como parte da formação e do desenvolvimento profissional de professores.

O Clube de Matemática e a Formação Docente para o Ensino Fundamental I: tecendo possibilidades

Maria Marta da Silva — 2024-07-19

A formação continuada do pedagogo para atuar no ensino de Matemática nas séries que compreendem o Ensino Fundamental I foi o foco da pesquisa que subsidiou esse artigo, cujo objetivo é investigar as ações de professoras em formação no Clube de Matemática que indiquem entendimento desse contexto como um espaço formativo. Conexo a esse objetivo, pretende-se encontrar respostas à seguinte questão: Como as professoras em formação no Clube de Matemática se apropriam de um modo de organização para o ensino e a aprendizagem da Matemática para séries finais do Ensino Fundamental I? Na busca por respostas de como essa apropriação ocorreu, foi organizado um experimento formativo com vinte e cinco professoras, o qual perdurou todo o ano letivo de 2022 e 2023. Tal experimento é posto aqui como caminho metodológico da pesquisa. A análise de dados possui como estrutura: unidade, episódio e flashes. Os resultados dão indícios de que as professoras compreendem o Clube como um ambiente formativo no qual o ensino e a aprendizagem do objeto do conhecimento podem ser organizados a partir da estrutura da Atividade Orientadora de Ensino, por meio da valorização do movimento lógico-histórico dos conceitos.

Movimento lógico-histórico do conceito e organização do ensino: contribuições para a formação de professores que ensinarão matemática

Maiara Luisa Klein — 2024-07-19

O presente artigo tem como objetivo refletir sobre o estudo do movimento lógico-histórico do conceito como propulsor de discussões sobre o ensino de matemática, decorrendo de um espaço de compartilhamento entre estudantes dos cursos de Licenciatura em Educação Especial, Matemática e Pedagogia. A discussão parte de uma pesquisa de Mestrado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFSM), a qual se desencadeou por meio de um Curso de Extensão intitulado “Medidas no Ensino Fundamental: o que se ensina na escola?”, com a participação de onze estudantes dos três cursos. A fundamentação teórica da pesquisa, pautada na Teoria Histórico-Cultural e na Teoria da Atividade, parte da compreensão da matemática como produto cultural e da premissa de que o processo de formar-se professor envolve a apropriação de conhecimentos distintos, inclusive o do movimento lógico-histórico de constituição dos conceitos que ensinará. As ações da pesquisa, pautadas nesse referencial, tiveram como intuito promover a compreensão dos conceitos envolvidos e desencadear a atividade de formação nos sujeitos que fizeram parte do espaço formativo. A partir da análise de uma cena que vai ao encontro do objetivo traçado, pudemos evidenciar que se constituir professor que ensinará matemática exige atividade de estudo acerca do movimento lógico-histórico de constituição dos conceitos que ensinará, o que pode resultar em novos sentidos atribuídos à formação, e possibilitar a organização de um ensino voltado ao desenvolvimento de seus alunos.

Desenvolvimento do pensamento algébrico de professores dos anos iniciais no contexto da formação continuada

Fernanda Cristina Ferreira Santos — 2024-07-19

As discussões sobre o ensino da álgebra nos anos iniciais do ensino Fundamental têm sido tema de pesquisas nas últimas décadas e se intensificaram nos últimos anos, sobretudo com a nova Base Nacional Comum Curricular. Investigações relacionadas à formação de professores que ensinam matemática nos anos iniciais tornam-se relevantes na medida em que o professor é o responsável pela organização do ensino, estando diretamente relacionado ao movimento de aprendizagem dos estudantes. Neste artigo, apresentamos o recorte de uma pesquisa, fundamentada na perspectiva Histórico-Cultural, que teve como objetivo investigar o desenvolvimento do pensamento algébrico de professores dos anos iniciais, considerando o pensamento algébrico como o pensamento teórico mediado por conceitos algébricos. Os aspectos metodológicos pautaram-se no materialismo histórico-dialético e a produção de dados se deu por meio de um experimento formativo organizado com base na Atividade Orientadora de Ensino, com Situações Desencadeadoras de Aprendizagem que considerassem o movimento lógico-histórico da álgebra, com vistas à aproximação da essência da álgebra e dos nexos conceituais algébricos. O recorte de análise traz cenas do movimento formativo de uma das professoras participantes do experimento, permitindo a identificação de possíveis superações no modo de a professora definir o que é álgebra, além de sua compreensão sobre a fluência, variação de grandezas, variável e campo de variação, num movimento do geral para particular, isto é, da busca de regras gerais que resolvam as situações particulares. Tais movimentos de aproximação dos nexos conceituais e da essência da álgebra pela professora remetem ao processo de desenvolvimento do pensamento algébrico.